Ano deve ser de crescimento de startups gigantes no Brasil, aponta KPMG

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As "emerging giants" geram receitas mais robustas, explica Garcia
As startups brasileiras estão mais maduras e cada vez mais atraentes para os investimentos de risco, e um dos reflexos disso é o crescimento do potencial de se tornarem gigantes. São as chamadas emerging giants, startups consolidadas, com fit com o mercado, boa parte já lucrativas e com participação em rodadas relevantes de investimentos.
No Brasil, o segmento que melhor representa esse fenômeno é o das fintechs (27,6%), seguida de adtechs (12,4%), retailtechs (10,5%), healthtechs (5,7%), edtechs (5,7%) e rhtechs (4,8%). Os dados fazem parte do levantamento das “Emerging Giants”, produzido por KPMG e Distrito, a partir da análise de 105 Emerging Giants brasileiras.
Os investimentos neste perfil de operação no Brasil já ultrapassam US$ 1,3 bilhão desde 2011. Entre as emerging giants brasileiras estão a gaúcha Zenvia e Warren e players como Agrosmart, Cargobr, Clicksign e Getninjas.
“As empresas que estão nesse nível geram receitas mais robustas e com elevado potencial de crescimento. Além disso, entendemos que as startups são muito mais do que boas oportunidades de investimento, são empresas com o propósito de resolver problemas reais e o sucesso não depende somente do capital”, analisa o sócio-diretor e líder do Programa Emerging Giants da KPMG no Brasil, Diogo Garcia.
São operações que estão no caminho de se tornarem gigantes, muito próximas de movimentos como o de M&A, abertura de capital ou de se tornarem unicórnios. Essas empresas estão concentradas na região Sudeste do Brasil, com 78,1%, seguidas do Sul (18,1%), Nordeste (1,9%) e Centro-Oeste (1,9%).
O boom das startups emerging giants no Brasil vem acontecendo desde 2012. Em média, essas empresas operam há sete anos. Juntas, empregam mais de 15 mil pessoas. Mais de 40% têm entre 100 e 200 funcionários. Quase metade dos fundadores tem pós-graduação e/ou tiveram experiência acadêmica fora do Brasil e 47% têm ao menos um fundador que já empreendeu antes.
Em 2021, o investimento de capital de risco em inovação e tecnologia chegou a R$ 50,13 bilhões até novembro, mais o que o dobro do total de 2020. Segundo Garcia, a injeção de capital é fundamental para o ecossistema. “Não adianta termos todos os players conectados se não tiver capital para fazer com que as empresas coloquem de pé as suas ideias”, diz.
E isso tende a aumentar, a partir de um processo de retroalimentação. “Os investir nas startups, elas se tornam mais maduras, servem de modelo para outras empresas e passam a atrair as grandes corporações, que enxergam nessas operações, potencial para ajudá-las a responder problemas do dia a dia”, analisa.
Segundo o gestor, um dos segmentos com mais potencial de crescimento nos próximos anos é o das retailtechs, startups que atuam no mercado de varejo. Entre as startups Emerging Giants mapeadas no estudo deste setor estão a Intelipost, Propz e Involves.
“Muito se tem falado sobre o surgimento de novos ecossistemas de negócios no varejo e, neste contexto, as retailtechs têm exercido um papel muito importante, uma vez que elas trazem conhecimento e ferramentas que são altamente procuradas por empresas que buscam complementar seu portfólio e aumentar seu raio de atuação rumo a se tornarem ecossistemas”, relata Fernando Gambôa, sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul. Segundo ele, por esse ser um setor muito demandante e dinâmico, a expectativa é que ocorra um aumento cada vez maior de transações M&A evolvendo essas operações.