Atenção às fraudes em cartões

Clonagem é um dos principais problemas apontados em pesquisa da CNDL

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CAPA DO CADERNO CONTABILIDADE. NA FOTO: DISFARCE DAS FATURAS. NESTA ÉPOCA DO ANO AS FRAUDES AUMENTAM NOS DOCUMENTOS PARA PAGAMENTO NOS BANCOS.
Em 12 meses, fechados em março, 8,9 milhões de brasileiros foram vítimas de fraude. Desse total, 3,65 milhões de pessoas, o que corresponde a 41%, tiveram seus cartões de crédito clonados, aponta pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A expansão do comércio on-line, a ampliação do uso de aplicativos, a disseminação de links maliciosos por e-mail e redes sociais e a proliferação de "maquininhas" ligadas a redes Wi-Fi são algumas das explicações para que a clonagem de cartão de crédito seja hoje a fraude mais comum no País.
"A clonagem prejudica o consumidor, que enfrenta burocracia para provar que aquela compra não é sua e, algumas vezes, acaba arcando com o custo. E também traz perdas ao comércio, quando a operadora do cartão não paga pela compra ou aumenta a sua taxa de administração pelo crescimento do número de fraudes", ressalta Noilton Pimentel, gerente do bureau de crédito do SPC, informando que aumentou para 11% a clonagem de cartões de débito.
Segundo o raio X da Fraude 2018, da consultoria Konduto, no ano passado houve uma tentativa de fraude a cada 6,5 segundos no e-commerce brasileiro. Gerson Rolim, conselheiro do Observatório de Gestão de Fraude da Camara-e.net, diz que os phishings - golpes criados a partir da engenharia social, que usam atrativos para o consumidor clicar em links maliciosos - são a principal estratégia usada pelos criminosos para clonar dados.
"O Brasil está no topo do ranking quando se fala em phishing. A ordem é nunca clicar em links enviados por e-mail ou redes sociais. Desconfie de ofertas mirabolantes. Sempre abra a página oficial da empresa e confira, clicando no cadeado, se as informações batem com a instituição que você procura. Nas transações feitas em sites oficiais o risco de clonagem é baixo", afirma.

A engenheira Thaís Almeida, de 41 anos, também adotou a mesma política de uso de cartões virtuais após ser vítima de clonagem. Em 2015, durante uma viagem a Bonito, no Mato Grosso do Sul, foi notificada de uma compra de
R$ 200,00 em uma loja em São Paulo. Este ano, o crime se repetiu com outro cartão, este no nome de seu marido. Ela acredita que os dados foram roubados ao pagar um lanche. "Estranhamos que o atendente demorou muito com o cartão na mão, mas deixamos para lá. Logo depois, vimos que tinha sido feita uma compra de R$ 300,00 pela internet."

De fato, para compras on-line, só se precisa ter em mãos o nome do consumidor, o número e o código de segurança escrito do cartão. Para evitar que a fraude se repita, ela adotou uma medida simples. "Colei uma fita adesiva colorida sobre o código de segurança para impedir que alguém tente copiá-lo", ensina, acrescentando que o banco ressarciu o prejuízo em ambas as vezes.
O adesivo adotado pela engenheira é uma das medidas recomendadas pela economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "Além disso, o consumidor não deve se afastar do cartão e sempre conferir quando for entregue, se aquele é mesmo o seu. Pela praticidade, abrimos mão da segurança, por exemplo, ao fazer pagamentos em maquininhas ligadas a redes Wi-Fi, o que nos deixa muito mais expostos. É uma operação que deve ser evitada."
Consultada, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirmou que o sistema de pagamento eletrônico do País é um dos mais evoluídos do mundo, principalmente no âmbito da segurança. A entidade acrescenta que as empresas do setor investem em tecnologias que monitoram em tempo real os comportamentos de uso dos cartões e detectam possíveis compras indevidas. A Abecs ainda mantém um comitê dedicado ao aprimoramento da segurança.

Confira as orientações para evitar dissabores

Rede aberta: Evite usar seus cartões em redes conectadas por Wi-Fi. Nas redes abertas é maior a exposição à clonagem.
Olho no cartão: Não permita que o cartão seja tirado do seu campo de visão. Usar um adesivo sobre o número de segurança no verso do cartão pode ser eficaz para reduzir a clonagem em operações em lojas físicas. Lembre-se de que com seu nome, número do cartão e o do código de segurança, é possível comprar on-line.
Máquina: Ao digitar sua senha na máquina, verifique se os números aparecem no visor. Uma armadilha comum é pedir para o cliente digitar no campo do valor, deixando visível a senha.
Perda de documentos: Em caso de perda, furto ou roubos de documentos, faça Boletim de Ocorrência (BO) na polícia e um alerta às empresas, gratuitamente, via SPC. Basta levar cópia do BO a um dos postos do SPC (confira os postos no bit.ly/2hqYA16).
Cartão virtual: Nas compras on-line dê preferência aos cartões virtuais, válidos apenas para uma operação.
Confirmação: Habilite as funções de envio de SMS ou e-mail para confirmação de operações com cartão. O recurso ajuda a identificar com maior rapidez casos de fraude.
Phishing: Não clique em links enviados por e-mail ou rede social. Sempre vá ao site da empresa e verifique se tem cadeado no endereço on-line. Ao clicar no cadeado, aparecem dados da empresa.
Ofertas: Desconfie de promoções com preços muito abaixo do mercado.
Não recomendados: Antes de ir às compras, confira a lista dos sites não recomendado pelo Procon-SP (bit.ly/SKcpsf) e dicas para se proteger (bit.ly/30tfJvS).