Caminho das Missões ganha uma nova rota

Passeio experimental ocorrerá dia 19 de agosto, partindo do Paraguai, passando por Argentina e Brasil

Por Adriana Lampert

Catedral em Santo Ângelo faz parte do roteiro no lado brasileiro
Uma integração internacional no roteiro Caminho das Missões será implementada em agosto, quando ocorre passeio experimental que irá analisar os ajustes necessários e a preparação das hospedagens ao longo do trajeto, com saída a partir da cidade de San Ignácio Guazu, no Paraguai. Funcionando desde 2002, o percurso brasileiro está consolidado e tem 338 quilômetros de extensão (entre São Borja e Santo Ângelo), atraindo centenas de visitantes todos os anos. Realizada durante 14 dias, a caminhada em território nacional pode ser feita com condutor especializado, carro de apoio, guias de turismo em diversos pontos e visitas a sítios arqueológicos. Formatada pela operadora Caminho das Missões, a peregrinação com teor turístico pode ser feita a partir da compra de pacotes que incluem pernoites e refeições - disponibilizados por diversas agências de viagens que trabalhem o segmento histórico-cultural ou de aventura.
A rota já tem outra saída internacional, também ainda em sistema experimental, que parte da cidade de Corpus, na província de Misiones, na Argentina. Implementada em outubro de 2017, a rota percorre 425 quilômetros até Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. "Com a integração do trecho paraguaio, serão em torno de 750 quilômetros de caminhada, passando pelas Missões dos 30 Povos", comenta o sócio-proprietário da operadora, Romaldo Melher. Segundo ele, o roteiro único - unindo Argentina, Paraguai e Brasil - deve ser implementado em 2019. Por enquanto, os trechos experimentais da Argentina e do Paraguai até o Brasil são realizados separadamente.
Saindo de solo argentino, o trajeto até Santo Ângelo (RS) é cumprido em 18 dias de caminhadas, pelos locais históricos onde havia os povoados missioneiros jesuítico-guaranis. Onde corresponde o território da Argentina e do Brasil, havia 22 povoados, dos quais o Caminho das Missões Internacional percorre sete (de um total de 15) locais nos quais existem reduções na Argentina e outros sete aldeamentos indígenas fundados pelos jesuítas espanhóis que estão em território brasileiro. "Coincidentemente, também serão percorridos sete locais no Paraguai - onde estão oito de um total de 30 povos pelos quais passaram os padres jesuítas espanhóis a partir de 1626, com o objetivo de catequizar e "civilizar" índios de diversas etnias que habitavam esses lugares", observa Melher.
"Faço a peregrinação desde 2002. Ao todo, já foram 25 vezes", calcula o desenhista Julio Carlos Sander, 66 anos. Morador de Santana do Livramento, ele destaca, além das paisagens "sensacionais" entre trilhas e campos (percorridas, inclusive, com o neto Augusto, na época que ele tinha dois anos e quatro meses), os diversos pontos de parada que têm relação com história, religião e misticismo. "Também é muito interessante que os lugares de pernoite se intercalam entre os extremamente simples e os mais sofisticados", observa.
Outro sócio-proprietário da operadora Caminho das Missões, José Roberto de Oliveira lembra que, apesar de as estradas antigas onde viviam os guaranis ainda serem de chão batido, a estrutura "tem melhorado muito".
"A região vem fazendo um trabalho de qualificação do entorno, tanto na gastronomia quanto na hotelaria", comenta. No caminho, os peregrinos dormem em estâncias e fazendas, localizadas em regiões bem nativas, passando pelos municípios da Campanha e do Pampa. "É um mergulho na cultura do gaúcho, e os visitantes estrangeiros e de outros estados brasileiros saem encantados."

Visita às reduções jesuíticas dos Sete Povos está entre atrativos das férias de julho

Composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio, os Sete Povos das Missões, localizados no Rio Grande do Sul, apresentam cenários entre a Campanha e a fronteira, e patrimônios culturais da humanidade e nacionais, que podem ser visitados em duas semanas.
"Para aqueles que só a contemplação já não encanta mais, eis uma oportunidade de férias em família, com amigos ou mesmo só, mas unido com um belo grupo", comenta o sócio-proprietário da operadora Caminho das Missões, José Roberto de Oliveira, que já está comercializando pacotes com saídas no dia 16 de julho, a partir da cidade de São Borja. Com chegada prevista para o dia 29 de julho no município de Santo Ângelo, o grupo percorrerá 25 km/dia de estrada de terra vermelha, passando por grutas, catedrais, museus, sítios arqueológicos, entre outros atrativos.
"A hospedagem e a alimentação são feitas em locais com as melhores condições da região, fazendas restaurantes e hotéis qualificados para bem receber os peregrinos", destaca Oliveira. Ele diz que, além do público que busca o lado espiritual da caminhada, a peregrinação também atrai muitos turistas interessados nos segmentos de aventura, contemplação de natureza e animais silvestres, ou mesmo trekking. "É um passeio incrível, no qual o peregrino permeia todo um universo deste mundo nativo do gaúcho, recheado de história", opina. "Tradicionalmente, caminhantes de todas as idades estão presentes, incluindo pessoas de mais de 80 anos e crianças, que já participaram levados pela ideia de união familiar e de espiritualização."
Empresário de São Vendelino, Jair Fernando Baumgratz, 55 anos, já realizou o passeio seis vezes (ele destaca que é possível fazer trajetos menores, de três a sete dias, dependendo do município de partida). "Por mim, faço todos os anos, é meu período sabático", comenta. "Considero um desafio físico, e também gosto muito de conseguir me isolar um tempo, conhecendo novas pessoas, saindo da rotina do trabalho." O aposentado Jacy Ludgero Pfitscher, 77 anos, concorda que é muito interessante o intercâmbio com outros turistas. "Fiz o Caminho das Missões umas 10 vezes e já fiz amizade nas famílias das casas onde ficamos instalados no caminho, é um clima muito bom, realmente acolhedor."