Autor da Trilogia do gaúcho a pé, Cyro Martins contribuiu para psicanálise

Cyro Martins (1908-1995) deixou sua marca na literatura gaúcha com a Trilogia do gaúcho a pé e também foi um intelectual de referência no desenvolvimento da psicanálise no Rio Grande do Sul.

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Reedição de obras do escritor e psicanalista virou sucesso editorial
Um dos expoentes da geração de 1930 do Rio Grande do Sul - pródiga em nomes célebres, seja nas letras (Erico Verissimo, Mario Quintana, Dyonélio Machado e Aureliano de Figueiredo Pinto) ou nas artes visuais (Vasco Prado, Carlos Scliar, Iberê Camargo, Xico Stockinger, Glênio Bianchetti e Danúbio Gonçalves) -, Cyro Martins (1908-1995) deixou sua marca na literatura gaúcha com a Trilogia do gaúcho a pé e também foi um intelectual de referência no desenvolvimento da psicanálise no Rio Grande do Sul.
Em Sem rumo (1937), Porteira fechada (1944) e Estrada nova (1953), Martins mostra o gaúcho empobrecido, obrigado a abandonar as estâncias, buscando refúgio na periferia das cidades. "A obra de Cyro Martins da primeira fase, em especial a trilogia, apresenta um acentuado cunho sociológico. É o autor dando voz a quem está à margem do sistema", analisa Carlos Jorge Appel, dono da Editora Movimento, responsável pela impressão da maior parte da obra de Cyro Martins.
De acordo com Appel, o término da Primeira Guerra Mundial em 1918 ocasionaria a crise e o fechamento do Banco Pelotense, das charqueadas e dos frigoríficos da fronteira. No calor do momento, segundo ele, Martins soube fazer a leitura apropriada desse mundo em ruínas, ao dizer: "Pesa-nos a dura consciência da realidade".
É em um memorável artigo publicado em 1994, com o título de Regionalismo, Modernismo e o surgimento do romance de 30, presente em Páginas soltas, que Cyro Martins se posiciona ante o legado recebido e analisa a obra de Simões Lopes Neto e de Alcides Maya. É na linguagem, portanto, que reside a universalidade da obra de Simões Lopes Neto. Nele, Martins detecta a tradição e a instauração do novo simultaneamente. Mais que a representação do regional, importa a expressão literária. Essa ideia torna-se, a cada dia, mais evidente para Cyro Martins, na medida em que avança na elaboração de suas obras.
Na esteira de Simões Lopes Neto e de Alcides Maya, segundo Appel, Martins ainda vai pagar algum tributo à tradição nos contos iniciais de Campo fora. Porém, muito cedo, começa a se questionar sobre o que fazer para renovar e atualizar o regionalismo. Primeiro, incorpora os princípios de Modernismo, com sua permanente pesquisa estética, a simplicidade de expressão e a simpatia pelos assuntos cotidianos. "O seu projeto é também o da geração de 1930: substituir a idealização e os clichês românticos pelo enfoque realista. Cyro entende que seu regionalismo deve expressar um novo tempo. Por isso, deverá ser distinto de tudo o que o precedeu", explica Appel.
Engana-se, entretanto, quem relegar a obra de Cyro Martins apenas à trilogia, escrita sem intenção premeditada, conforme o próprio autor deixou registrado no prefácio da oitava edição de Sem rumo (1997).
"Ele sabia que a trilogia se tornara algo tão marcante, a ponto de prejudicar a compreensão mais ampla e profunda de sua obra. Consciente desse impasse, ele buscou superá-lo", relembra o editor da Movimento.
Aos poucos, com o aparecimento de obras como A dama do saladeiro (contos, 1980), O príncipe da vila (novela, 1982) e Na curva do arco-íris (romance, 1985), a crítica passou a perceber que a sua vinculação com a campanha se fazia no sentido antropológico. Ou seja, contar a história de pessoas que vivem em um espaço fronteiriço serve para como em qualquer outro lugar do mundo desvelar o homem que ali vive.
"A fronteira é seu espaço e sua história, mas é também a de todos os gaúchos que ali vivem. Sua imaginação é muito marcada por esse espaço, que é seu cenário. Mas os limites espaciais e temporais logo se transformam em metáforas, que indicam a busca de um significado. Isso vale para Enquanto as águas correm, também para O príncipe da vila, Na curva do arco-íris e Um sorriso para o destino, seu último livro de ficção", relata Appel.
O mundo em que vivemos, editado em 1983, constitui o texto básico das ideias científicas de Cyro Martins e contribui para fixar a importância do escritor tanto no campo literário como no científico. Com essa obra, Martins deixa de ser conhecido apenas por sua obra regional e passa a ser conhecido como escritor universal.

