Fiergs planeja novo evento na Europa

Ideia é realizar a ação logo após o Encontro Econômico Brasil-Alemanha, no mês de junho

Por Jefferson Klein

Empresários que participam da missão brasileira visitaram o estande da SAP e conheceram softwares de gestão da alemã Sunny Wang
A Feira de Tecnologia Industrial de Hannover se encerra nesta sexta-feira, entretanto a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) já projeta retornar, muito em breve, ao território alemão para expor as potencialidades do Rio Grande do Sul. A proposta é organizar um evento logo na sequência do 36º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de junho, na cidade de Colônia.
O mais recente Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) foi realizado no final do ano passado justamente na Fiergs, em Porto Alegre. A atividade é sediada um ano na Alemanha e outro no Brasil. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, foi, na quarta-feira a Düsseldorf, capital do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália (onde também está inserida Colônia), para tratar, com a pasta correspondente a um ministério de indústria e comércio, da possibilidade da realização do evento com empreendedores gaúchos. A meta, reforça o dirigente, é apresentar as vantagens que o Rio Grande do Sul possui para receber investimentos.
Entre os benefícios que devem ser divulgados estão o mecanismo de isenção tributária do Fundopem, a mão de obra qualificada formada por entidades como Senai e universidades bem classificadas no ranking nacional, além de bons hospitais e outros atrativos. O presidente da Fiergs diz que o modelo da proposta ainda será detalhado, e a perspectiva é de que o governo do Estado ingresse nessa iniciativa. A intenção é de que o evento dos empreendedores gaúchos aconteça na tarde do encerramento do 36º EEBA, ou no dia posterior, para aproveitar a concentração do público que participou desse encontro. Petry admite que o curto espaço de tempo para organizar a ação é um obstáculo que precisará ser superado para que o projeto se torne uma realidade.
Sobre a feira de Hannover, o presidente da Fiergs destaca a importância que, particularmente, a indústria alemã dá para o acontecimento. O executivo cita o fato de que o estande da Siemens é maior do que o do México (país escolhido como parceiro oficial do evento). "O alemão mostra o poder da sua indústria, expondo as novidades", argumenta. Na edição deste ano, o empresário ressalta a ênfase da junção da indústria com a eletrônica, que envolve o conceito da Indústria 4.0. Petry salienta, ainda, que é preciso analisar em que setores será possível aplicar essa metodologia.
Para o presidente da Fiergs, a Indústria 4.0 está direcionada para a produção em série, pois para a fabricação sob encomenda é mais difícil o aproveitamento dessa prática. Um equipamento que chamou a atenção de Petry foi uma impressora 3D que tinha capacidade para produzir itens como um motor elétrico, trabalhando com metal e não com plástico.
Na manhã desta quinta-feira, empresários que participam da missão brasileira tiveram a oportunidade de fazer uma visita ao estande da SAP. A delegação foi recebida pela funcionária da empresa alemã Sunny Wang, que demonstrou alguns produtos da criadora de softwares de gestão. Um dos artigos que foi apresentado para os empreendedores foi o Digital Twins. A tecnologia permite uma melhor coleta de dados de um sistema de produção, como a fabricação de garrafas, por exemplo, e otimizar o processo, possibilitando uma visão geral do projeto de uma forma virtual.

Internacionalização abre oportunidades para empresas

O receio ou a falta de informação podem ser obstáculos para que empresas do Brasil iniciem um processo de internacionalização. No entanto, o diretor executivo do Centro Brasileiro de Internalização e Negócios (Cebras), Paulo Henrique Boelter, afirma que essa iniciativa não é "um bicho de sete cabeças" e representa uma grande oportunidade para ampliar negócios.
O Cebras opera, entre outras funções, como uma incubadora e concede apoio para companhias brasileiras que desejam instalar unidades na Alemanha. "A internacionalização tem diversas fases, e a gente quer acompanhar todas as etapas, desde a inicial, de um lugar para se instalar, participar de uma feira e quebrar o problema da língua", argumenta Boelter. O advogado (o Cebras também presta auxílio jurídico) acrescenta que os procedimentos para a consolidação de uma empresa na Alemanha são muito mais fáceis do que no Brasil. Uma prova disso é a possibilidade de constituir uma companhia no país em menos de um mês. Outro destaque feito pelo advogado é que, ao implementar uma companhia alemã, abre-se a opção de conseguir crédito local para desenvolver o negócio, que tem uma taxa de juros de 2% ao ano.
Boelter sustenta que as empresas brasileiras precisam ter um posicionamento ativo no seu mercado-alvo. "É praticamente o que os alemães fazem no Brasil. Eles estabelecem uma firma, começam a trabalhar no mercado, e o brasileiro não consegue fazer isso, ele fica no cenário nacional, tenta fazer tudo por 'controle remoto', e não dá certo", alerta. O advogado ressalta que, ao se instalar na Alemanha, a companhia abre a porta para o mercado europeu como um todo.