Caracteres chineses na era do celular

Problema já ganhou um nome e é tema de estudos: a amnésia dos caracteres

Por JC

Opção por alfabeto ocidental leva ao esquecimento de símbolos
Assim como linguistas e educadores brasileiros alertam para o empobrecimento da escrita entre os jovens devido ao uso do celular, algo semelhante ocorre na China. No gigante asiático, os adolescentes estão se esquecendo como se escrevem alguns caracteres chineses, caligrafia que é quase uma arte. O problema já ganhou um nome e é tema de estudos: a amnésia dos caracteres.
Para poderem se comunicar com o mundo ocidental, os chineses tiveram que criar um novo código de comunicação. Sem um alfabeto, começaram a transcrever o som de seus caracteres para uma escrita ocidental. Essa transcrição fonética recebeu o nome de Pynin. E é aqui que entra o telefone celular.
Dado o fato de não contar com um alfabeto em milhares de caracteres que, isoladamente, significam uma palavra inteira, seria impossível ter um teclado de celular com todos os ideogramas, que passam de 50 mil. O teclado na China tem basicamente dois modelos de escrita. Em um deles o usuário, especialmente os mais antigos, desenham com o dedo o caractere em uma tela digital. No outro, mais "ocidentalizado", o usuário escreve a palavra em pynin (como xié xié, que significa obrigado), e aparece na tela o caractere correspondente, que é selecionado.
O problema é que, ao deixar de escrever o caractere e optar por digitar sua versão fonética no alfabeto ocidental, os jovens estão se esquecendo de seu desenho básico. Reconhecem ao vê-lo, mas muitas vezes não lembram sozinhos como se desenha o símbolo.