MDR destina R$ 4,5 milhões para auxiliar afetados por cheias

Ministra da Agricultura vem hoje ao Estado para discutir as perdas

Por

Chuvas fortes afetaram municípios da Fronteira-Oeste e da Campanha
As 18 cidades gaúchas que decretaram situação de emergência em função de chuvas intensas que têm atingido o Estado vão receber R$ 4,5 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Neste primeiro momento, o objetivo é auxiliar os municípios com o escoamento da produção local - principal preocupação manifestada por prefeitos. O anúncio foi feito pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, ontem durante reunião interministerial coordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
"Vamos disponibilizar cerca de R$ 250 mil para cada município. O ministério abrirá o sistema (de convênios) para que os entes cadastrem suas propostas com o objetivo de recuperar estradas vicinais que ficaram comprometidas com as chuvas fortes e, consequentemente, prejudicaram o escoamento da produção", destacou o ministro Gustavo Canuto. As cidades afetadas também podem solicitar apoio emergencial da Defesa Civil Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Regional.
As cidades gaúchas que decretaram situação de emergência são Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Caçapava do Sul, Caiçara, Cacequi, Dom Pedrito, Itaqui, Lavras do Sul, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Borja, São Francisco de Assis, São Gabriel, Uruguaiana e Pedras Altas. De acordo o levantamento divulgado ontem pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), da Sedec, 27 cidades gaúchas foram afetadas pelas chuvas.
Em reunião na terça-feira, com a presença de ministros e prefeitos das cidades atingidas, Canuto havia afirmado que o governo federal poderia ajudar com R$ 24 milhões os municípios do Rio Grande do Sul afetados pelas enchentes. Em reunião nesta terça-feira, no Palácio do Planalto, da qual participaram ministros e prefeitos das cidades atingidas, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, levantou a possibilidade de repassar essa verba.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, vem hoje ao Estado para verificar as perdas dos agricultores gaúchos com as chuvas. Ela participará de reunião com prefeitos municipais, lideranças políticas, representantes de entidades de classe e produtores rurais, no Parque de Exposições Agrícolas de Uruguaiana, às 17 horas.
As chuvas atingiram com gravidade as regiões da Fronteira-Oeste e da Campanha nas primeiras semanas do ano. De acordo com a Defesa Civil, mais 10 mil pessoas foram afetadas, das quais 5 mil desalojadas, 1,5 mil desabrigadas e 3,5 mil com danos em suas casas. Foram registradas quatro mortes em Alegrete, Santana da Boa Vista e Quaraí. No boletim da Defesa Civil da manhã desta quarta-feira, pouco menos de 900 pessoas ainda não haviam retornado às suas casas. No fim da tarde, o número reduziu pela metade.

Prejuízos na agricultura chegam a R$ 786 mi, diz Emater

Levantamento feito pela Emater aponta que as chuvas excessivas no Oeste do Estado, que chegaram a mais de 600 mm em alguns municípios em apenas uma semana, geraram prejuízos de R$ 786 milhões na agricultura, com maiores danos no arroz e na soja.
"O levantamento aponta para prejuízos significativos, especialmente para alguns municípios e para agricultores de áreas mais baixas e próximas aos rios, que saíram do leito nesse período", destaca o diretor técnico da instituição, Lino Moura.
Foram levantados dados de 52 municípios das regiões onde a intensidade das chuvas foi maior e onde prefeituras e entidades apontaram prejuízos mais significativos. Destes municípios, 16 decretaram situação de emergência.
O cultivo mais atingido foi o arroz irrigado, com 50.300 hectares alagados por rios e com perdas estimadas em 461 mil toneladas, totalizando R$ 342 milhões de prejuízo estimado. Mais de 1.500 produtores foram atingidos pelo excesso de chuvas em 223 mil hectares, 22% da área cultivada com arroz no Estado.
Nas lavouras de soja destas mesmas regiões, que totalizam pouco mais de 1 milhão de hectares cultivados, estima-se que ocorreram prejuízos em 275 mil hectares, atingindo 1.950 produtores e ocasionando perdas de 339 mil toneladas que, a valores atuais, representa uma perda de R$ 435 milhões.
Na cultura do milho foram atingidos 13.500 hectares, com perdas de 14,2 mil toneladas, representando um prejuízo de R$ 9 milhões para 700 produtores atingidos. Já na fumicultura, 4.340 produtores foram atingidos, com estimava de perdas de 1.550 toneladas de produto. Outros 378 produtores tiveram prejuízos na produção de hortigranjeiros, em diversos cultivos.
Além disso, mais de 25.000 km de estradas danificadas e 301 comunidades foram identificadas com dificuldade de escoamento da produção, onde 537 produtores de leite foram prejudicados pelo não recolhimento da produção durante alguns dias, estimada em 625 mil litros de leite não recolhidos nestas regiões.