Indicadores da Economia ditam o ritmo do comércio em 2022

Três meses do ano já se foram e deixam saudade? Em parte não, mas o que vem pela frente também não indica que a situação será tão promissora. O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, fez um exame bem pé no chão que a coluna faz questão de trazer.

Dados de empregos formais recentes, como o panorama do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que o varejo não veio bem no Estado. Terminou fevereiro no negativo, ou seja, demitiu mais que contratou: o saldo negativo de quase mil vagas, depois de registrar em janeiro, o inverno: saldo positivo de 2,2 mil postos. 

O comércio foi o único com saldo adverso, entre os cinco setores, que se completam com agropecuária, construção civil, indústria e outros serviços. O Estado fechou com 25 mil admitidos a mais que demitidos. 

A indústria, mesmo com saldo de 13,2 mil postos, não consegue ter resultados consistentes, após a recuperação causada pelo tombo originado da pandemia. O setor manteve a dianteira nas contratações, mas em menor ritmo em fevereiro. Em janeiro, havia chegado perto de 16,5 mil contratações a mais que dispensas.  

Frank observa que o setor está 6,3% abaixo do patamar de janeiro de 2021 e avalia que o comércio vem sofrendo muito com a conjuntura de custos pressionados, juros altos, quebra das cadeias econômicas e dificuldade de acesso a insumos e suprimentos.

"É difícil gerar conclusões a partir de um dado mensal, mas é fato que a categoria vem passando por um momento de dificuldade. Alguns ramos vinham performando muito bem em 2021, como hiper e supermercados, em função do movimento de abertura de lojas de grandes redes. É natural também que, nesse e outros casos, ocorra uma acomodação", analisa o economista-chefe da CDL-POA.

Outro dado que é importante olhar é o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que é calculado para o quadro nacional e que auxilia a anteceder tendência, caiu 1,4 ponto em fevereiro, em relação a janeiro. Frank atenta que pe a quarta retração consecutiva.

"O patamar de 75,1 pontos do IAEmp é o menor desde agosto de 2020 e está 16,9 pontos aquém do verificado antes do começo das medidas de distanciamento adotadas para frear a contaminação da Covid-19", adiciona o economista, para completar o cardápio do cenário do mercado de trabalho. 

Por que é tão importante olhar estes indicadores? Emprego é renda, que alimenta, cujo nível também depende de como evolui a inflação, a demanda para os negócios, como empresas do varejo.