PIB sobe 1,1% em 2018

Economia brasileira está em igual patamar de seis anos atrás

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A recuperação da economia brasileira segue a passos lentos. Em 2018, segundo ano pós-recessão, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1%, informou o IBGE nesta quinta-feira (28). Este resultado significa que a economia brasileira está no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012. E 5,1% abaixo do pico, atingido no primeiro trimestre de 2014.
O avanço de 1,1% de 2018 foi igual ao registrado no ano anterior. Em 2016, o tombo havia sido de 3,3% e, no ano anterior, o primeiro da crise, a queda fora de 3,5%. Na comparação com o resultado do terceiro trimestre, o PIB registrou leve avanço de 0,1%.
Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 6,8 trilhões em 2018. Já o PIB per capita brasileiro alcançou R$ 32.747, alta de 1,1% em relação ao ano anterior. Em termos reais, ou seja, descontada a inflação no período, houve ligeiro avanço de 0,3% em relação a 2017.
Para este ano, a previsão do mais recente Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, é de expansão da economia brasileira da ordem de 2,48%. Isso, num cenário em que a reforma da Previdência seja aprovada com uma economia considerável.
Pelo lado da oferta, a agropecuária registrou crescimento modesto em 2018: alta de 0,1%. Por sua vez, a indústria avançou 0,6%, o primeiro resultado positivo desde desde 2013, quando expandiu 2,2%. Mas o setor encolheu 0,3% no quarto trimestre.
Os serviços avançaram 1,3% em 2018, e todas as atividades apresentaram variação positiva. Os destaques foram as atividades imobiliárias, seguidas por comércio e transportes.
Rebeca Palis, coordenadora de Coordenação das Contas Trimestrais do IBGE, explica que, pelo lado da oferta, indústria e serviços puxaram a alta do PIB de 2018. "A taxa de crescimento de 2017 foi a mesma de 2018, mas sua composição foi diferente. Em 2017, foi ancorado nos serviços e na agropecuária, com recorde de safra de grãos. Já em 2018, a agropecuária praticamente não mudou, mas foi compensada pelos serviços, que cresceram mais do que no ano anterior e pela indústria, que saiu do campo negativo", destacou Rebeca.
A construção é o único componente do PIB que segue no campo negativo. Registrou sua quinta queda anual seguida, em 2018. Desta vez, foi de 2,5%, inferior ao tombo de 7,5% registrado no ano anterior.
Rebeca destacou o impacto negativo da crise fiscal das três esferas administrativas no resultado da construção. "A construção cai há cinco anos seguidos, mas a uma taxa bem menor do que no ano anterior. Um dos motivos é a paralisação dos investimentos em infraestrutura, principalmente por parte do governo, em suas três esferas."

Consumo interno compensa cenário externo ruim

Pelo lado da demanda, os investimentos tiveram alta de 4,1%, o primeiro resultado positivo depois de quatro anos seguidos de taxas negativas. O que liderou esse avanço foram as importações e a produção interna de bens de capital, compensando o desempenho negativo da construção. No quarto trimestre, os investimentos recuaram 2,5%.
A taxa de investimento em 2018 subiu para 15,8% do PIB, frente aos 15% registrados em 2017. A taxa de poupança ficou estagnada, em 14,5% do PIB
O consumo das famílias avançou 1,9% no ano. O resultado ficou 0,5 ponto percentual acima da expansão registrada em 2017 (1,4%). Segundo o IBGE, ele foi puxado pelo crescimento na massa salarial, pela expansão (nominal) de 6,7% do saldo das operações de crédito para pessoas físicas, além de juros e inflação baixas.
O consumo do governo, por sua vez, ficou estável. No setor externo, as exportações cresceram 4,1%, enquanto as importações avançaram 8,5%.
Rebeca Palis diz que o cenário não favorável no ambiente externo tem duas explicações. "Em 2017, o agronegócio teve safra recorde, então, exportamos muita soja e milho. Em 2018, a agropecuária teve resultado positivo, mas cresceu apenas 0,1%. Além disso, a crise na Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, afetou a venda de produtos brasileiros para o exterior."
Segundo Rebeca, a expansão do consumo compensou o cenário externo ruim e foi o principal fator, pela ótica da demanda, para o avanço do PIB em2018. Mas, pondera, embora em patamar positivo, o consumo das famílias ainda está distante dos avanços registrados no período pré-crise.
O avanço do PIB de apenas 0,1% no quarto trimestre, ante o trimestre anterior, foi o oitavo resultado positivo consecutivo, embora tímido. O IBGE ainda revisou para baixo dados de trimestres anteriores. O desempenho do terceiro trimestre, inicialmente calculado em alta de 0,8%, foi revisto para baixo, com expansão de 0,5%.
O segundo trimestre também enfraqueceu, passando de expansão de 0,2% para estagnação no período. Por outro lado, o desempenho do primeiro trimestre foi revisto para cima, passando de alta de 0,2% para 0,4%. A revisão do PIB anual é feita ao longo do ano.
No quarto trimestre, o que contribuiu para o resultado positivo foi o avanço dos setores da agropecuária e serviços, ambos com alta de 0,2%. Já o consumo das famílias teve alta de 0,4% no período. O setor avançou apenas 0,1% - desaceleração em relação ao trimestre anterior, quando o avanço foi de 0,4%.

