Mudanças regulatórias estão entre os riscos para os negócios em 2020

Desaquecimento da economia, gestão de equipe, privacidade de dados e ameaças cibernéticas fazem parte do ranking de apreensões

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Ameaças cibernéticas exigem atenção das empresas
Mais de 1000 executivos ao redor do mundo apontaram seus temores para 2020 em listagem produzida pela consultoria global ICTS Protiviti, especializada em ética e compliance. Na lista dos 10 principais riscos do ano, os 1.063 executivos, integrantes de conselho e líderes de organizações de diversos setores colocam em primeiro lugar o impacto de mudanças regulatórias. No ranking de 2019, esse quesito figurava na terceira posição. No Brasil, o risco tem forte impacto por conta da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que entrará em vigor a partir de agosto, podendo afetar na criação e na entrega de serviços e produtos aos clientes.
Conforme explica Rodrigo Castro, diretor de riscos e performance na ICTS Protiviti e porta-voz da pesquisa no Brasil, este risco se mantém historicamente alto, mas aumentou em 2020. "O crescimento se deu devido à maior intensidade de regulações ligadas à privacidade de dados dos clientes, que ampliará a governança das empresas, impactando principalmente no desenvolvimento e lançamento de produtos. Toda e qualquer ação terá que ser muito bem pensada antes de executada para não impactar de forma negativa na sociedade", completa Castro.
Já o segundo risco mais significante da lista são as condições econômicas que influenciam no crescimento das empresas, conforme a visão de 70% dos respondentes. A pesquisa alerta a preocupação dos executivos no longo período de crescimento da economia norte-americana, que pode estar prestes a terminar, seguindo o ciclo natural de altas e baixas.
"A China apresenta sinais de desaceleração de sua economia, a segunda maior do mundo, com impactos globais na economia, inclusive com potenciais reflexos no Brasil. Esse cenário é agravado com a recente proliferação do Coronavírus no mercado chinês.
Os oitos risco restantes para o ano de 2020 estão atrelados à gestão de equipe, com a atração, a retenção, a capacidade e o plano de sucessão de colaboradores. Ameaças cibernéticas e competição com empresas nascidas digitais também surgem no top 10.

Ranking global

  1. Impacto da mudança regulatória e do escrutínio na resiliência operacional, produtos e serviços
  2. Condições econômicas que impactam o crescimento
  3. Desafios de sucessão. Capacidade de atrair e reter os melhores talentos
  4. Capacidade de competir com empresas "nascidas digitais" e outros concorrentes
  5. Resistência à mudança da operação
  6. Ameaças cibernéticas
  7. Gerenciamento de privacidade, identidade e segurança da informação
  8. A cultura da organização pode não incentivar suficientemente a identificação oportuna e a escalada de questões de risco
  9. Manutenção da lealdade e retenção de clientes
  10. A adoção de tecnologias digitais pode exigir novas habilidades ou esforços significativos para aprimorar e capacitar novamente os funcionários existentes.
  11.  

LGPD é o maior temor dos executivos brasileiros

Líderes brasileiros consideram a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) uma das principais preocupações para 2020, aponta o ranking da consultoria ICTS Protiviti. A expectativa da entrada em vigor da legislação se conecta a outro risco, o de gestão de privacidade e identidade, sétimo no ranking global da pesquisa. "Empresas de todos os setores aplicam esforços para se adequarem à lei, o que não é uma tarefa simples", acrescenta Rodrigo Castro, diretor de riscos e performance na ICTS Protiviti.
Na visão geral da América Latina, o risco econômico é o mais latente. A Cepal (Comissão Econômica Para América Latina) considera um crescimento de apenas 0,1% do PIB para esta região em 2019. Para a América do Sul, a estimativa é de uma contração de 0,2%.
Na América do Sul, as tensões políticas geram instabilidade regulatória. A Venezuela tende a manter um regime avesso ao mercado, com arcabouço regulatório altamente volátil. A Argentina deu uma guinada, adotando uma política econômica intervencionista e que pode também suscitar inseguranças localmente. Na Bolívia, a saída de Evo Morales e a entrada de um governo interino geram instabilidades político-regulatórias, assim como no Chile, onde levantes populares fizeram com que o presidente Sebastian Piñera adotasse políticas populistas para acalmar os ânimos da população.