Gestores de todas as 2.539 escolas da rede estadual se reuniram em diferentes encontros no início do ano letivo com o secretário estadual de Educação, Ronald Krummenauer, para apresentar demandas como a qualificação da rede elétrica, a oferta de espaços para interação social e a diminuição da burocracia, por meio da integração de sistemas
Os encontros do Bate-Papo com os Diretores abordaram também a necessidade de mudanças em sala de aula para lidar com o aluno já nascido no século XXI, conectado às novas tecnologias. Segundo Krummenauer, os avanços tecnológicos vêm acontecendo no mundo inteiro e atingindo todas as profissões. "É preciso pensar no quanto isso atinge o professor em sala de aula, mas, mais importante, como o aluno que já nasceu no século XXI e está ingressando no mercado de trabalho vai encontrar esse mercado, que é completamente diferente", analisa.
Para o gestor, se modificam as perspectivas em termos de tempo, mas principalmente as necessidades e habilidades para o labor, e o ensino precisa levar essa mudança em consideração. "É um momento de reflexão do quanto o papel do educador será ainda mais valorizado do que antes nesse contexto", opina. Krummenauer reconhece que ainda há mais perguntas do que respostas sobre essa questão no mundo, mas acredita que as respostas surgirão em conjunto.
Cada encontro envolveu entre 150 e 200 diretores. Para apresentar as demandas, os gestores foram divididos em grupos menores, a fim de dialogar com o secretário e diretores de departamentos da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), como o de obras, o pedagógico e o de recursos humanos.
A constatação, entre as demandas, foi de que cerca de 90% das escolas precisam de alguma intervenção na rede elétrica. "São prédios antigos, que agora têm aparelho de ar-condicionado e precisam de uma rede elétrica diferente, ou têm uma fiação que não comporta a climatização", avalia o secretário. Outra questão apontada foi a necessidade de criar espaços voltados para a interação social, e não mais apenas para a prática de esportes. "A empatia, o autoconhecimento e a busca pela relação com outras pessoas são inerentes ao ser humano, então ter locais para além das atividades esportivas, que estimulem o desenvolvimento social, é fundamental."
Muitos diretores criticaram, ainda, a burocracia na Seduc. "Temos ainda muita papelada, falta de integração entre sistemas. Os diretores ocupam muito tempo prestando contas, e falta tempo para o pedagógico. A solução é diminuir a burocracia, integrando sistemas", acredita Krummenauer.
As demandas foram organizadas e terão resposta por parte da pasta nas próximas semanas. O secretário avalia que, ao longo dos anos, foi gerado um distanciamento entre a Seduc, as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e a realidade dos diretores, que lidam com o dia a dia. "Encontros como esses ajudam a diminuir essa distância e entender o que ocorre em sala de aula. Parece óbvio, mas, às vezes, se discutem coisas dentro de uma coordenadoria que pareciam importantes, mas não são tão urgentes quanto outras nas escolas", afirma o gestor, observando que há diretores que atuam há 30 anos na rede, mas nunca tinham dialogado diretamente com o secretário de Educação.