Lixo vai gerar energia em usina de Panambi

Complexo carbonizará resíduos e usará como combustível termelétrico

Por Jefferson Klein

Resíduos passarão por desidratação dentro das leis ambientais
Uma destinação adequada para o lixo, com a dificuldade crescente para encontrar espaços para essa necessidade, é um dos maiores desafios dos poderes públicos atualmente. Uma aposta do Consórcio Intermunicipal Panambi-Condor (ferramenta criada na década de 1990 pelas duas cidades para dar encaminhamento aos seus resíduos) foi a contratação de uma empresa que utilizará o rejeito para a geração de energia elétrica, no município panambiense.
A companhia escolhida foi a Intrar Eco Energy, formada pela nordestina Usitrar e pela gaúcha Infinita Estrutura de Negócios. O sócio-diretor da Intrar Lori Giombelli explica que o processo tecnológico que será adotado é a carbonização (ou desidratação) dos resíduos sólidos urbanos. O lixo será submetido, dentro de um reator, a temperaturas de cerca de 800 graus Celsius. O procedimento não envolve oxigênio, sendo o material aquecido em ambiente fechado. O resultado dessa operação é a formação de uma espécie de carvão, com características mais próximas do carvão vegetal do que do mineral.
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A ideia é que a energia propiciada seja comercializada em leilão específico para a geração feita a partir de resíduos sólidos urbanos ou no mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a eletricidade). Além de lucrar com a energia, o complexo será remunerado por tonelagem de lixo recebida. Inicialmente, a perspectiva é de que a planta trabalhe, aproximadamente, com 240 toneladas a 260 toneladas de rejeitos ao dia. Esse volume será oriundo de Panambi e Condor, assim como de outros municípios da região. Giombelli diz que podem ser aproveitados para a carbonização resíduos orgânicos e inorgânicos, de preferência que não tenham possibilidade de serem reciclados. Hoje, esse lixo é destinado para aterros sanitários.
O empreendimento de desidratação de resíduos já conta com a licença ambiental prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambienta (Fepam), e Giombelli acredita que seja possível conquistar o licenciamento de instalação ainda neste ano. A partir do início das obras, a expectativa é que sejam necessários 12 meses para a conclusão da planta. Na operação do complexo, serão empregadas diretamente 41 pessoas e na construção, entre postos indiretos e diretos, mais 50 trabalhadores.
O prefeito de Panambi, Daniel Hinnah (PMDB), comenta que já faz cerca de oito anos que o município procura uma alternativa para uma nova destinação para o seu lixo urbano. O dirigente destaca que a cidade possui um aterro sanitário para fazer esse encaminhamento, porém a preocupação é o que fazer com esse espaço futuramente, quando chegar ao seu limite, além da questão dos custos de manutenção.

Município prevê renda e economia de despesas

Além da geração de ICMS com a produção de energia elétrica, a prefeitura de Panambi calcula que, com a nova destinação dos resíduos, será possível reduzir um custo anual de cerca de R$ 1,45 milhão, que é a despesa com a atual forma de encaminhamento do lixo.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Rafael Oliveira, detalha que o município e Condor não terão que desembolsar valores para implantação do complexo ou arcar com despesas do lixo encaminhado (porém outras cidades que ingressarem na iniciativa terão custos com os rejeitos enviados).
A prefeitura deverá contribuir com a doação de uma área de cerca de 14 hectares, próximo a BR-285, para sediar o complexo. Mais cerca de 30 municípios da região manifestaram interesse em destinar os seus resíduos para a nova usina.