Dólar e estoques ameaçam soja brasileira

Câmbio acima do registrado em 2018 e 28 milhões de toneladas armazenadas nos EUA são riscos para a safra gaúcha

Por Thiago Copetti

Este é um cenário para o qual devemos nos preparar, alerta Luz
O plantio da soja que será colhida em 2020 começa agora, com a compra dos insumos em um patamar cambial elevado como nunca. Assim como ocorreu no ciclo 2018/2019, a aquisição de sementes, adubos e defensivos está sendo feita com o dólar em alta, o que no ano passado já levou o setor a registrar a mais cara safra da história. Agora, além do dólar em patamar de R$ 4,18 neste início de setembro, ante R$ 4,12 do mesmo período de 2018 (e de R$ 3,13, em setembro de 2017), há um risco extra no horizonte.
Com a guerra comercial entre Estados Unidos e China tendo como reflexo o fim das compras de soja norte-americana pelo gigante asiático, os estoques da oleaginosa nos EUA alcançam hoje expressivos 28 milhões de toneladas. Se houver um acordo e essa quantidade de grãos for colocada no mercado, a cotação da oleaginosa pode cair significativamente e a produção brasileira perder espaço entre os compradores chineses. De acordo com o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, que ontem foi palestrante da reunião-almoço da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), esse é um risco que não pode ser desconsiderado e ao qual os produtores devem estar atentos.
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Palestra abordou os ganhos possíveis além do campo

Com o tema Pós Expointer, a reunião almoço da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) levou o economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antonio da Luz para falar, entre outros aspectos, sobre como os negócios realizados na feira de Esteio não ficam restritos ao campo. Isso porque, ao comprar uma maquina agrícola, por exemplo, os recursos podem estar irrigando indústrias da Região Metropolitana de Porto Alegre ou mesmo da própria Capital.
"O agronegócio é composto de muito mais do que o agricultor, que é um dos componentes do setor, formado por uma infinidade de industrias, comércio, serviços, fornecedores, concessionárias e revendas", explicou Luz.
Um exemplo da "urbanidade" da feira é faturamento do segmento de automóveis, que divulgou vendas e intenções de compras de veículos que somaram R$ 139,5 milhões durante a Expointer, direcionado recursos a concessionárias de diferentes cidades.
Para o presidente da ACPA, Paulo Afonso Pereira, porém, municípios do interior ainda precisam se articular melhor, juntamente com o setor privado, para que mais recursos da campo fiquem em cidades de menor porte.