Comitiva gaúcha busca respostas no palco do varejo mundial

Por sete dias, grupo vai mergulhar nas novidades que pautam segmento para o futuro

Por Patrícia Comunello

Fabiano Zortéa, do Sebrae-RS, definiu as agendas técnicas da comitiva
O palco da pandemia é Nova York e não só pela disseminação da variante Ômicron. A partir desta sexta-feira (14), a coluna Minuto Varejo acompanha uma comitiva gaúcha com especialistas, empresas e dirigentes do varejo gaúcho que vai emergir nos impactos da crise sanitária no consumo, mudanças que enviam sinais para o segmento no Brasil e inspirações que a maior feira de varejo do mundo trará.
A NRF Big Show, promovida pela Federação Nacional do Varejo norte-americano (NRF), que este ano retoma o presencial, após a edição de 2021 ter sido virtual, será um dos momentos mais efervescentes. Serão três dias, de domingo (16) a terça-feira (18), e mais de 22 mil varejistas, expositores e conferencistas no Centro de Eventos Jacobs Javits, no lado oeste de Manhattan.
A edição segue protocolos sanitários bem rigorosos, com alertas incisivos sobre os cuidados. O portal do evento no https://nrfbigshow.nrf.com/, os alertas sobre protocolos dominam todas as áreas de conteúdos.  Até porque a cidade sede vive elevação exponencial de casos de Covid, além de pressão pro atendimento em hospitais.
E o que vai marcar está NRF BIg Show? Em edições desde 2015, o futuro da loja física e uso de tecnologias no conceito de omnichannel pautaram cases e cenários traçados por gurus e varejos inovadores.
“Vemos ambiente de vendas diferente dentro de uma Nova Iorque mais silenciosa e ponderada (efeito da pandemia), mas que continua sendo um grande laboratório de varejo”, antecipa o especialista do Sebrae-RS que coordena um grupo de empreendedores que chega nesta sexta-feira à cidade, Fabiano Zortéa. Em conversa com a coluna, Zortéa adiantou a agenda de visitas técnicas que já foi definida. Ele chegou na segunda-feira (10) a Nova Iorque para fechar o roteiro.
“Temos exemplos que surpreenderam em 2021, como Starbucks, Puma, Google e Harry Potter que trazem uma forma de oferecer um varejo conectado com o futuro e ponderado pelas restrições do presente”, conceitua Zortéa. A boa notícia é que a comitiva vai conhecer todos estes locais. Nesta sexta-feira, serão quatro, entre eles a loja do Harry Potter e Starbucks (veja a agenda completa nesta página).
Dilemas que norteiam o setor no Rio Grande do Sul também estão nas ruas da cidade, mas que sofre com restrições. O efeito disso, diz o especialista do Sebrae, é que as medidas de segurança precisam Estar em todo lugar. “O varejo precisa ajustar estratégias de venda para que a experiência física seja mais objetiva.” Por isso, ambientes que no passado apostaram em experiência presencial e toque, com uso de tecnologias, estão tendo de se adaptar.
Quem manteve área de customização e interacao é porque tem baixo fluxo de pessoas. “Assim é possível oferecer este tipo de atração. No geral, há busca de frequência mais segura”.
O presidente da CDL Porto Alegre (CDL-POA), Irio Piva, comenta que a expectativa é grande “já que em 2021 não teve o presencial”. Também ganha mais relevância o fato de estar ocorrendo um reaquecimento da pandemia.
“Muitas coisas mudaram, como a intensificação da digitalização. O que é presencial agora é virtual”, cita Piva, que está na comitiva. Um grupo da direção e área de gestão da CDL-POA está na viagem. “Um dos grandes temas será o metaverso”, adianta o dirigente, de olho principalmente em tendências que em pouco ou mais tempo baterão à porta do varejo brasileiro.
O metaverso ganhou força, após o anúncio de Mark Zuckerberg de que o Facebook passaria a se chamar Meta. O conceito de metaverso reúne uso de realidade virtual e realidade aumentada para criar ambientes de compras.
Participam da iniciativa as empresas Boutique de Aromas (Panambi), Criamigos (Gramado), Da Luz Calçados (Três de Maio), Empório Essenza (Marau), Meia & Cia (Canoas), Produspet (Nova Prata), Raquel Gubert Ateliê (Santo Ângelo), Sommelier Vinhos (Porto Alegre), Pórtico Móveis e Subway (Bento Gonçalves). 

