Casa Menino Jesus de Praga pede socorro

Para preservar os jovens abrigados da pandemia, foi preciso fazer lockdown total

Por João Pedro Rodrigues

Voluntários realizam encontros online com jovens que têm lesão cerebral profunda e deficiência motora
Abraços, passeios e rodas de música estão apenas na memória dos moradores da Casa do Menino Jesus de Praga (CMJP). Em razão da pandemia, a instituição, que promove o acolhimento e o atendimento a crianças e adolescentes com lesão cerebral profunda e deficiência motora, foi obrigada a fechar as portas para os voluntários que, frequentemente, costumavam levar carinho, atenção e alegria para os 32 acolhidos da entidade, oriundos de famílias carentes.
Desde março, a casa está vivendo um lockdown completo a fim de garantir a saúde de seus moradores. Somente trabalhadores da área da saúde, como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e técnicos de enfermagem, têm acesso a eles.
Dessa forma, a CMJP teve que buscar alternativas para garantir que os momentos de afeto proporcionados pelos cerca de 100 voluntários se mantivessem apesar das adversidades.
Uma delas, por exemplo, foi a realização de videochamadas com os voluntários e acolhidos a cada uma ou duas semanas para que os abraços e as conversas continuem, mesmo que virtualmente. "Nós estamos inventando algumas coisas. A pandemia afetou drasticamente a área que nós chamamos de área de carinho, de atenção, de envolvimento do voluntário com o acolhido", conta Viturugo Rinaldi de Miranda, voluntário do conselho de administração da instituição. "Esses dias que abriu um sol, nós também conseguimos levar alguns (acolhidos) para o pátio da instituição para tomarem um sol e brincarem um pouquinho".
Apesar de ter que se adaptar na forma como proporciona momentos de lazer e interação para os acolhidos, a instituição, no entanto, mantém a mesma forma de sustentação de antes da pandemia. Desde que surgiu, há 36 anos, a CMJP depende de contribuições da sociedade para garantir o melhor atendimento e acolhimento das crianças.
Os acolhidos, geralmente, entram na instituição ainda crianças e permanecem a vida toda. "A casa tem crianças com 40 anos", comenta Miranda. A entidade, hoje, atua com cerca de 50% da sua capacidade de acolhimento, e, devido à baixa captação de recursos, não consegue aumentar este número.
Somente o tratamento de uma das crianças em um período de 30 dias, por exemplo, custa em torno de R$ 14,7 mil. Isto inclui tratamento e cuidado médico, com o pagamento de fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e técnicos de enfermagem.
De acordo com Miranda, a área da saúde é a que mais requer ajuda financeira. Como são trabalhos que necessitam de um maior envolvimento dos profissionais, não há a possibilidade de serem feitos por voluntários, e, por isso, precisam de dinheiro para custear. "Nós sempre estamos com uma campanha muito grande para pagar o profissional da área da saúde da casa", salienta ele.
Entre as formas de captação de recursos, está o brechó da CMJP, em que são vendidas peças, como roupas e utensílios domésticos, que foram doadas para a instituição. Ele costuma funcionar, normalmente, às quartas-feiras, mas, durante a pandemia, teve que ficar fechado. Agora, no início de novembro, a entidade tenta uma reabertura, pois a iniciativa garante o pagamento do tratamento de uma ou duas crianças.
Além disso, a CMJP realiza, também, o chamado Banco de Necessidade, que nada mais é do que uma campanha para arrecadar recursos para algo que a entidade necessita no momento, como uma cadeira de rodas para um dos acolhidos por exemplo. A instituição, quando necessário, busca o melhor modelo, pois as crianças necessitam aquele desenhado especificamente para o paciente, senão ele fica instável na cadeira. A partir disso, busca recursos através das mídias sociais ou através de uma vakinha online. "Temos que ressaltar que a população de Porto Alegre tem sido generosa neste momento", diz Miranda.
Ele destaca, ainda, um projeto que a instituição costumava ter antes da chegada do novo coronavírus, o Portas Abertas. A CMJP chamava as pessoas para conhecer a sua sede, na Rua Nelson Zang, no bairro Partenon, e o trabalho realizado no local a fim de que a doação não seja feita simplesmente por doar.
No momento, porém, o projeto não está sendo realizado em razão da pandemia. "Nós sempre dizemos para as pessoas: 'venham nos ver antes de nos doar'. Gostamos que elas vejam o que estamos fazendo e que tenham satisfação na doação", conta o voluntário do conselho de administração.

Saiba como colaborar

Interessados em colaborar com a CMJP podem acessar o site www.casadomenino.org.br ou entrar em contato através dos telefones (51) 3352.9589 e (51) 99572.8124 ou pelo e-mail
doar@casadomenino.org.br. O horário de atendimento é das 9h às 12h e das 13h às 17h. A partir do dia 16 de novembro, a instituição também aceitará transferências através do Pix.
A chave da entidade, dado necessário para realizar o procedimento, é 89621767000141.