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Em quatro capítulos, série mostra retratos do Velho Guerreiro
Baseada no filme 'Chacrinha: O Velho Guerreiro', também dirigido por Andrucha Waddington, a obra narra a trajetória de Abelardo Barbosa
A personalidade mítica do comunicador revolucionário, que mudou a forma de fazer televisão no Brasil, e a do homem por trás do visual irreverente convergem na série Chacrinha, que a rede Globo exibe a partir desta terça-feira, após a novela Amor de mãe. O conteúdo já está disponível para assinantes do Globoplay.
Baseada no filme Chacrinha: O Velho Guerreiro, também dirigido por Andrucha Waddington e com roteiro de Claudio Paiva, a obra de quatro capítulos narra a trajetória de Abelardo Barbosa do momento em que ele larga a faculdade de Medicina para se aventurar como locutor de rádio até o auge na televisão. "Chacrinha é uma figura extraordinária, talvez o maior ícone pop brasileiro do século XX, mas optamos por retratá-lo como um ser humano, de uma forma não romantizada, uma pessoa que, como qualquer outra, tem um lado solar e um lado menos solar", garante Andrucha.
Na série, estrelada por Stepan Nercessian e Eduardo Sterblitch, que vivem o comunicador em fases diferentes, há cenas inéditas para costurar a narrativa. "É uma oportunidade de levar para ainda mais pessoas tudo o que Chacrinha representou. Como ator, foi um grande desafio, e contei com a parceria fundamental do Stepan", diz Sterblitch.
Já Stepan, que interpretou o Velho Guerreiro no longa de 2018, acredita que o grande mérito do trabalho é realizar a "ponte" entre as etapas da vida e da carreira do personagem. "Era importante fazer essa passagem entre as fases com consistência, para dar credibilidade ao personagem. Acho que conseguimos, Eduardo e eu, fazer o personagem de maneira humanizada, crível", afirma.
Outra novidade são os minidocumentários. Ao contrário do que pôde ser conferido nos cinemas, a série conta com imagens de arquivo da época sobre os cassinos, a era do rádio, o início da televisão, calouros, musicais, concursos, tropicalismo, censura e, claro, as lendárias assistentes de palco conhecidas como chacretes. "O material documental da série colabora com a parte ficcional de uma maneira muito interessante, porque contextualiza a figura do Chacrinha e sua personalidade com a época em que ele vivia", acredita Paiva.
Também fazem parte de Chacrinha personagens marcantes da trajetória do comunicador, como a ex-modelo e jurada Elke Maravilha, interpretada por Gianne Albertoni; a cracrete Rita Cadillac, por Karen Junqueira; e o diretor Boni, por Thelmo Fernandes.
Cassino do Chacrinha foi fenômeno de audiência na década de 1980
Nascido em 1917 na cidade de Surubim, em Pernambuco, José Abelardo Barbosa de Medeiros chegou a tentar carreira como baterista, ingressou nas Forças Armadas e estudou Medicina antes de encontrar a verdadeira vocação. Começou como locutor da Rádio Tupi, na década de 1940, e passou por outras emissoras antes de chegar à televisão, também pela Tupi, em 1956.
Na TV, mudou de casa várias vezes, sempre com programas de sucesso, como Discoteca do Chacrinha e Buzina do Chacrinha (no qual apresentava calouros, distribuía abacaxis e perguntava: "Vai para o trono ou não vai?"). Já em 1982, o Cassino do Chacrinha foi um fenômeno de audiência da Globo.
Mesclando apresentações de grandes nomes da música e ilustres desconhecidos (os calouros), os programas também tinham como fator de sucesso a presença das chacretes - dançarinas em roupas mínimas e nomes exóticos como Rita Cadillac, Índia Amazonense e Fátima Boa Viagem.
O comunicador morreu em 30 de junho de 1988, vítima de câncer no pulmão. O último Cassino do Chacrinha foi ao ar dois dias depois.
O rei dos bordões
O Velho Guerreiro era um grande frasista. "Na televisão, nada se cria, tudo se copia", "Eu vim para confundir, não para explicar!" e "Quem não se comunica se trumbica!" são algumas de suas marcas registradas.
Quando o bacalhau encalhou nas Casas da Banha, seu patrocinador na Tupi, ele arrumou um jeito de reverter a situação, perguntando ao auditório: "Vocês querem bacalhau?". E atirava o peixe para a plateia, que disputava a tapa.
O termo "Terezinha" surgiu em substituição a um antigo patrocinador, a água sanitária Clarinha. Com a falência da empresa, queria continuar usando o nome, mas não podia. Então surgiu Terezinha, que tinha sonoridade similar.