Além do regionalismo tradicional

"A obra de Cyro Martins teve grande impacto em sua época e pode ser lida hoje em dia, pois guarda sua atualidade no momento em que a periferia da Capital continua a se encher de pessoas que abandonaram suas atividades no interior do Estado, sobretudo as do campo. Suas palavras foram proféticas", afirma a pesquisadora e professora Zilá Bernd, da Universidade La Salle, de Canoas.
Fã da Trilogia do gaúcho a pé, Zilá avalia que Cyro Martins deixou seu legado maior na literatura gaúcha ao romper com o regionalismo de base tradicional para criar o regionalismo dissidente, ou seja, aquele que elege a figura do gaúcho a pé, que, hoje, seria o sem-terra, como herói de seus romances.
Para a professora, esse regionalismo dissidente reflete uma consciência crítica de subdesenvolvimento, reflexo do entendimento da realidade como problema suscetível de mudança. Portanto, segundo sua análise, o grande legado de Cyro Martins é inaugurar o regionalismo baseado na consciência crítica da realidade e que deu origem à "inesquecível" trilogia.
No primeiro romance - Sem rumo -, o personagem Chiru, jovem peão da estância do Silêncio, depois de expulso da fazenda e preso, inicia seu processo de passagem de uma consciência ingênua da realidade para uma consciência crítica, mas ainda está sem rumo. O segundo, Porteira fechada, apresenta a situação da migração já bastante aprofundada, com o esvaziamento do campo, apontando para o fato de que tanto o personagem João Guedes, peão da estância desenraizado, quanto o estancieiro, Coronel Ramiro, encontram-se na situação de "exilados da distância", pois enquanto o primeiro perde o cavalo, o segundo perde o poder: sem peões, termina sua ingerência no governo municipal.
"Por fim, o terceiro romance da trilogia, Estrada nova, é, sem dúvida, a principal criação literária de Cyro Martins, que, com o personagem Ricardo, cria um porta-voz da esperança com as novas leis trabalhistas que começam a surgir com o governo Vargas", relata Zilá.
Já o professor Carlos Jorge Appel destaca a importância do personagem seu Bilo, pai do próprio escritor, que aparece em várias obras, como Cerro do marco, Gaúchos no obelisco e também em O professor, que traz, ainda, personagens muito fortes: o professor Lucílio Caravaca e o poeta Alceu Wamosy.
Amigo de Cyro Martins por 28 anos, de 1967 até a morte do escritor, em 1995, Appel cita entre os textos mais importantes O menino vai para o colégio, cuja narrativa, originalmente, fazia parte da obra Enquanto as águas correm. "Quando li essa obra, percebi que ela poderia ser editada em separado. Disse ao Cyro: aqui, você tem uma maravilhosa novela, que era a própria história dele e do irmão, que chegam do Interior para estudar em Porto Alegre, no Colégio Anchieta".
Após esse livro, conforme Appel, Martins volta para os contos, mas é aconselhado novamente por seu editor no sentido de aproveitar a sua acuidade para debruçar-se sobre os grandes episódios que marcaram a história do Rio Grande do Sul: as revoluções de 1893, 1923, 1930, em que sobressai Gaúchos no obelisco. "Em princípio, ele não iria fazer, mas, depois de minha insistência, topou e passou a escrever. Cyro levava em consideração o que eu dizia, mas tinha noção clara do que desejava."
Com uma visão sociológica e política da realidade, faltava, na obra de Cyro Martins, uma presença mais forte da mulher, acrescenta Appel. "Nos romances sobre a Campanha, a mulher sempre havia sido retratada como em papéis secundários. Recomendei a ele que seria necessário oferecer uma visão mais universal da mulher. Surgiu, então, O príncipe da vila, que considero uma das 10 melhores novelas da literatura brasileira, cuja personagem principal é uma mulher. É quando Cyro mergulha no tema do feminismo", conta o editor.
Autor sempre ligado nos temas da atualidade, Cyro Martins faz muita falta, afirma a professora Zilá. "Uma pergunta que se impõe é como o autor reagiria - se estivesse vivo hoje em dia - diante de tanta gente vivendo nas ruas de Porto Alegre, embaixo de marquises e em condições de absoluta precariedade. Sua mensagem foi profética, e a leitura de suas obras ilumina nossa visão de mundo", completa ela. 

