Economia diferente

Pensadores buscam soluções para problemas econômicos envolvendo nacionalismos e outros tópicos relevantes de nosso planeta

Por Jaime Cimenti

Nos últimos tempos vários livros sobre novas ideias sobre economia foram lançados. Os pensadores buscam soluções e alternativas para problemas econômicos envolvendo nacionalismos, globalização, distribuição de renda, imigração e outros tópicos relevantes de nosso planeta.
Outra economia é possível (Editora Zahar, 292 páginas, tradução de Renato Aguiar e revisão técnica de Norberto Montani Martins), coletânea de artigos organizada pelo celebrado sociólogo espanhol Manuel Castells, se insere perfeitamente nessa tendência de procurar novos rumos para resolução de graves problemas econômicos que persistem.
Castells é um dos pensadores mais influentes da atualidade. É considerado o principal intelectual da sociedade conectada. Ele é professor da Universidade do Sul da Califórnia e da Universidade Aberta da Catalunha e foi professor visitante no MIT e nas Universidades de Oxford e Cambridge. Publicou dezenas de livros e já palestrou em mais de 40 países. É o autor da famosa trilogia A era da informação.
Castells, Sarah Baner Weiser, Giorgos Kallis, Svetlana Hlebik, Lana Swartz, Lisa J. Servon, Angelos Varvarousis, Sara Pink e Kirsten Seale assinam os textos que tratam das relações da cultura com a economia, de economia sem crescimento, bitcoin, práticas econômicas alternativas em Barcelona, atividade bancária ética, redes de solidariedade e transações não monetárias e outros temas importantes da atualidade.
Manuel Castells e a equipe internacional de pesquisadores desenvolvem aqui dois importantes argumentos teóricos: a economia, sendo uma prática humana, é moldada pela cultura; e a diversidade de culturas implica a possibilidade de diferentes economias. O livro é plural, urgente e costurado com a premissa de que há tantas práticas econômicas quantas forem as culturas, pois a economia não apenas se relaciona com a cultura: a economia é cultura.
Os autores fazem a interseção da economia, ciências sociais e cultura, para que se possa compreender as mudanças que as sociedades e economias enfrentam hoje. É bom lembrar que ainda hoje sentimos os efeitos da crise financeira mundial de 2008, quando estados tiveram que intervir para evitar a quebradeira bancária.

Confraria da Grappa, primeira e única

Jornalistas e cronistas devem registrar fatos históricos relevantes para que a posteridade não os esqueça. No outono deste ano, numa linda festa de casamento em Flores da Cunha, em meio a várias garrafas de grappa oferecidas gentilmente pelos queridos amigos Deumir e Diego Argenta, foi criada a Confraria da Grappa, primeira e única, the one and only, filha única de mãe viúva que já faleceu. Um confrade levou "de presente" uma garrafa inteira, outro uma quase cheia. Revelei o milagre, não dou os nomes dos santinhos. Um, aliás, tem antecedentes. Já tinha levado "de lembrança" uma bottiglia de grappa italiana de outro lindo casamento. Não foi furto. Foi "estado de necessidade".
Não haverá outra confraria como esta e, segundo grandes e profundas pesquisas nos doutores Google, Wikipedia, Difford's Guide e outros, não há e nunca houve no mundo uma Confraria da Grappa. Se houve ou se há, não se compara com essa Confraria, nascida informalmente em alegres, fraternas e etílicas horas da madrugada. Confraria sem sede fixa, estatutos e sem formalidades antigas e desnecessárias, tem Roberto de presidente, Luciano como vice e Mércio na presidência do Conselho. Como se vê, o fato é histórico e já está sendo providenciado o registro da marca, para evitar falsificações e utilização indevida da pioneira entidade.
Com origens no Oriente Médio, século VIII, e presente na Europa no século XII, através dos mouros e seu governo na Sicília, consta que os monges beneditinos deram uma consultoria na destilação da grappa, que se desenvolveu no Norte da Itália, especialmente com Bortolo Nardini em Bassano Del Grappa, a partir de 1779. Grappa vem da palavra latina "grappapolis", que significa cacho de uva.
No início a grappa, feita a partir do bagaço do processo de vinificação, era bebida popular própria para esquentar a galera no frio e suavizar a dor do trabalho duro e a vida de subsistência. Hoje a grappa é requintada e, no Brasil, a criação da Confraria que nasceu referencial pode ser considerada como seu ápice, especialmente no Cone Sul.
David, Dagoberto, Renato, Demósthenes, Teófilo, Jaime, Marquinho, Márcio, Dakir, Paulo De Tarso, Martin e Cláudio são os demais confrades do sodalício que não tem dia ou hora certa para as reuniões e muito menos pautas chatas que possam espantar seus nobres integrantes. A Confraria é um raro prazer, um presente de Deus para a contemporaneidade, que é tão carente de referências líquidas de qualidade, de convívio sólido e pacífico. Uma garrafa de grappa sabe muito mais que todas as bibliotecas dos confrades reunidas.
No inverno, a grappa é ótima parceira do cafezinho. Há estudos para caipirinhas e outros drinques com a simpática bebida que em Portugal é conhecida como Bagaceira e na Espanha como Orujo. Grappa com Red Bull pode ser uma excelente combinação para as jovens gerações. É preciso usar a grappa na culinária, se é que alguém já não usou.
 

Lançamentos

  • A arte do silêncio (Gente Editora, 190 páginas, tradução de Alexandre Cleaver), da escritora, professora e editora Amber Bach, mostra como é possível se desligar do mundo externo e encontrar paz em meio ao caos e ruídos dos barulhentos dias de hoje. A autora propõe usar o silêncio para uma vida melhor, para relaxar nossos corpos e mentes.
  • Sete anos em sete mares (Seoman, 288 páginas), de Barbara Veiga, jornalista carioca com sólido trabalho internacional, traz sua jornada ao redor do mundo, em defesa do meio ambiente. Com vinte e poucos anos, ela abandonou amigos e conforto e não parou mais. Viveu sete anos morando no mar, trabalhando pelo Greenpeace e Sea Shepherd, entre outras aventuras.
  • Kawabata e Mishima - Correspondência 1945-1970 (Editora Estação Liberdade, 256 páginas, tradução e notas de Fernando Garcia) apresenta a troca de cartas entre os dois geniais escritores japoneses. Kawabata, Prêmio Nobel de Literatura de 1968 e o enfant terrible Mishima falam de ritual, erotismo, esteticismo, neve e sangue. A obra mostra o lado humano e artísticos dos dois ícones.
 

A propósito...

Pronto, está feito o imprescindível registro histórico e relevante, e estão garantidos os direitos de uso da marca. A Confraria aceitará doações para degustações e avaliações, mas adianta que só prestigiará e premiará produtos de nível superior. A Confraria poderá emprestar seu poderoso e valioso nome para safras especiais de grappa, desde que com "appelation d'origine contrôlée" e outros cuidados. Informal e anonimamente outras doações poderão ser estudadas. Campai, vida longa e feliz para a grappa, confrades e para a imortal Confraria da Grappa, a original e universal, nascida sob as bênçãos dos beneditinos.