Marcopolo investe R$ 70 milhões em Centro de Fabricação

Local vai centralizar toda a produção de itens metálicos para carrocerias

Por Roberto Hunoff

Na Marcopolo, voltaram às atividades 25% dos colaboradores
O espaço que até setembro de 2017 abrigava a unidade de peças plásticas, destruída por um incêndio no complexo da Marcopolo em Ana Rech, em Caxias do Sul, é agora ocupada pelo Centro de Fabricação de componentes e subconjuntos metálicos. Com área construída superior a 19 mil m2, a operação receberá investimento de R$ 70 milhões, dos quais R$ 30 milhões já consolidados, e começou a ser ocupada em janeiro. Nela será centralizada toda a produção de peças metálicas que antes estava distribuída em vários setores das unidades fabris Ana Rech, Neobus e Planalto.
A nova unidade produz de 14 mil a 15 mil peças por dia. Até dezembro, o volume subirá, gradualmente, para 60 mil peças diárias. Já a capacidade instalada será para 75 mil a 80 mil, o que permite atender demanda de 73 ônibus por dia. O volume médio diário de produção da empresa hoje é de 43 carrocerias.
Segundo Júlio Igansi, gerente de Engenharia de Processo, dentre os principais diferenciais do novo Centro de Fabricação estão unificação e racionalização de recursos, fluxo contínuo de produção e logístico, e gestão visual de todo o processo produtivo. "A fábrica é extremamente segura e atende aos princípios Lean, com foco na eliminação de desperdícios, padrões de eficiência e qualidade ainda mais elevados para os clientes internos e externos", destaca.
O quadro atual da unidade é de 180 funcionários, mas serão entre 700 e 800 no final do ano. Todos já estão empregados e trabalhando em outros locais. A expectativa, neste momento, é de que não ocorram contratações. Mas não estão descartadas caso o mercado demande maior produção.
Além das novas instalações, construídas respeitando vários conceitos de sustentabilidade ambiental e segurança, a unidade é equipada com modernos equipamentos. Em março, a empresa receberá máquinas de corte a laser, importadas da Itália, que dispensarão o uso de gabaritos. "Teremos expressivos ganhos em produtividade. Também poderemos incrementar a verticalização de processos", salienta André Matté, um dos responsáveis pelo projeto da nova unidade, resultado de trabalho iniciado em novembro de 2017 por uma equipe multidisciplinar e que envolveu mais de 200 colaboradores. "Montamos uma maquete em escala, algo inédito na empresa, no centro esportivo da sede da Fundação Marcopolo, para que os colaboradores tivessem uma ideia geral do projeto e apresentassem sugestões de melhorias", acrescentou. A unidade já conta com máquinas automatizadas de conformação de tubos, células de soldas robotizadas e de montagem com o conceito de minifábricas.

Unidade vai atender a demanda dos clientes, com menor estoque e maior eficiência

As obras do Centro de Fabricação da Marcopolo foram iniciadas em fevereiro de 2018 e concluídas em dezembro. A primeira unidade transferida é a de tubos de aço que operava em espaço do complexo da Marcopolo. De acordo com o diretor de operações industriais, Lusuir Grochot, a unidade processará peças a partir de tubos e chapas de aço e alumínio. Grochot explica que o projeto atende produção iniciada a partir da demanda do cliente, com tempo takt definido, menor estoque de matéria-prima e componentes em processamento, de movimentação de materiais e pessoas e de necessidade de transporte. "Tudo para ser o mais eficiente, seguro e produtivo possível", comenta. Caso os custos se mostrarem favoráveis, a unidade poderá fornecer peças para outras controladas do grupo.
O CEO da Marcopolo, Francisco Gomes Neto, lembrou o desespero que tomou conta de toda a companhia, em setembro de 2017, quando a fábrica de plásticos foi consumida pelo fogo. "Não sabíamos o que fazer", destacou. Mas salientou que, em menos de cinco semanas, a produção de ônibus voltou à normalidade em função do empenho coletivo dos colaboradores, da comunidade e dos fornecedores, além da compreensão dos clientes.

Em julho do ano passado, a nova fábrica de peças plásticas começou a operar em pavilhão existente na unidade da Neobus, também em Ana Rech. O espaço foi readequado à nova finalidade e recebeu equipamentos, a um custo total estimado em
R$ 70 milhões. "Temos, agora, um processo enxuto com mais indicadores de qualidade e produtividade", assinalou. Segundo ele, a unidade está praticamente pronta, restando alguns pequenos ajustes.

Gomes Neto confirmou que a unidade Planalto será desativada no final deste ano, com a transferência de todos os equipamentos e gabaritos para as plantas localizadas em Ana Rech. No momento, ainda seguem em produção alguns modelos de microônibus. O destino a ser dado ao prédio construído em 1957 será definido pelos controladores e Conselho de Administração da empresa após a transferência total dos ativos. A unidade tem 38,3 mil m2 de área construída sobre terreno de 48 mil m2.