Livros de Cyro Martins

  • Campo fora (1934, Ed. Globo)
  • Sem rumo (1937, Ed. Ariel)
  • Enquanto as águas correm (1939, Ed. Globo)
  • Mensagem errante (1942, Ed. Globo)
  • Porteira fechada (1944, Ed. Globo)
  • Estrada nova (1954, Ed. Brasiliense)
  • A entrevista (1968, Ed. Sulina)
  • Rodeio - Estampa e perfis (1976, Ed. Movimento)
  • Sombras na correnteza (1979, Ed. Movimento)
  • A dama do saladeiro (1980, Ed. Movimento)
  • O príncipe da vila (1982, L&PM)
  • O mundo em que vivemos (1983, Ed. Movimento)
  • Gaúchos no obelisco (1984, Ed. Movimento)
  • A mulher na sociedade atual (ensaio) (1984, Ed. Movimento)
  • Na curva do arco-íris (1985, Ed. Movimento)
  • O professor (1988, Ed. Movimento)
  • Para início de conversa (memórias) (1990, Ed. Movimento)
  • Um sorriso para o destino (1991, Ed. Movimento)
  • Páginas soltas (1994, Ed. Movimento) 

Da literatura à psicanálise

Médico de formação, Cyro Martins deixou um legado importante na psicanálise do Rio Grande do Sul - foi um dos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA). A entidade completou 55 anos de existência em 2018.
A SPPA passou por longas etapas até ser reconhecida como tal, em 23 de julho de 1963, no Congresso de Psicanálise, em Estocolmo, pela International Psychoanalitycal Association (IPA) - instituição criada por Sigmund Freud em 1910, sediada em Londres, que serve de referência científica para os psicanalistas do mundo inteiro.
A história remonta a 1947, quando o casal de psiquiatras Mário Martins e Zaira Bittencourt Martins retornam de Buenos Aires, onde fizeram a sua formação analítica. Em Porto Alegre, ao lado de outros analistas, eles criaram, em 15 de outubro de 1957, o Centro de Estudos Psicanalíticos.
A luta pelo reconhecimento do Centro pela IPA, entretanto, quase arrefeceu. Isso porque a associação tomou a resolução de que as novas entidades psicanalíticas só poderiam pretender ascender a membros integrantes do organismo internacional caso se submetessem à supervisão de uma das sociedades psicanalíticas já existentes no País, e não mais pela sua livre escolha, como até então.
"Isso nos cortou a possibilidade de pedirmos a supervisão a Buenos Aires, origem de quatro dos cinco analistas radicados em Porto Alegre", relembra Cyro Martins, um dos fundadores e um dos ex-presidentes da SPPA, em seu livro Para início de conversa, escrito em parceria com o psicanalista Abrão Slavutzky (Editora Movimento).
"Mesmo assim, a Associação Psicanalítica Argentina (APA) nos deu uma mão muito forte, em 1959, conferindo a Mário Martins e a José Lemmertz o grau de membros titulares. Sem dúvida, essa medida influiu muito para a nossa primeira grande vitória no campo institucional, o reconhecimento do nosso Grupo de Estudos Psicanalíticos em 1961, que antecedeu a criação da SPPA", complementa o escritor.
Mais antiga das entidades psicanalíticas ligadas à IPA no Rio Grande do Sul, a SPPA teve como fundadores, e primeiros psicanalistas credenciados para formar novos analistas, os médicos Mário Martins, Cyro Martins, José Jaime Lemmertz e Celestino Prunes. 

Maior inserção na sociedade

Criada com o objetivo de contribuir para a divulgação e difusão da psicanálise como método terapêutico e formação de novos psicanalistas, a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA) tem se dedicado também a uma outra vertente: a difusão da psicanálise no âmbito da comunidade e da cultura.
"Desde o início, nossa preocupação era formar psicanalistas, depois, isso foi se ampliando, e a participação na sociedade assumiu grande importância", relata Isaac Pechansky, da segunda geração do pioneiros da SPPA.
Voltada para o estudo do inconsciente humano, a psicanálise ganha cada vez mais espaço e atenção da sociedade, segundo Pechansky, pela abrangência de suas aplicações. "Por isso, fica difícil, hoje em dia, para uma sociedade psicanalítica permanecer enclausurada em sua casa e fechar os olhos para o que está acontecendo em volta. Isso não é mais possível. Se fechar os olhos, ela tende a sucumbir", acrescenta.
A relação da SPPA com a época em que vive, entretanto, não ocorre somente por meio de iniciativas de cunho social. Em seus 55 anos de vida, sua representatividade também se faz presente em quase todos os congressos internacionais de psicanálise, em que são debatidos os temas da atualidade e apresentados trabalhos psicanalíticos por seus integrantes.
O reconhecimento da SPPA na cena internacional da psicanálise, conforme Isaac Pechansky, teve sua culminância quando o psicanalista Cláudio Laks Eizirik (presidente da SPPA na gestão 1994-1995) tornou-se, em 2006, o primeiro brasileiro e o segundo latino-americano a ser eleito presidente da Associação Internacional de Psicanálise (IPA), que congrega todas as sociedades psicanalistas do mundo inteiro. "Desde então, vários colegas da SPPA passaram a fazer parte do board da IPA, e isso demonstra que nossa sociedade está sempre presente no contexto internacional da formação psicanalítica", conclui Pechansky. 