Em ranking mundial, Brasil fica na 40ª posição entre 42 países

O Brasil ficou na 40ª posição em um ranking de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 42 países, informou a consultoria Austin Rating. O crescimento de apenas 0,1% no último trimestre e de 1,1% no consolidado de 2018 colocou o País abaixo da média global de 3,7% e dos países pesquisados, que foi 3,2%.
A distância para os países emergentes do chamado grupo dos Brics que, além do Brasil, reúne China, Rússia, Índia, África do Sul foi ainda maior. A média de crescimento no grupo foi de 5,1%. A Índia lidera o ranking da Austin com alta estimada de 7,5% no ano, seguida pela China, cujos dados, já divulgados, mostram alta de 6,6% em 2018.
A exemplo do que aconteceu com o Brasil, no último trimestre de 2018, o ritmo de crescimento nos países pesquisados diminuiu. Na comparação com o terceiro trimestre, a média de crescimento do grupo de 42 ficou em 2,7%. Já em relação ao mesmo período do ano anterior, foi de 2,9%. O efeito também foi verificado entre os Brics, cujo PIB médio avançou 3,3% em relação ao trimestre anterior.
Pelas contas da Austin Rating, o PIB dos 42 países deve avançar 3,1% em 2019. No período entre 2019 e 2022, o crescimento médio anual tende a ser de 3%. Por tal projeção, o Brasil continuará a caminhar mais lentamente que o restante do mundo, com alta do PIB de 2,48% esse ano e de 3% ao ano até 2022.

PIB per capita do País registrou elevação de 0,3% durante o ano passado, repetindo 2017

O PIB (Produto Interno Bruto) per capita cresceu 0,3% em 2018, repetindo o desempenho registrado um ano antes. O avanço do padrão de vida médio do brasileiro segue a passos lentos. Ainda assim, o desempenho nos últimos dois anos representa um alento em relação aos anos anteriores, período em que o PIB per capita caiu levado pela forte recessão.
O PIB per capita leva em conta a demografia. Logo, se o PIB sobe 1%, mas a população cresce 2%, na verdade os habitantes ficaram mais pobres.
Após quatro anos em alta entre 2010 e 2013, o per capita recuou 0,3% em 2014, início do período recessivo, seguido por quedas mais profundas em 2015 e 2016, auge da crise, quando recuou 4,4% e 4,1%, respectivamente.
Economistas previam que seria preciso a economia crescer ao redor de 3% entre 2018 e 2021 para voltar ao nível de renda por indivíduo de 2013, véspera da grande recessão. O ano de 2018 já não foi assim e analistas de mercado já reveem suas previsões para a atividade econômica em 2019, mais perto de 2%, com viés de baixa. O que significa que o Brasil vai demorar um pouco mais de tempo para voltar a ter um padrão de renda médio similar ao de 2013.
O PIB per capita é usado no cálculo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).