“A experiência de gravar com René e sua equipe significou a possibilidade de agregar uma nova dimensão emocional à minha música. Sempre sonhei com a possibilidade de filmar um filme, de estar em um set de gravação com o diretor gritando: ação! Adorei a ideia de gravar tudo com uma única câmera montada sobre um dolly e com planos longos, com movimentos harmoniosos e com muitas transições de foco. Vivi os dias de preparação e gravação como se fosse um sonho transformado em realidade. Estou muito agradecido com a enorme quantidade de pessoas que participaram deste projeto e, sobretudo, feliz com o resultado que será entregue ao público”, destaca Daniel, que tem muitos parceiros musicais brasileiros e é bastante próximo dos gaúchos.
De fato, a finalização é de muito bom gosto, a montagem ficou sensível e delicada, para uma toada igualmente comedida, com um Daniel que nos convida a bailar com a ilusão da proximidade, tocando apenas com as pontas dos pés no chão. Se o perigo, a solidão, estão lá fora, resta cantar protegido neste aconchego de seus versos,concretizando o milagre de estar junto de quem se ama através da melodia.
As imagens das grandes cidades quase fantasmas promovendo sensação de saudade e pausa remetem até à sua antiga canção Vacío, do disco homônimo de 2006: "Donde no hay luz donde no hay sol/Adonde el viento no silba/No hay tierra ni guerra ni paz/Donde no hay ruido ni olvido ni abajo ni arriba/Ni siquiera silencio hay/El lienzo que teje la aguja parece continuo/El hueco que deja la trama lo llena el vacío".
Aire, que ainda tem a previsão de ser lançado neste ano, é mais do que um disco, mas se configura na proposta de um projeto audiovisual. As músicas foram gravadas no Uruguai com a produção de Fede Wolf, e os vídeos no Brasil foram captados com uma equipe de cinema com a direção de René Goya Filho (indicado ao Grammy Latino 2018).