A batalha do Planalto

Reinava barulhenta conversa na Mesa Um do Restaurante Dona Maria, na rua José Montaury, quando se aproximou um vizinho da roda buscando trova. Depois que botamos surdina no escapamento bucal, ele se apresentou. Era barbeiro e candidato a vereador, tentava vaga na Câmara Municipal de Porto Alegre.

De imediato, sacou um punhado de santinhos e os distribuiu. O de sempre, promessas de cuidar da saúde, educação, segurança. Como barbeiro silencioso é mais difícil de encontrar que sovaco de cobra, puxou uma cadeira e compartilhou sua estratégia de campanha.

- Vou ganhar só nos santinhos que distribuo para meus clientes amigos e pessoas em geral.

Os "em geral" éramos nós. Exalando forte cheiro da loção facial Água Velva, desdobrou seu marketing.

- Cada santinho, um voto. Já distribuí uns 4 mil. Mais uns 2 mil que vou distribuindo na Rua da Praia, e os que distribuirei nos bares e restaurantes, serão outros 5 mil. Nas missas nas igrejas, pelo menos uns 3 mil.

Passou a mão na vasta cabeleira.

- Digamos que só metade vote em mim. Mesmo assim, estou dentro. Com folga.

Fez um voto. E era casado.

O professor Luiz Osvaldo Leite tem uma biblioteca particular com mais de 30 mil volumes. Mantém um imóvel ao lado da residência só para isso. Vale ler o perfil na Reportagem Cultural de hoje.

Voltou a dureza e a inquietação. Bares e restaurantes de Nova York, a cidade que não dorme, precisam fechar às 22h. E as bolsas também já caíram na real. A segunda onda do coronavírus impacta cada vez mais a economia mundial.

A CCR ViaSul está desmontando a antiga praça de pedágio de Gravataí, operação prosaicamente denominada de "desinstalação". E dizer que, nos idos de 1973, a velocidade máxima permitida era de 120 km/h. A primeira vítima fatal da autoestrada foi o advogado Nelson Régis Stronge, atingido por carro quando trocava um pneu.

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza enviou a cerca de 600 candidatos a prefeito carta pedindo compromissos na área ambiental que podem ser assumidos no âmbito dos municípios, para mostrar o que eles podem fazer no âmbito das cidades para proteger a natureza!

A nota da coluna sobre a atividade pública em cargos-chave ser bem remunerada provoca reações até hoje. O leitor e jornalista Sérgio Becker pondera que, na função pública, o gestor ou executivo é pago pelo povo e sua gestão deve privilegiar o bem público e social. "A função pública e política deveria ser exercida com um mínimo de vocação sacerdotal", afirma. Os vereadores de Porto Alegre, a propósito, mantiveram congelados os subsídios de prefeito, secretários e dos próprios vereadores.