Anjos de Patas resgata e abriga animais abandonados

Ao todo, projeto acolhe 287 animais entre cachorros, gatos e cavalos

Por Leonardo Machado

Através de denúncias, projeto resgata animais abandonados
Logo que chegou em Viamão (RS), em 1999, Sara Vieira se deparou com uma cena que não era comum onde costumava viver: um cãozinho baleado na esquina. Chocada, resgatou o animal e o nomeou de Senhor Bartolomeu. Meses depois, compadecida pelo ocorrido, Sara decidiu fundar o projeto Anjos de Patas, com a expectativa inicial de levar a castração para bairros com altos índices de abandono.
Contudo, percebendo que os bichos precisavam mais do que castração, a organização não-governamental sem fins lucrativos (ONG) reformulou seus objetivos. "O animal fica 20 dias contigo para tratamento, aí passa pelo procedimento cirúrgico, pelo pós-operatório. Tu vai devolver esse animal 40 dias depois de volta pra rua? É cruel isso", afirma a fundadora e presidente da iniciativa. Então, hoje, o projeto tem como propósito principal o resgate, tratamento e o acolhimento de animais abandonados ou maltratados.
No primeiro ano, Sara abrigava todos os 36 bichinhos em sua casa. Com o aumento do número de animais e o estresse que estava gerando, o próximo passo da fundadora foi alugar um sítio na Parada 42 em Viamão. Porém, estava ficando caro arcar com os custos de alimentação dos bichos e aluguel do espaço. Dessa maneira, Sara fez um empréstimo para comprar um sítio, que é hoje a sede do projeto.
O terreno conta com cachorros, gatos, cavalos, além de macacos que já viviam no local. Ao todo são 287 protegidos pela ONG que conta com o apoio de quatro funcionários remunerados e oito voluntários.
O próximo passo de Sara será abrir uma clínica veterinária própria para a realização de exames, tratamentos e cirurgias. para assim, reduzir os custos com os atendimentos.

Aos sábados, ONG faz feiras de adoção em Porto Alegre

De maneira fixa, todos os sábados, o projeto Anjo de Patas faz feiras de adoção nos estabelecimentos do Petz do Moinhos de Vento, da Protásio Alves e da Cavalhada, e nas petshops da Cobasi Iguatemi e Cobasi Ipiranga. No dia 14 de março, foi comemorado o Dia Nacional dos Animais e, com isso, a iniciativa fez uma feira extra no Shopping Iguatemi. Na campanha, eles conseguiram arrecadar 50 quilos de ração e ainda achar um lar para a cachorrinha Vilma, de 4 meses.
Além das feiras, é possível adotar um bichinho da ONG fazendo contato através do Instagram (@projeto.anjosdepatas). Após escolher um animalzinho, o adotante passará por um extenso questionário antes de adotar. Isso ocorre por conta que o projeto quer conhecer mais a família que aquele bichinho vai ficar. E isso envolve também o que é o melhor para os animais e quais são as intenções da família ao adotar ele. Por exemplo, é necessário ter tempo para um bicho muito agitado, caso contrário, é recomendável um mais idoso, geralmente mais calmo.
Concluído o questionário, a ONG irá marcar uma entrevista para conhecer a família e o ambiente no qual o animal vai passar a viver após sair do abrigo. Nesse processo, são levados em consideração se o local é adequado para ele ter uma vida saudável, se a família tem tempo e disposição para ficar com um bicho mais agitado, comprometimento com vacinas e exames, entre outras coisas que façam o projeto se sentir seguro ao doar. Uma outra reflexão do projeto é: por que adotar tirar um animalzinho do abrigo, se é possível tirar e cuidar de um de rua? O Anjos de Patas ajuda a indicar lugares para ajudar a tratar esses bichos resgatados.
Tudo isso faz parte da visão da instituição de que animais são vidas, não objetos. E, por serem vidas, precisam de atenção, cuidado e carinho. Segundo Sara Vieira, fundadora e presidente do projeto, a adoção não é para ser um processo de repasse. "Eles saem daqui, vão conhecer uma nova realidade. A gente não quer eles de volta no abrigo. Então eu prefiro não doar do que, de repente, eles ficarem 3 meses em um novo lugar e logo em seguida voltarem pra cá", expressa. Uma outra reflexão do projeto é: por que adotar tirar um animalzinho do abrigo, se é possível tirar e cuidar de um de rua?
A pandemia está sendo um período complicado para o Anjo de Patas. O número de doações diminuiu quase 60% e tiveram que paralisar a reforma da sede. Para lidar com esse cenário, eles estão promovendo eventos e campanhas de arrecadação. Uma delas é a venda de calendários com fotos dos animais resgatados.
Nesse período, eles perceberam duas situações: pessoas entrando em contato com a Ong para fazer adoção, pois se sentiam sozinhas no confinamento; e pessoas entrando em contato para se desfazer dos animais. "Infelizmente o que eu vejo na pandemia é que o ser humano não aprendeu nada, absolutamente nada", sentencia Vieira.
É possível doar para o projeto Anjos de Patas através da plataforma Apoia-se: apoia.se/projetoanjosdepatas ou pelo Pix: 11.240.184/0001-83 (CNPJ). A ong faz um trabalho diário no Instagram divulgando os resgates e os tratamentos feitos nos animais abrigados. Ao longo de 23 anos, eles já realizaram mais de 5 mil castrações.