Ações fomentam aviação regional em todo o Brasil

Rodada de concessões de 22 aeroportos marcou o semestre com um total de R$ 6 bilhões em terminais concedidos

Por

Aeroporto de Congonhas será ofertado na 7ª rodada de concessões, agendada para 18 de agosto
Diversas medidas recentes contribuíram para que o setor aéreo brasileiro volte a crescer, apesar da pandemia de Covid-19. A avaliação é do secretário Nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, ao apresentar um balanço das realizações e obras entregues pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra) que beneficiaram o segmento e, consequentemente, seus profissionais e usuários.
"Fizemos no primeiro semestre um leilão histórico, o maior do setor de aviação civil no País. Foi a 6ª rodada de concessões, com 22 aeroportos, quando contratamos mais de R$ 6 bilhões em investimentos", destacou o secretário. O leilão da 6ª rodada foi realizado em abril dentro da Infra Week, quando 28 ativos da União foram concedidos para exploração da iniciativa privada.
O MInfra também concentra esforços para equipar e modernizar as estruturas de aeroportos regionais. Segundo o secretário, os investimentos realizados desde o início do atual governo nesses aeródromos, com recursos públicos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), passam de R$ 1 bilhão. No primeiro semestre, a aviação regional recebeu R$ 130,7 bilhões do Fnac.
Um dos empreendimentos cujas melhorias, iniciadas em 2019, foram concluídas neste ano é o Aeroporto Internacional de Navegantes (SC). Com R$ 61,7 milhões investidos, o aeródromo teve a capacidade do terminal de passageiros triplicada e da sala de embarque, quintuplicada. Agora, Navegantes também conta com nova torre de controle. As renovações aumentam o conforto das instalações e garantem mais segurança operacional, além de contribuir para o desenvolvimento econômico da região.
No Paraná, o Aeroporto Internacional de Novo Iguaçu teve ampliados o pátio de aeronaves e a pista de pouso, implantada a pista de taxiway e duplicado o acesso ao terminal. Ao todo, foram aplicados R$ 69.032.381,00 nas adequações, entregues em abril. "A expansão da pista do Aeroporto de Foz do Iguaçu vai permitir voos internacionais de longo curso [sem escalas] naquela cidade tão importante ao turismo brasileiro", destaca Ronei Glanzmann.
O secretário também ressalta os investimentos tecnológicos. No primeiro semestre, os testes do programa Embarque Seguro 100% Digital, com uso de reconhecimento facial biométrico, chegaram ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (Confins) e Congonhas (SP), que entrou em operação simultânea com Santos Dumont (RJ).
"É a primeira ponte-aérea do mundo a reconhecer biometricamente seus passageiros nas duas pontas, tanto em Congonhas quanto no Santos Dumont", explicou. "Essa iniciativa de transformação digital contribui na segurança de nossas operações e já foi testada em cinco aeroportos [também em Salvador e Florianópolis]. Chegará em Brasília e outras capitais no segundo semestre. Um sistema muito interessante de reconhecimento facial, dos mais modernos do mundo", enfatiza Glanzmann.
Fechando as entregas do primeiro semestre, destaca-se, na aviação executiva, a internacionalização do Aeroporto Catarina (SP). Trata-se do primeiro aeroporto internacional privado do Brasil a operar como aeródromo público sob o regime de autorização com a permissão para realizar pousos de aeronaves vindas de outros países e decolagens para fora do Brasil. Isso foi possível após investimentos privados, na ordem de R$ 700 milhões, na estrutura do aeródromo.
No segundo semestre, também há novidades, como obras no Aeroporto de Campo Grande (MS), que inclui novos terminal de passageiros e pista de pouso.

Encontro debate novas tecnologias aplicadas na distribuição urbana integrada

O evento Intermodal, realizado semana passada, debateu a logística 4.0 e o impacto de novas tecnologias na distribuição urbana integrada, como sistemas de roteirização. Para o diretor de logística da Marfrig, uma das maiores companhias de alimentos à base de proteína animal do mundo, Luciano Alves, isso é crucial, pois garante uma logística, além de integrada e conectada, organizada quando o assunto é o last mile. "Tudo começa nesta questão, a roteirização do pedido, que permite visualizarmos o melhor trajeto que será feito até o destino final e a agregarmos o menor custo possível na entrega aos consumidores. Atualmente, não consigo ver como a logística sobreviveria sem essa tecnologia", pontuou.
O CEO da AgileProcess, empresa especializada em tecnologia logística, Evilásio Garcia, concordou. Para ele, se não há uma logística de distribuição que faça a roteirização otimizada dos pedidos, que calcule menos gastos e que não afete a qualidade do produto, não faz sentido. "Isso tem que estar integrado à operação e o papel da logística é exatamente coordenar tudo isso, de maneira ótima e eficaz. Por essa razão que sistemas que trabalhem neste sentido, de forma que garantam que o produto adquirido vai ser entregue corretamente, são essenciais. Afinal, se formos falar de Logística 4.0 de verdade para entregas urbanas, temos que entender que quem estiver disposto a fazê-la, tem que fazer de maneira ordenada", acrescentou.
Já o diretor do Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), Fernando Zingler, ressaltou. "Essa orquestração é importante, mas isso traz um desafio a se considerar, que é a questão da regulamentação da operação dentro dos municípios. Quando se fala de novas tecnologias de última milha, precisamos lembrar que é algo relativamente atual, que não estava no escopo de muitas administrações locais, em suas regras estabelecidas, até agora. Então, é preciso que os órgãos municipais e demais atores responsáveis também se atualizem quanto às novas práticas e tecnologias do mercado, para garantir que a integração e o planejamento da cidade acompanhem as inovações do setor".
O diretor de logística da Marfrig levantou outro ponto interessante, que é avaliado e incentivado pela companhia atualmente: o compartilhamento de cargas por diferentes empresas do mercado. "Porque não usar o mesmo caminhão com produtos de mais de um fornecedor para fazer as entregas em determinados destinos, ao invés de cada marca mandar o seu veículo, unicamente com suas mercadorias, porém, com espaço sobrando? Isso é algo em que estamos focando muito agora, em incentivar o mercado a aproveitar um único veículo para enviar todas as cargas frias possíveis de uma única vez e assim fazer com que haja menos caminhões nas ruas, reduzindo custos, otimizando o processo e ainda colaborando para a sustentabilidade", completou.
A mediação do debate ficou por conta do doutor e mestre em engenharia de produção e coordenador do curso de gestão portuária da Fatec Baixada Santista, Julio Cesar Raymundo.