Secretário da Fazenda de Porto Alegre detalha projeto do IPTU

Após derrota no ano passado, Executivo amplia diálogo no Legislativo

Por Diego Nuñez

Comissão especial foi criada para debater atualização dos valores
A comissão especial da Câmara Municipal de Porto Alegre que foi formada para analisar o Projeto de Lei Complementar do Executivo (PLCE) nº 5/18, que propõe a atualização da planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na cidade, recebeu, na manhã de quinta-feira, representantes da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) para detalhar o projeto aos vereadores.
Esta primeira reunião depois da que instalou a comissão foi marcada pela presença do secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, e pelo superintendente da Receita Municipal, Teddy Biassusi. O objetivo do comparecimento foi detalhar a maior parte do projeto aos vereadores e tirar dúvidas que surgiam ao longo da apresentação.
O governo municipal tem se empenhado em dialogar com os vereadores para garantir a aprovação do projeto, que retorna à casa depois de ter sido rejeitado no ano passado. Busatto garantiu ao presidente da comissão, vereador Mauro Pinheiro (Rede), que a Fazenda se fará presente em todas as reuniões, bem como ele próprio, na medida do possível.
Secretário e superintendente apresentaram dados que, para eles, evidenciam a necessidade de uma revisão da planta. Porto Alegre, que tem a mesma base de IPTU há 27 anos, é a única capital brasileira que não modificou o imposto após a implementação do Plano Real. Brasília, por exemplo, já revisou a planta de valores 14 vezes após 1991. Nesta época não existiam os shopping centers Total, BarraShoppingSul e Wallig, a Terceira Perimetral ou a Arena do Grêmio, fatores que causam impacto direto na valorização de um imóvel.
A dupla de representantes do Executivo municipal trouxe exemplos que mostram a discrepância entre valores de IPTU pagos por diferentes imóveis residenciais. Segundo os exemplos apresentados, enquanto um imóvel específico localizado na avenida Bento Gonçalves que tem valor venal de R$ 172.354,56 paga R$ 1.007,28 de IPTU ao ano, outro localizado na avenida Aparício Borges e tem valor venal de R$ 1.582.899,62 paga R$ 352,77 ao ano do imposto.
"Um terço, praticamente (31%), dos contribuintes de Porto Alegre terá redução de imposto", disse Busatto. O secretário afirmou ainda que "um pouco menos de 50% terão aumento" e outros 19% terão isenção no imposto - benefício válido para imóveis com valor de faixa de zero a R$ 60 mil.
"Não é um aumento linear", salientou Biassusi. "Vão ter imóveis que vão aumentar, outros que vão diminui, e outros que serão isentos." Na apresentação, ainda foi lembrado que o projeto prevê uma atualização gradual da planta, na qual, a cada ano, ocorreria uma atualização de 30%, até que, no quarto ano, a planta estaria totalmente revisada.
Hoje, a alíquota vigente para todos os imóveis é de 0,85% do seu valor venal. Com o novo projeto, além dos imóveis isentos, imóveis entre R$ 60 mil e R$ 100 mil terão uma alíquota de 0,40%, e assim passará gradativamente até que os imóveis que valem mais que R$ 3 milhões tenham uma alíquota de 0,85%.
Já imóveis não residenciais, que hoje têm alíquotas de 1,10%, teriam alíquota de 0,80% em 2019 e 2020, de 0,90% em 2021 e 2022, e de 1% a parir de 2023.
Na próxima reunião da comissão, Busatto apresentará a fórmula usada para calcular o valor venal dos imóveis, mas já adiantou que há "três grandes variáveis" que são determinantes para definir o valor. "A localização - dependendo do bairro ou da rua em que ele está, ele tem uma valorização. O tipo de construção - se é de madeira, de alvenaria fina, se tem mais ou menos pavimentos. E a última variável é a idade do imóvel - quanto mais velho o imóvel, maior a sua depreciação, e menos ele vale".
Uma questão muito pautada entre os vereadores nos últimos dias é sobre a transparência do projeto para com a população. Muitos defendem a criação de um simulador, para que o contribuinte possa saber qual será a diferença entre os valores pagos antes e depois de o projeto ser, e se for, aprovado.
"A gente tem resistência de trabalhar individualmente em cada um dos imóveis", declarou o secretário. Ele disse que o governo quer "primeiro que a sociedade entenda e concorde com o conceito da avaliação, porque ela é justa". Busatto continuou, dizendo que "estamos falando de 1,5 milhão de pessoas, e não apenas daqueles que vão ter aumento ou redução".

Como ficam as alíquotas

Atualmente, os imóveis residenciais têm uma alíquota única de 0,85% do valor do imóvel. A proposta da prefeitura prevê uma faixa de isenção e outras sete alíquotas, aplicadas de forma progressiva:
  • Imóveis até R$ 60 mil: alíquota zero (isento)
  • Faixa entre R$ 60 mil a R$ 100 mil: alíquota de 0,40%
  • Faixa entre R$ 100 mil a R$ 300 mil: alíquota de 0,47%
  • Faixa entre R$ 300 mil a R$ 500 mil: alíquota de 0,55%
  • Faixa entre R$ 500 mil a R$ 750 mil: alíquota de 0,62%
  • Faixa entre R$ 750 mil a R$ 1 milhão: alíquota de 0,70%
  • Faixa entre R$ 1 milhão a R$ 3 milhões: alíquota de 0,77%
  • Faixa acima dos R$ 3 milhões: alíquota de 0,85%
Pela proposta, as faixas atingem a todos os contribuintes, independentemente do valor do imóvel. As alíquotas serão calculadas de forma fatiada. A alíquota incide sobre cada faixa para chegar ao valor final.

Relatório final será apresentado em 5 de julho

A reunião da comissão especial que trata do IPTU também definiu o calendário de atividades. O cronograma prevê mais 10 reuniões além das duas já realizadas. O último encontro acontecerá no dia 5 de julho, quando o relator João Carlos Nedel (PP) apresentará o relatório final.
O cronograma também prevê uma audiência pública, a ser realizada no Legislativo, mas ainda sem data definida.
Entre as reuniões, quatro terão caráter público e serão realizadas nas quatro regiões da Capital: Sul, Norte, Leste e Central. Os locais exatos e as datas de cada reunião ainda não foram definidos, mas acontecerão nos dias 28 de maio, 4, 11 e 18 de junho, sempre às 19h.