Palácio Piratini abre suas portas para comemorar o Dia do Patrimônio

Espaço estava fechado para visitações há cerca de 18 meses devido à pandemia do novo coronavírus

Por Jefferson Klein

Sede do governo do Estado conta com 23 obras do pintor Aldo Locatelli
No ano do seu centenário e após 18 meses sem a possibilidade de ingresso do público em geral, por conta da pandemia de Covid-19, o Palácio Piratini retomou as visitas para a população em decorrência das comemorações pelo Dia Estadual do Patrimônio Cultural celebrado em 17 de agosto. As visitações à sede do governo do Estado, situada na Praça Marechal Deodoro (Praça da Matriz), em Porto Alegre, foram abertas neste sábado (14) e encerram neste domingo (15).
As visitas foram restringidas a oito horários por dia, com limite de 25 pessoas por passeio. As inscrições para este final de semana já estão esgotadas, mas quem se interessar em conhecer mais sobre a arquitetura e história do palácio pode acessar o site www.palaciopiratini.rs.gov.br e realizar o tour virtual. No mesmo site, é possível acompanhar podcasts sobre os murais feitos pelo pintor Aldo Locatelli para o complexo.
Justamente um dos destaques da excursão física pelo lugar é a passagem pelo Salão Negrinho do Pastoreio, onde se encontram 18 das 23 obras que o artista italiano fez no Palácio, encomendadas pelo ex-governador Ernesto Dornelles, no começo da década de 1950. No local, é contada por imagens a lenda do escravo que foi castigado e morto a chibatadas e depois ascendeu ao céu.
Outro local que atrai o interesse dos participantes é o Memorial da Legalidade, que expõe imagens, objetos e documentos relacionados ao movimento de 1961, liderado pelo então governador Leonel Brizola, em defesa da posse do presidente da República João Goulart. Algo que também aguçou a curiosidade dos participantes, porém não faz parte do passeio, são os túneis subterrâneos do Palácio que já propiciaram diversas lendas e histórias.
A analista de RH Mariana Vargas (35 anos), uma das visitantes do Palácio Piratini neste sábado, considerou a experiência interessante. “Parece que a gente não conhece a nossa história, a gente passa por aqui, eu morei nessa rua (Duque de Caxias), e não fazia a mínima ideia que tinha tanta arte dentro do Palácio”, comenta. O coordenador das visitações no Palácio Piratini, Lorenzo Cunha, concorda que visitar o espaço é uma das formas de saber mais sobre a história gaúcha. “Às vezes, a gente sai do Rio Grande do Sul (para conhecer outras culturas) e não conhece a própria”, reforça ele.
Sobre o evento ser realizado ainda em meio ao combate à pandemia de coronavírus, outra visitante da construção, a estudante Eduarda Vargas (18 anos), acredita que se forem tomados todos os cuidados devidos, é possível fazer ações como essa. “Ainda mais sendo um aniversário de centenário, não dá para perder”, frisa. O uso da máscara foi obrigatório durante a movimentação dentro do Palácio.

Características da edificação histórica

O prédio do Palácio Piratini, em estilo neoclássico, chama a atenção por sua beleza e sofisticação. E a influência francesa é marcante, começando pelo arquiteto: Maurice Grass.
No saguão principal, uma escadaria de mármore francês leva ao gabinete do governador e também aos salões Negrinho do Pastoreio e Alberto Pasqualini. É no andar de cima que estão algumas das obras mais importantes da história gaúcha, como o mural A formação do RS, pintada pelo artista italiano Aldo Locatelli, entre 1951 e 1955.
Idealizado pelo governador Julio de Castilhos, o Palácio Piratini começou a ser construído em 1896. Com a morte de seu mentor, as obras ficaram paralisadas por 13 anos.
O trabalho de construção do prédio foi reiniciado em 20 de setembro de 1909, já sob a administração de Carlos Barbosa, e foi inaugurado em 17 de maio de 1921, quando Borges de Medeiros era o chefe do executivo gaúcho.
Como a ala residencial só ficou pronta sete anos depois, o primeiro morador foi o então governador Getúlio Vargas, que residiu entre 1928 e 1930.
Fonte: Governo do Rio Grande do Sul