Reunindo mais de 80 entidades, Pacto Alegre abre trabalhos com seis desafios

Mais de 80 entidades participarão da criação e execução de projetos

Por Guilherme Daroit

Representantes de universidades, empresas, governo e sociedade civil são integrantes do movimento
Serão seis, a princípio, os desafios da Capital que receberão prioridade por parte do Pacto Alegre. O arranjo, que reúne mais de 80 entidades entre universidades, empresas, governo e sociedade civil, teve a sua mesa criada nesta terça-feira (26), no aniversário da cidade. Todos saíram do encontro com a incumbência de participar do grupo de trabalho que buscará solucionar alguma das questões. Os projetos deverão ser apresentados já na próxima reunião, em 31 de maio.
Os temas vistos como essenciais pelas entidades são como gerir, manter e atrair talentos; desenvolver ambientes inteligentes e criativos para viver e trabalhar; gerar um ecossistema inovador de classe mundial; promover a imagem de uma cidade inovadora; melhorar o bem-estar das pessoas em saúde, segurança, cultura e meio ambiente; e qualificar e facilitar o acesso aos serviços pela população e pelas empresas.
Outros pontos específicos, como educação e mobilidade urbana, também despertaram grande interesse dos integrantes da mesa e podem entrar no escopo de trabalho do arranjo. Cada participante optou pelos grupos de trabalho nos quais pretende colaborar. Os GTs se reunirão nos próximos dias para definir quais projetos podem ser trabalhados para cada objetivo específico, e tudo será validado pela mesa na próxima reunião, em 31 de maio.
“Precisamos provocar resultados. As respostas serão os projetos, mas reconheceremos uma série de ações que tem a ver com os objetivos da mesa”, conta o coordenador do Pacto e diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. Consultor contratado para aplicar a metodologia, o espanhol Josep Piqué conta que, na cidade espanhola de Barcelona, um dos exemplos para a iniciativa, foram escolhidos também seis desafios, com 30 projetos articuladores e outra centena de ações complementares. Piqué também contribui com iniciativas semelhantes em Medellín, na Colômbia, e em Santa Catarina.
“A mesa tem o papel de articular os agentes e os recursos disponíveis. Não adianta querer chegar à lua se não tem dinheiro para isso", comenta Piqué, que afirma já sentir resultados do esforço de gestação do Pacto nos últimos meses. “Há dois anos eu vinha para cá e via uma cidade triste, em espiral de decadência. Agora temos diversas situações surgindo, em dois meses já teremos os projetos do Pacto na mesa”, afirma. Iniciativas como o Instituto Caldeira, um polo de inovação para empresas nascentes na Zona Norte fundado por diversos empresários, e o Dito e Feito, espécie de curso de extensão liderado pela uMov.me, são exemplos de ações que já existem e integrarão o Pacto Alegre.
“Precisamos mudar o mindset, fazer com que, quando olharmos para o futuro, todos nos enxerguemos aqui”, argumenta o superintendente de inovação e tecnologia da Pontifícia Universidade Católica (Pucrs) e um dos coordenadores do Pacto, Jorge Audy. Patrocinador do arranjo (junto com Agibank e Badesul), o Sicredi, por exemplo, anunciou que o seu Hackathon Social, maratona de programação para resolução de problemas sociais, será integrado ao Pacto Alegre neste ano, utilizando dados oficiais e mentoria dos integrantes do Pacto. “Se todas as empresas fizerem isso, dedicando um momento seu com foco na cidade, as coisas começam a mudar”, argumenta Audy.
“Agora começa uma segunda etapa”, conta o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior. “Até aqui, tivemos esforços mais de conhecimento, um caldo de união, que teve a consagração com a criação da mesa. Agora, mais do que palpites, vai ser hora de colocar a mão na massa”, continua Marchezan.

Escopo de entidades na mesa é celebrado como modelo

Se os resultados concretos ainda demorarão a aparecer, uma entrega do Pacto Alegre que já é comemorada por todos os participantes é a grande adesão de entidades de diversas naturezas. São universidades, empresas, secretarias, partidos, sindicatos, associações, clubes, entre outros, que dão, na opinião dos coordenadores do Pacto, diversidade de vozes e contribuições ao arranjo. Nem posses de governos foram tão concorridas, brincam.
“Temos de ser inteligentes para usar o espírito coletivo que criamos hoje (ontem, na criação da mesa)”, comenta o coordenador do Pacto Alegre, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. O professor argumenta que a união é símbolo de amadurecimento com as iniciativas do passado. “Anos atrás, provavelmente teríamos dez pactos diferentes, um liderado por cada entidade”, defende.
Outro dos coordenadores, Jorge Audy, credita a situação justamente ao acúmulo de conhecimento das últimas décadas. “Somos parte de uma trajetória que nos permitiu chegar a esse ponto”, defende, saudando a visão de colaboração entre entidades. “Todos entenderam que precisamos fazer juntos para todos, e não isolados para alguns”, continua Audy.
Consultor do arranjo, o espanhol Josep Piqué defende que a própria mesa criada pelo Pacto Alegre já é uma inovação, pela abrangência conseguida. “É uma nova forma de se fazer coletivamente, que vai virar modelo para a América Latina”, afirmou Piqué. De certa forma, já o é: ontem, na primeira reunião, uma comitiva de Buenos Aires se fez presente para conhecer o arranjo em busca de fomentar uma iniciativa semelhante na capital argentina.