As fronteiras entre o público e o privado

O uso cada vez maior de tecnologias como realidade virtual nos cursos de Medicina com o intuito de incrementar o ensino provoca um forte impacto no aluno quando este, em meio aos postos de saúde ou hospitais, se depara com uma pessoa, com aquele olhar de socorro, de sofrimento que não é virtual, mas real.
As discussões entre o público e o privado, mais o uso das tecnologias, estão entre os pontos mais críticos da psicanálise. Atualmente, existe, inclusive, uma orientação no sentido de fornecer suporte emocional a esses alunos que saem de uma situação fictícia para a crueza da realidade em que vivemos.
"Esse confronto do estudante de Medicina com a realidade do paciente é claramente uma novidade de uma modificação causada pela tecnologia que não sabemos como lidar, porque nossos referenciais ainda são claramente inadequados para isso", informou José Roberto Goldin, professor de Medicina da Pucrs e um dos palestrantes do evento O sujeito contemporâneo, entre o público e o privado, realizado pela Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA) na capital gaúcha.
Conforme Goldin, "é muito diferente para o estudante ver o corpo humano na realidade virtual, de forma privada, do que de forma direta com o paciente, de forma pública. Ouvimos falar do privado, mas essa palavra adquiriu significados dos mais variados possíveis".
No caso da psicanálise, Cláudio Laks Eizirik, da SPPA, lembrou que esses profissionais são acostumados a trabalhar com o espaço privado, onde é o seu locus de movimentação, em que lidam com o íntimo do paciente. Entretanto, ao mesmo tempo, estão no espaço público e essa dialética, entre o púbico e o privado e seus limites, representa um desafio contemporâneo porque não existe possibilidade do psicanalista ficar em uma torre de marfim.
"As fronteiras não estão nítidas, há mais ambiguidade e mais justaposição. Se olharmos para o que acontece nos consultórios de psicanálise hoje, a nossa prática tradicional, apenas pela palavra, sofreu um acréscimo: os pacientes trazem seus celulares, seus iPads e as imagens entram como elemento natural. Esse espaço se sobrepõe muitas vezes, e nós, que atendemos, também somos cidadãos do mundo, vivemos as mesmas angústias e as preocupações e estamos imersos na construção dessa realidade compartilhada com o paciente", acrescentou Eizirik.
Sobre as fronteiras entre o que é público e o que é privado, Felipe Gonçalves Silva, professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), afirmou que os riscos atuais provocados pelas tecnologias de controle e de observação "fragilizam a privacidade e podem fazer a passagem entre o público e o privado de uma forma traumática e até mesmo ilegítima". 

Na revista, a difusão do conhecimento

Criada há exatos 25 anos pelo psicanalista Luiz Carlos Meneghini, no mesmo dia em que a entidade completava 30 anos de fundação, a Revista da SPPA é definida pelo italiano Stefano Bolognini, ex-presidente da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) e membro do conselho editorial europeu do International Journal of Psychoanalysis (2002-2012), como uma das publicações de psicanálise que detém uma dimensão muito mais internacional em comparação a outras de referência histórica.
"A revista surgiu de um desejo de que a sociedade pudesse ser também a transmissora de conhecimentos psicanalíticos, da forma como nós a entendemos e de como deve ser estudada e aplicada", diz Lúcia Thaler, editora da revista.
São publicadas três edições por ano: duas são sempre temáticas, e a terceira é dedicada a assuntos da atualidade, como ódio, amor, corpo e casos de Freud revisados, entre outros. Com uma tiragem de 400 exemplares, ela é totalmente subsidiada pelos próprios membros da SPPA e de assinantes do País e do exterior. "O aspecto clínico é sempre muito presente na revista, e esse é um elemento crucial para os profissionais dessa área terapêutica", assinala Bolognini em entrevista por e-mail.
De interesse não somente para os analistas, a revista da SPPA também é acompanhada por profissionais de outras áreas afins. Em depoimento, o ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) Rogério Wolf Aguiar destacou a importância da publicação. "O esforço editorial é certamente compensado pelo que contribui para a divulgação do trabalho realizado pela sociedade. É um espaço de comunicação entre a entidade, seus pares e a população em geral devidamente registrado", completa ele. 

*Milton Wells é jornalista, com passagens pela Companhia Caldas Júnior, Zero Hora, Jornal do Comércio e pela extinta Gazeta Mercantil, jornal no qual trabalhou por 20 anos como repórter, correspondente e diretor. Tem quatro livros publicados e atua como editor do portal Revista Modal