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Samuca e a Selva apresenta álbum 'Tudo que move é sagrado' neste sábado na Capital
Lançado pela YB Music, novo álbum do grupo traz releituras de canções do compositor Ronaldo Bastos
"O momento não poderia ser melhor para chegar em Porto Alegre", anima-se Samuel Samuca, cantor, compositor e idealizador da banda Samuca e a Selva, que toca na Capital no sábado. Seu segundo álbum, Tudo que move é sagrado, tem causado ótima reações em público e crítica, e a agenda de shows do coletivo está bem movimentada. O palco do Agulha (Conselheiro Camargo, 300) talvez fique apertado para os 10 músicos da banda, mas deve transbordar ainda mais de motivos para fazer o público dançar, com uma mistura de jazz, salsa, afrobeat e muitos ritmos brasileiros e latinos. Ingressos, a partir de R$ 50,00, podem ser adquiridos no site Sympla.
Lançado pela YB Music, Tudo que move é sagrado traz releituras de canções do compositor Ronaldo Bastos em um contexto intencionalmente imprevisível. Algo que, segundo Samuca, vem desde o nascimento do projeto. "Fomos numa reunião com o Maurício (Tagliarini, produtor e dono do selo) para falar sobre um segundo trabalho autoral. Já tínhamos algumas músicas sendo trabalhadas, mas ele disse 'peraí, que eu tenho uma proposta para vocês'", recorda, rindo.
O alto astral, aliás, é uma das marcas do coletivo, que está junto desde 2014. Com uma pegada que o próprio Samuca descreve como "meio moleque", a ideia foi brincar com a sonoridade dos versos de Bastos, conhecido pela participação no Clube da Esquina e pela parceria com vários nomes icônicos da música brasileira. Em Trem azul, o som rítmico da locomotiva inspira uma sonoridade entre o soul e o afrobeat, enquanto Cais transforma a melancolia dos versos em pura latinidade, flertando com o cha-cha-cha.
Influenciada pelo maracatu rural, Circo Marimbondo teve tanta brincadeira que a banda chegou a temer pela reação do homenageado. "Mas ele deu muita risada", diverte-se Samuca. "Ele disse: 'vocês entenderam exatamente o que a música pede, é uma grande brincadeira mesmo'. Foi um grande barato!"
Além de brincar com o novo na hora de buscar ritmos e melodias, Tudo que move é sagrado é também uma coleção de novos nomes do cenário brasileiro e internacional. Artistas como Liniker, Filipe Catto, Criolo, a uruguaia Alfonsina e a moçambicana Lenna Bahule são apenas algumas das aparições em um disco multifacetado, que homenageia e desconstrói na mesma intensidade, com o mesmo sorriso no rosto.
Os porto-alegrenses terão, no sábado, a primeira chance de conferir ao vivo esse caldeirão musical - que trará também canções de Madurar, álbum de estreia do grupo. "É uma transa dos dois universos. Ao vivo é que se percebe se as coisas deram certo, e as músicas conversam muito bem entre si", anima-se. "A gente costuma dizer que somos uma banda de baile, nosso tesão é fazer show. É bem dançante, e acho que as pessoas vão voltar para casa se sentindo melhores do que quando entraram (na casa de shows)."
Portas abertas para novos artistas
A apresentação de Samuca e a Selva é uma das iniciativas do Circuito Orelhas, um projeto que busca agitar o cenário de shows independentes na Capital. A ideia é promover apresentação de artistas novos e lançando material novo, dividindo o palco com revelações do cenário regional. A abertura de sábado será do quarteto porto-alegrense Renascentes, que trará as músicas de seu segundo álbum, Dia real inventado, que mescla folclore regional, pop e experimental.
O circuito é idealizado pelo produtor cultural Bruno Melo, pelo historiador de arte Diego Groisman e pela cantora Miriane Brock. Os três trabalharam juntos na produção de grandes shows, como as apresentações de Paul McCartney e Roger Waters em Porto Alegre, e desenvolveram a ideia de eventos de menor custo, com curadoria criteriosa e preços atrativos para o público. "Um dos nossos desejos é trazer novas bandas que estão se destacando na cena brasileira e, ao mesmo tempo, abrir contatos para que bandas daqui possam tocar em outros lugares", explica Melo, em conversa com o Jornal do Comércio.
Além de consolidar o Circuito Orelhas como um espaço de novidade e qualidade, deve ser oferecida uma série de benefícios aos frequentadores fiéis, como forma de fidelizar o público. Além de descontos em shows futuros, Melo menciona parcerias com bandas e casas de show, oferecendo futuramente tanto camisetas e discos autografados quanto descontos na entrada e no consumo no bar.
Para os próximos meses, o Circuito Orelhas já confirmou shows de Clarice Falcão (2/8) e do grupo pop Rosa Neon, que virá à Capital em outubro. No final do ano, a ideia dos três amigos é promover um festival - uma forma de "consagrar o primeiro ano e chegar com tudo", como resume Melo.