Fimec espera público de 25 mil pessoas até amanhã

Projeto Comprador deve movimentar em torno de US$ 22,5 milhões

Por Jefferson Klein

Feira reúne expositores de diferentes estados e de vários países
Um clima otimista cercou a abertura da 43ª Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec) ocorrida na tarde de ontem na Fenac, em Novo Hamburgo. O evento, que ocorre até amanhã, espera contar nesta edição com aproximadamente 25 mil visitantes.
O diretor-presidente da Fenac, Marcio Jung, ressalta que se trata de um encontro de porte global. "Nesses três dias, Novo Hamburgo se torna o mundo do calçado e do couro", enfatiza. São mais de 500 expositores de couros, produtos químicos, componentes, máquinas, equipamentos e tecnologias para calçados e curtumes de diferentes estados e de países da América do Sul, Ásia, Europa e África. Dos participantes da Fimec deste ano, 26% são provenientes de fora do Brasil. Por segmentos, a feira é composta por 50% de empresas do setor de componentes, 36% de máquinas e equipamentos para calçados e curtumes, 12% de companhias de couro e produtos químicos e 2% de inovação.
Não há uma projeção oficial sobre todo o volume de transações que serão feitas durante e após a feira. Porém, apenas o Projeto Comprador - Rodadas de Negócios com empresas brasileiras e compradores vindos da Argentina, Colômbia, México, Peru e Equador, que será realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), durante a Fimec, espera movimentar em torno de US$ 22,5 milhões. Ao todo serão 12 compradores convidados pelo Projeto By Brasil Components, Machinery and Chemicals, executado entre a Assintecal e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, considera que a Fimec é um sinal do otimismo que o empresariado tem em relação à recuperação da economia e do desenvolvimento do setor. Para Klein, o maior desafio para o segmento calçadista em 2019 será a recuperação da competitividade. O gerente de negócios da Artecola, Luiz Carlos Varela, concorda que a expectativa com a Fimec e com a economia nacional é positiva. A empresa aproveitou a feira para lançar uma palmilha que utiliza cerca de 90% de matéria-prima reciclada. Outro destaque no evento é a décima edição da Fábrica Conceito, projeto desenvolvido por Fenac, Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e Coelho Assessoria Empresarial. O presidente executivo do IBTeC, Paulo Ricardo Griebeler, detalha que se trata de um grande showroom, onde os empresários podem conferir as últimas inovações e tecnologias do setor.

Burocracia e alta carga tributária são apontadas como entraves aos negócios

Outro representante do setor calçadista que confirma que o mercado está otimista com a perspectiva da retomada dos investimentos e do fortalecimento da indústria é o presidente da Assintecal, Milton Killing. No entanto, em seu discurso durante a abertura da Fimec, o dirigente defendeu que é necessário resolver questões como a burocracia e o excesso de tributação, que implicam perda de competitividade.
O governador Eduardo Leite, que também participou da solenidade, admite que existe a necessidade de criar um ambiente favorável aos negócios. Além dos temas burocracia e tributação, o governador acrescenta a logística como uma área a ser melhorada. Nesse sentido, Leite afirma que ainda neste primeiro semestre deverão ser lançados editais para concessões de rodovias estaduais.
Na questão de celeridade, o governador citou a união das secretarias de Minas e Energia e do Meio Ambiente, medida que poderá agilizar processos burocráticos. Leite adianta que se caminha para procedimentos de licenciamentos à base de autodeclaração, semelhante ao que acontece com o Imposto de Renda. Assim, conforme o governador, o Estado agiria como fiscalizador e não barrando investimentos. "Cerca de 90% dos empreendedores fazem as coisas do jeito certo e são punidos pela minoria que faz errado", argumenta.

Sobre o custo tributário, Leite diz que não se trata de uma decisão do governador, mas é preciso para sustentar uma máquina pesada e desajustada, principalmente no que diz respeito à folha de pagamento do Estado. Para equacionar essa situação, o governador defende a necessidade da realização de reformas estruturais como da previdência, nas carreiras do serviço público, assim como as privatizações das estatais. "Se queremos menos impostos, precisamos ter um Estado racionalizado, que caiba no bolso do cidadão", frisa. O dirigente recorda que apenas o déficit previdenciário no Rio Grande do Sul é na ordem de
R$ 12 bilhões.