Argentinos param contra pacote do governo Macri

Trabalhadores criticam corte de gastos, retirada de subsídios e FMI

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Manifestantes interromperam as principais ruas de Buenos Aires em greve de 24 horas que afetou serviços
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), importante central sindical da Argentina, realizou ontem uma greve geral de 24 horas contra as políticas do governo de Mauricio Macri. O protesto provocou interrupções no tráfego de veículos, inclusive em Buenos Aires, e incluiu um ato na Praça da República, próxima do Obelisco na capital, além de um protesto em La Plata, informa a agência estatal Télam. A agência informou a paralisação de ônibus, trens, metrô, bancos, aulas, coleta de lixo e redução do atendimento nos hospitais.
Um dos principais quadros entre os sindicalistas do país, Hugo Moyano, líder do sindicato de caminhoneiros, afirmou os protestos não são uma ameaça à democracia, mas apenas um meio de pressionar Macri para adotar medidas que "não causem dor" e para que ele "escute o povo". "As pessoas não passavam antes as necessidades que passam agora", lamentou Moyano.
Segundo o jornal Clarín, a paralisação foi a terceira da CGT contra o governo Macri. O jornal diz que os trabalhadores pressionam por mudanças na política do governo, contra o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), exigem o fim de demissões e a reabertura de negociações entre empresários e sindicatos. O Clarín informou ainda que é alta a adesão ao protesto, também pelo fato de não haver transporte público. O jornal diz que Macri trabalhou para tentar evitar a paralisação, sem sucesso, mas pretende agora retomar o diálogo.
Os trabalhadores protestaram contra o quadro econômico ruim no país, os cortes de subsídios e outras medidas do governo para tentar ajustar as contas públicas, após o acordo com o FMI. Além disso, reclamam do impacto da alta inflação sobre os salários e os custos sociais do quadro econômico nacional.
 

Voos para Porto Alegre foram cancelados

A greve dos transportes ocorrida ontem na Argentina levou as companhias aéreas Gol, Azul, Latam e Aerolíneas Argentinas a cancelarem voos que tinham como origem ou destino os aeroportos daquele país. No caso do Salgado Filho, em Porto Alegre, que possui voos diretos para a nação vizinha apenas através da Aerolíneas Argentinas, foram suspensas duas viagens de ida e outras duas de vinda.
A paralisação do setor dos transportes tem como alvo o presidente argentino Mauricio Macri e é uma nova tentativa dos sindicatos de pressionar o governo devido ao aumento de tarifas públicas, à inflação e à desvalorização do peso, que perdeu mais de 30% de seu valor desde abril passado. Devido à situação, não houve voos domésticos na Argentina. A Azul cancelou seus voos que saiam de Belo Horizonte e da cidade de Navegantes (em Santa Catarina) para a capital argentina e também os voos que deixariam Buenos Aires em direção à capital mineira.
A Gol também cancelou todos os voos de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife com origem ou destino em Buenos Aires. No caso das viagens internacionais da Latam, foram cancelados voos de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife para Buenos Aires e da capital paulista para Rosário, Córdoba e Tucumán. Já a Aerolíneas Argentinas não voou de Buenos Aires para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.