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Usuários de cartão ignoram o valor da fatura
Levantamento do SPC/CNDL mostra que um terço dos consumidores não sabem quanto gastaram em agosto
Atrasos no cartão de crédito podem custar caro. Mesmo assim, boa parte dos usuários dessa modalidade de crédito desconhece o valor da fatura do mês anterior. É o que aponta o Indicador de Uso do Crédito apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Um terço dos consumidores (33%) que usaram cartão de crédito em agosto não sabe quanto gastou. Entre os que se lembram o valor que desembolsaram, a fatura média foi de R$ 882,00. Além disso, cerca de 25% entraram no rotativo e 74% pagaram o valor integral da fatura percentual que cai para 64% nas classes C e D.
O levantamento constatou ainda que metade (50%) dos tomadores de empréstimos e financiamentos atrasaram, em algum momento, parcelas da dívida, sendo que 21% ainda estão com prestações pendentes. A sondagem mostra também que quatro em cada 10 consumidores (42%) recorreram a algum tipo de crédito em agosto, número próximo da média dos últimos 12 meses. A modalidade mais mencionada foi o cartão de crédito, citado por 35%. Em seguida, aparece o crediário (9%), o limite do cheque especial (7%) e os empréstimos (6%).
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o uso do crédito exige cuidados e não pode funcionar como complemento da renda. "A falta de disciplina no controle do orçamento acaba provocando uma desoganização tamanha que, em muitos casos, o consumidor precisa recorrer a renegociações que levam muitos meses para quitar, comprometendo parte do orçamento por um bom tempo", alerta a economista.
Questionados sobre o grau de dificuldade para a obtenção de empréstimos e financiamentos, mais da metade (52%) dos entrevistados afirmam encontrar dificuldade. Já outros 21% disseram não considerar a contratação fácil nem difícil e 10% acham fácil. Os entraves são percebidos, principalmente, nas classes C e D (56%).
Na sondagem também foi investigada a disposição dos consumidores em cortar gastos. Para 55%, a meta é diminuir as despesas em relação ao mês de agosto. Outros 36% sinalizaram manter o mesmo nível de gastos e apenas 5% relataram ter intenção de aumentar as despesas. A principal razão para os cortes está ligada aos preços elevados praticados no mercado (33%). Os entrevistados citaram outros fatores, como intenção de economizar (30%), desemprego (20%), endividamento (14%), queda da renda (12%), desejo de fazer reserva financeira (11%) e elevados gastos do mês anterior (9%).
A pesquisa ainda mostra que oito em cada 10 consumidores (82%) estão no limite do orçamento, sendo que 44% mostraram-se no zero a zero e 38% no vermelho sem recursos suficientes para arcar com todos os compromissos. Os altos preços foram mencionados como a principal causa do desajuste para 49% dos que declararam estar no vermelho. Em seguida, aparece queda da renda (25%), perda do emprego (23%) e descontrole dos gastos (13%).
A pesquisa abrange 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Demanda do consumidor por crédito recua 4,5% em setembro, aponta Serasa Experian
De acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito, a quantidade de pessoas que buscou crédito caiu 4,5% em setembro deste ano em relação a agosto. Já na comparação com setembro do ano passado, houve alta de 5,2% da procura por crédito pelo consumidor. Assim, no acumulado do ano até setembro, a busca do consumidor por crédito cresceu 8,6% perante os primeiros nove meses do ano passado.
De acordo com os economistas da Serasa Experian, a busca do consumidor por crédito foi impactada negativamente em setembro pelas incertezas político-eleitorais, que ocasionaram alta do dólar e recuo dos níveis de confiança do consumidor. Também a menor quantidade de dias úteis em relação a agosto foi um fator que pesou sobre a demanda do consumidor por crédito em setembro.
O recuo da demanda dos consumidores por crédito em setembro ocorreu em todas as classes de renda. Para os que ganham até R$ 500,00, foi de 6,4%. Para os consumidores com renda mensal entre R$ 500,00 e R$ 1 mil, foi de 3,9%. Para a renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, foi de 4,2%.
Já os consumidores com renda mensal entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, foi de 4,9%. Para os que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, o tombo foi de 5% e, por fim, para a renda mensal maior que R$ 10 mil, a queda na procura por crédito foi de 5,3%.
No acumulado do ano até setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, a procura do consumidor por crédito apresentou variações positivas em todas as faixas de renda: alta de 27,1% para quem recebe até R$ 500,00 por mês; de 6,5% para quem ganha entre R$ 500,00 e R$ 1 mil mensais; e 6,6% para os que recebem entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mês.
Já nas rendas mais altas, os avanços na procura por crédito no acumulado do ano até setembro foram: 6,5% para a faixa de renda entre R$ 2 mil e R$ 5 mil mensais; 6,6% para o consumidor com renda entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês e de 6,8% para quem ganha mais de R$ 10 mil.
Na comparação contra o acumulado dos primeiros nove meses do ano passado, houve avanços da demanda por crédito em todas as regiões: no Centro-Oeste (15,9%); Nordeste (13,9%); Norte (9,6%); Sudeste (6,4%); e no Sul (5,9%).