Lojistas buscam novas referências para negócios

Serão pelo menos 10 pequenos empreendedores no grupo que o Sebrae-RS estão levando ao palco mundial do varejo. Juliana Guterres, pequena empreendedora e dona da Meia e Cia, com sede em Canoas, chega ao destino atrás de uma resposta:
“Quero entender o que houve em dois anos de pandemia. Acho que o comportamento do consumidor deu um salto muito rápido”, observa ela. Juliana participou em 2018 pela primeira vez da NRF e diz que muitas das aplicações e conceitos como omnichannel - a ideia da convergência dos canais físicos e digitais, se intensificaram no mercado na pandemia.
“Parece que está ultrapassado, mas agora que, na prática, estamos usando. A gente conseguiu acelerar o uso desses ferramentas”, diz ela, no rastro das mudanças geradas pela pandemia.
“O meu foco agora é saber o que fazemos com isso, principalmente o que fazemos dessa aceleração da tecnologia sem perder o foco no que é o pequeno varejo, no relacionamento e experiência interpessoal”.
Veronicah quer ver referências para impuslionar as franquias da marca do seu negócio
Também está no grupo Veronicah Sella, uma das sócias-fundadoras da Criamigos, um negócio de customização de ursinhos de pelúcia. O negócio foi efeito de uma ida à NRF, e 2015. “Um ano e meio depois montamos o Criamigos, que foi inspirada em uma loja nos Estados Unidos, mas adaptada, principalmente com foco em emoção”, descreve Veronicah, que com a sócia Natiele Krassmann, tem hoje 38 operações, sendo 37 delas franquias.
Pela segunda vez em Nova Iorque, a sócia-fundadora da Criamigos vai atrás de referências desde uso de tecnologias e soluções na relação do digital com físico, uma demanda do negócio que é basicamente presencial e por isso sofreu na pandemia. Além disso, ideias que possam incrementar o modelo de franquia também estão na mira da empreendedora de Gramado, na Serra Gaúcha.
“Precisamos garantir que nossos franqueados tenham ganhos com a atividade”, comenta Veronicah. Para a fundadora da loja onde a criança pode montar o ursinho do jeito que imagina e deseja, incluindo referência de voz e com certidão de nascimento, Nova York tem exemplos que não precisam ser do mesmo negócio que podem ajudar a renovar estratégias desde a experiência e como tornar a relação com o digital tão boa como no presencial.

Como vai ser a jornada em Nova York

NRF Retail's Big Show: 16 a 18 de janeiro
Onde: Centro de Eventos Jacobs Javits, na Ilha de Manhattan
Atrativos: palestras e conferências com nomes de marcas e instituições globais do Varejo, exposição de tecnologias e inovação e seções de startups e outras novidades
Visitas técnicas: são rodadas por varejos considerados ícones recentes no setor
O que a comitiva gaúcha vai ver:
Dia 14: visitas ao Eataly (mercado focado em experiências de gastronomia e consumo de produtos com origem na Itália), Harry Potter Store, Google Store e Starbucks Reserve Roastery
Dia 19: Ornare, Starbucks Pickup Amazon Go, Puma Flagship, Chelsea Market, Camp - a family experiente Store, Reddy e Galeria Melissa
Cobertura da coluna: notícias diárias na coluna no site do JC, redes sociais e transmissão ao vivo, a partir de domingo (16), às 19h, com o que está rolando na feira e na interação com o varejo de NY