Diálogo das artes: Santander Cultural inaugura novas mostras de artes visuais

RSXXI - Rio Grande do Sul experimental e O museu desmiolado abrem esta semana

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Obra de Marina Camargo integra mostra RSXXI do Santander Cultural
Nesta semana, o Santander Cultural (Sete de Setembro, 1.028) traz duas novidades na programação de artes visuais: a inauguração de mostras exclusivas. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, RSXXI - Rio Grande do Sul experimental tem cerimônia de abertura para convidados nesta terça-feira, às 19h. A partir de amanhã, o público poderá apreciar 80 obras de 12 destacados artistas da cena contemporânea gaúcha.
Já no sábado, às 16h, o espaço inaugura O museu desmiolado. Com curadoria de Ceres Storchi e Cláudia Antunes, a mostra é baseada no livro homônimo do poeta Alexandre Brito. A seleção é um convite para refletir o papel e a importância dos museus no mundo por meio de poemas musealizados.
Curador de RSXXI, Paulo Herkenhoff afirma: "O Brasil é gaúcho. Esses jovens artistas assumem a agenda nacional. Não se circunscrevem mais aos limites do Estado. Atuam pelo País, propõem narrativas brasileiras". Em seu texto de apresentação, ele aponta influências da história, da psicanálise, da cartografia e da literatura na produção artística de nomes daqui.
O Santander Cultural investe na arte contemporânea brasileira por meio do talento de artistas consagrados e novos talentos - motivo do Projeto RS Contemporâneo. A exposição, que parte de uma sigla de fácil memória e que provoca curiosidade, se propõe a articular a força do processo de criação contemporâneo de artistas locais.
Sem a pretensão de um levantamento completo, a iniciativa se apresenta com um recorte de artistas: André Severo, Cristiano Lenhardt, Daniel Escobar, Laura Cattani e Munir Klamt (Ío), Isabel Ramil, Ismael Monticelli, Leandro Machado, Marina Camargo, Michel Zózimo, Rafael Pagatini, Romy Pocztaruk e Xadalu. Eles apresentam fotografias, livros, instalações, vídeos, objetos, esculturas, serigrafias e documentos.
O Santander Cultural abre de terças-feiras a sábado, das 10h às 19h, e, aos domingos, das 13h às 19h. Ambas as atrações ficam em cartaz até 29 de julho, com entrada franca.

Memória em construção

De forma lúdica e poética, a exposição O museu desmiolado é estruturada em formato de núcleos por meio de uma seleção de 12 poemas musealizados com objetos, músicas, paisagens, sentimentos e lugares descritos nos versos do autor Alexandre Brito. São apresentados botões de roupas, relógios parados, minúsculos objetos, a solidão que vive em cada um de nós, o sinistro, o vento, o local onde vivem musas, as paisagens crepusculares, as palavras que já não usamos mais, palíndromos e um local chamado "fim do mundo".
Uma vez que a origem da palavra grega "museu" remete à "casa das musas", no dia da abertura, e em 1 e 27 de julho, ocorre a performance Filhas da memória, com concepção e direção de Gabriela Poester. São nove atrizes que representam as filhas de Mnemóside e de Zeus. Na mitologia, Calíope (eloquência), Clio (história), Erato (poesia lírica), Euterpe (música), Melpôneme (tragédia), Políminia (música sacra), Tália (comédia), Terpsícore (dança) e Urânia (astronomia e astrologia) inspiravam as artes e as ciências.
Museu (lugar de geração de conhecimento), arte, educação, memória e poesia são as palavras-chave da mostra. As curadoras comentam sobre a iniciativa que dá protagonismo ao público infantojuvenil. Cláudia Antunes lembra que, "com o livro nas mãos, surgiu a necessidade de buscar uma parceria sólida e frutífera para concretizar o projeto e interpretar os poemas, segundo a ótica da museologia, da curadoria e da arte-educação". E Ceres Storchi destaca: "A riqueza desse panorama poético é uma experiência do mundo dos sonhos, da imaginação e dos sentidos".