Os primeiros 100 dias

O governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou nessa terça-feira, em seu discurso de posse na Assembleia Legislativa, que pretende encaminhar reformas estruturantes nos primeiros 100 dias de governo

Por Guilherme Kolling

Transmissão de cargo de José Ivo Sartori (MDB) para Eduardo Leite (PSDB), no Palácio Piratini.
Um chavão que se repete no mundo político é que as grandes mudanças precisam ser aprovadas no primeiro ano de governo. De preferência, no primeiro semestre. O governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou nessa terça-feira, em seu discurso de posse na Assembleia Legislativa, que pretende encaminhar reformas estruturantes nos primeiros 100 dias de governo.

Muito diálogo

O tucano falou em um ajuste fiscal, que só será possível com muito diálogo e a participação de todos: governo federal, poderes e sociedade. Também afirmou que vai manter um canal aberto com os servidores públicos estaduais. 
 

15 folhas de pagamento

O tema das finanças públicas é onipresente na gestão do Rio Grande do Sul. E o governador Eduardo Leite assumiu o cargo citando um dos seus desafios ligados à falta de recursos: terá de honrar 15 folhas de pagamento dos servidores neste ano. Além dos 13 salários de 2019, precisa quitar a folha de dezembro de 2018 e o décimo-terceiro do ano passado. 

Desafio da Previdência

Se o principal tema nacional do primeiro semestre deve ser a reforma da Previdência, em âmbito local o assunto não é menos importante. O Rio Grande do Sul fechou 2018 com um déficit de mais de R$ 11 bilhões no sistema previdenciário estadual. 

Social democrata

Integrante do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Eduardo Leite é um dos novos líderes nacionais da legenda. E ao assumir como governador, afirmou: "ao contrário do que alguns dizem, a social democracia não morreu", citando predicados como bem estar social, livre mercado e um Estado ativo e altivo.

Foco nos acertos

O tucano pregou a união do Rio Grande do Sul, prometendo dar continuidade aos bons projetos do ex-governador José Ivo Sartori (MDB). "Não dá para reescrever a história a cada quatro anos. É uma história de acertos e erros. É preciso reconhecer o passado."

Afago a Sartori...

No Palácio Piratini, Leite elogiou Sartori. Disse que as diferenças políticas, expressas na campanha eleitoral, não o impediam de reconhecer em Sartori a "vontade de fazer o bem, a lisura, o caráter e a postura como homem público".
 

...e defesa do MDB

O governador também naturalizou a aliança com o MDB, adversário no segundo turno e agora integrante da base aliada do governo. Disse que, na campanha, era normal que se salientassem as diferenças. E que, após a eleição, é correto buscar mais a convergência e os consensos estratégicos.
 

Direita e esquerda

Eduardo Leite insistiu muito na união do Rio Grande do Sul e na convergência. E também atacou a tese de que, quando se trata de gestão pública, "cultura é coisa de esquerda" e "eficiência de direita". "São questões de Estado", resumiu.

Pelotas em alta...

Além do mais jovem, Eduardo Leite é o primeiro governador da Zona Sul do Estado desde a redemocratização (matéria nesta edição). Observou, em seu discurso, que Pelotas não oferecia um governador ao Estado há mais de 100 anos.

E Simões Lopes Neto

As menções à terra natal foram várias. Leite citou a sucessora na prefeitura, Paula Mascarenhas (PSDB), a vitória com mais de 90% dos votos em Pelotas no segundo turno, e enalteceu o conterrâneo João Simões Lopes Neto, a quem se referiu como maior escritor do Rio Grande do Sul. Leite lembrou que o nome do local onde ocorria a transmissão, no Salão Negrinho do Pastoreio, é inspirada na popular obra do escritor.  

Calor e pouco público

O calor em Porto Alegre e a cidade vazia se refletiram na posse do novo governador. Praticamente não havia público na Praça da Matriz, onde a temperatura era superior a 30 graus. O telão montado no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa para o público que ficasse de fora do plenário foi aproveitado por poucos.