José Pires Soares Franco

"Fazemos vinhos diretos, com muito aroma, fáceis de gostar e de conquistar consumidores"

Por

FOTO 1 - TRÊS PERGUNTAS
Enólogo da Duorum
Qual sua avaliação sobre o Alentejo, em relação às demais regiões produtoras de Portugal?
O Alentejo é muito recente, entrou no cenário vitivinícola ao início dos anos 1980 e hoje se tornou uma das maiores regiões produtoras em Portugal. Fazemos vinhos diretos, com muito aroma, fáceis de gostar e de conquistar consumidores. Os do Douro já exigem um certo apuro no paladar, mas comercialmente os do Alentejo são mais interessantes.
Quais os diferenciais que a Duorum traz ao mercado?
Nossos vinhos são corrigidos com uvas, não usamos química na produção. Elaboramos vinhos encorpados e robustos, os tintos têm aromas de frutas pretas, os de maior complexidade trazem aromas florais, com textura e acidez, para que estejam vivos. Destaco o Tons de Duorum (branco), porque além do preço e da qualidade, é fresco e aromático; o Colheita (tinto) e o Reserva (tinto), todos disponíveis na Porto a Porto.
Quão importante foi o consagrado Barca Velha para sua trajetória profissional?
Foi determinante, aprendi muito em 30 anos trabalhando com esse vinho, na Casa Ferreirinha e na região. Abriu meus horizontes, estudei mais, visitei produtores na França para me aperfeiçoar. Aqui no Brasil há pessoas loucas pelo Barca Velha, como colecionadores. É um vinho bom e caro.

Assalto na Orla

Nestes meus quase 46 anos escrevendo sobre gastronomia, duvido que em algum momento tenha reclamado de preços. Posso achar caro um vinho de US$ 100,00, mas basta escolher outro na carta, certo? Que uma garrafa de mineral custe R$ 6,00 na mesa de um bom restaurante, se compreende: quantos custos estão embutidos nisso, do aluguel aos empregados, dos impostos aos copos de cristal, da decoração aos guardanapos e toalhas de tecido?
Pois domingo fomos cedinho caminhar na orla do Guaíba, um projeto da equipe de Jaime Lerner, que arremessa Porto Alegre à altura de civilizadas capitais do mundo com o privilégio de um rio para chamar de seu. Após uma hora de esforço ao sol, com os bonitos restaurantes credenciados ainda dormentes, resolvemos beber água mineral em um dos ambulantes que, em grande número, se instalaram às margens da avenida.
Acredite: a garrafinha de 500ml, encontrada nos mercados por menos de R$ 1,00, custou-nos R$ 5,00, para beber em pé, no meio da rua!
Essa gente tão esperta tem custos ínfimos para cravar suas banquinhas no espaço público, nada justifica essa espoliação. Pior: a prefeitura certamente não ignora o que ocorre, deveria simplesmente remover os gananciosos, a exemplo do que fez com os flanelinhas, que não mais são vistos no local. E ainda ouvimos de dois indignados ciclistas: ali na outra banca custa R$ 6,00!
Prefeitura, socorro!

Deu crepe na parada

Mal passava das 15h e o colunista, já com o apetite desperto, caminhava pela rua Florêncio Ygartua quando teve a atenção chamada por um pequeno espaço, de nome Eggies. Como há dias sonhava e não conseguia concretizar o desejo de encarar uma omelete, bem amarelinha, com algum recheio tentador, não tive dúvidas: aquele era o lugar.
Na rua Florêncio Ygartua quando teve a atenção chamada por um pequeno espaço, de nome Eggies
Não era: tinha ovos mexidos, sanduíches de ovos, uma dezena de opções ovíparas, mas de omelete, nada! Estranhei, segui meu rumo e na rua Padre Chagas deparo com essa especialista em crepes (à esquerda). Deu o estalo, era o único cliente do horário, e acomodei-me em uma mesinha. A moça do caixa logo veio atender e o cardápio me deixou indeciso entre o crepe Parisiense (cogumelos, Brie, rúcula, Mozzarella, molho de mostarda e mel) e o Milão (filé mignon, Gorgonzola, Mozzarella e cebola caramelada), que acabei escolhendo.
Sem arrependimento: delicioso, em boa porção (na foto acima, após a primeira mordida) e como todos os outros 10 sabores, oferecido em dois tamanhos: normal, R$ 28,00 e mini, R$ 22,00. Nada de prato, talheres, mas tudo muito prático e eficiente.