Dia Mundial do Enfermo

No dia 11 de fevereiro comemora-se o Dia Mundial do Enfermo, data associada ao dia de Nossa Senhora de Lourdes, pequena cidade da França

Por JC

Dom Adilson Businbispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre
No dia 11 de fevereiro comemora-se o Dia Mundial do Enfermo, data associada ao dia de Nossa Senhora de Lourdes, pequena cidade da França. Milhões de peregrinos anualmente se dirigem a este lugar para rezar e buscar saúde. Lourdes é sinônimo de esperança, solidariedade e cuidado para com os enfermos. Quem já foi a este santuário experimenta uma escola de amor e vontade de ajudar os doentes. Muitas pessoas, inclusive de outros credos ou mesmo indefinidas na fé, se fazem próximas e solidárias na dor. É um recanto de fé e de humanidade. Neste ano, a cidade de Calcutá, na Índia, é sede do dia do enfermo, recordando o trabalho incansável de Santa Madre Teresa de Calcutá no cuidado com os doentes mais abandonados.
Nossos enfermos. Nossas enfermidades. Quem quer a doença?! Para muitos até o fato de ir a um hospital lhes dá angústia. Mas é quase inevitável não ter que acorrer a uma internação vez por outra, quando não por meses ou anos. Poucos têm a felicidade de passar a vida sem alguma doença. E tem mais. Quantos, na sua enfermidade, não têm acesso aos meios para se curar. Infelizmente a saúde pública está aquém do desejado e do requerido por direito. O Estado tem que ser mais cuidador! Zelar pelos filhos e filhas da pátria amada! A saúde precisa de mais investimento. Os hospitais precisam de mais repasses e recursos. Há muito a se fazer.
Cuidar! Este é um dos verbos mais recorrentes nas falas e escritos do Papa Francisco. Convoca-nos a viver uma cultura do cuidado. Cuidar de si mesmo, do mundo, do planeta adoentado por nossas ações também. Cuidar do outro, especialmente do enfraquecido, do enfermo. Neste mundo desvairado e frenético, andamos à procura de quem nos ame e nos cuide. Ninguém suporta o abandono, muito menos na hora da dor. Na fragilidade de nossa saúde precisamos ainda mais de quem nos cuide. Na Bíblia são recorrentes as passagens em que o ser humano busca em Deus seu amparo, sua cura. Deus é o cuidador. "Na minha angústia, clamo por Ti" (Sl 77,1). "Jesus, se queres, tu tens o poder de purificar-me" (Mc 1, 40). Na dor há mais necessidade de cuidado. Precisamos de medicina e de muito amor.
Cultivar a cultura do cuidado. É sabedoria popular de que há mais união na dor e sofrimento do que na fartura e dias fáceis. É o que vivemos com Brumadinho nestes dias. Quanta gente se une e busca, de um modo ou outro, estar próximo e solidário. A dor nos uniu. Este "instinto do bem" precisa encontrar em cada um de nós mais espaço. Criar a cultura do cuidado. Cuidar dos nossos enfermos. Assumir e cuidar da dor do outro. Alguns têm por profissão. Mas é missão de todos. Solidarizar-se com o doente é aflorar a humanidade que há em nós. O enfermo não está longe de nós: está no hospital ao lado, numa geriatria, na casa do vizinho ou em nossa própria família. Saber cuidar não é missão só do profissional da saúde. Uma visita breve e amorosa, uma palavra curta ou uma simples presença na fraqueza e na dor, diz muito pra quem a recebe. Cuidar de si faz bem e é até dever. Cuidar do outro não só faz bem, mas revela o grau de humanidade e amor ao próximo.
Cuidar dos enfermos é o compromisso de todos. Do Estado pelo dever constitucional. Dos familiares pelos vínculos e deveres comuns. Aos cristãos e os de boa vontade pelo imperativo humano que brota da fé em Jesus Cristo que nos diz: "Eu estava enfermo e cuidastes de mim" (Mt 25, 36). Quem ama cuida! Saúde e paz!