Trégua entre China e EUA tumultua projeções

Acordo para adiar entrada em vigor de novas tarifas entre os dois países, no final de semana, obriga entidades a considerar mudanças em projeções já feitas

Por Thiago Copetti

Economista da Fiergs, André Nunes, afirma que novos movimentos na guerra comercial entre China e Estados Unidos, podem mudar os rumos das cotações de soja e do câmbio
A inesperada trégua anunciada por Estados Unidos e China no último final de semana está exigindo retrabalho nas análises de economistas e entidades que tinham suas projeções para o novo ano concluídas. Foi o que ocorreu, por exemplo, com as perspectivas para 2019 anunciadas hoje na Fiergs. André Nunes, economista da entidade, revela que não foi possível analisar o novo cenário criado e incluir adequadamente nos números estimados para o futuro a tempo da apresentação.
_ Foi uma surpresa. Não tivemos tempo de alterar as projeções já feitas, mas com certeza essa trégua trás um novo cenário para a soja e para o câmbio _ diz Nunes.
O acordo de adiar por por 90 dias a elevação de 10% para 25% das tarifas impostas pelos EUA para produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões e não impor novas tarifas a partir de 1 de janeiro e o início de conversações impacta diretamente na cotação do dólar e da soja. Isso porque o acordo mira, segundo Nunes, desovar o excesso de soja armazenada pelos produtores americanos desde o início do conflito. Nesse período, a China se abasteceu de soja brasileira. Depois do anúncio, a cotação do grão em Chicago caiu. E o movimento do dólar também se direciona para baixo. Ou seja, dois fatores que afetam diretamente a economia gaúcha. Agora é esperar para como os dois países efeticamente se comportarão nos primeiro trimestre de 2019.