Acordo comercial encaminhado em Hannover pode refletir no Brasil

Para Fiergs, acerto da União Europeia com o México reaquece tema envolvendo o Mercosul

Por Jefferson Klein

Comitiva gaúcha percorreu os estandes para conferir de perto as últimas novidades em automação
Se o tão esperado acordo de relações de livre comércio com a União Europeia não chegou ainda ao Sul da América, o acerto está perto de ocorrer no Norte, mais precisamente no México. O assunto deve ser concretizado em breve e foi o principal assunto durante o encontro da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, durante a feira de tecnologia industrial de Hannover. A perspectiva do consenso entre esses países anima as esperanças dos brasileiros presentes no evento na Alemanha, em especial a do presidente da Fiergs, Gilberto Petry, que o mesmo ocorra com o Mercosul.
Apesar de Merkel e Nieto encontrarem-se no domingo durante a cerimônia oficial de abertura do encontro em Hannover, a feira efetivamente começou para os quase 5 mil expositores ontem, dia em que o presidente da Fiergs (organizadora da missão de empresas brasileiras a Hannover) aproveitou para circular pelos corredores dos 27 pavilhões do evento. O conjunto desses espaços chega a cerca de 500 mil metros quadrados - o que é mais do que todo o parque da Redenção, em Porto Alegre.
Sobre o tema envolvendo México e Alemanha, Petry considera os avanços nesse campo como algo positivo e espera que o Mercosul siga o mesmo caminho. O empresário recorda que, no 35º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), realizado no ano passado, na capital gaúcha, os alemães manifestavam o interesse que o Mercosul acertasse logo o acordo com a União Europeia. "Se esperava que acontecesse até dezembro, e não ocorreu até agora, até por pressão dos Estados Unidos, segundo se consta, que quer atrapalhar as negociações", destaca.
De acordo com o presidente da Fiergs, um acordo entre União Europeia e Mercosul seria particularmente benéfico para o Rio Grande do Sul, devido à posição geográfica do Estado e aos produtos que a região apresenta vocacionados para exportação. Sobre o momento da economia nacional, o dirigente espera que, neste ano, comece uma retomada, mas faz a ressalva que a questão eleitoral, devido ao cenário de incerteza que acaba sendo gerado, é algo que preocupa.
Petry esteve de aniversário ontem, coincidentemente fazendo 70 anos, praticamente a mesma idade da feira de Hannover, iniciada em 1947. O empresário, que também é presidente da companhia Weco, visita o evento há mais de 30 anos. O mandatário da Fiergs salienta que na feira são apresentadas as grandes novidades industriais do mundo. O dirigente lembra que assim foi com a energia eólica, a computação e o hidrogênio como combustível, por exemplo.
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Evento apresenta oportunidades para diversos segmentos da economia gaúcha

Na edição deste ano do encontro em Hannover, é possível conferir tópicos como veículos elétricos e autônomos, robôs com elevado grau de precisão, softwares dos mais diversos tipos e, algo muito comum, os processos conectados em rede das mais diversas formas. O encontro é uma verdadeira "torre de Babel", na qual é possível ouvir os mais diversos idiomas.
O estande da delegação brasileira fica, por exemplo, ao lado do espaço do Tartaristão, um integrante da federação russa. Mas, como ocorre em outros acontecimentos internacionais, há alguns anos, a presença chinesa é maciça e um dos maiores destaques. Além de acompanhar as inovações nos estandes da feira, a delegação brasileira vai realizar visitas em unidades de empresas como Volkswagen, Mercedes-Benz e Benteler (que, entre outras atividades, atua na área de peças para o setor automotivo).
Os interesses das 24 empresas gaúchas que vieram acompanhando a missão são os mais variados. O diretor administrativo da AGST Controles e Automação, Christian da Fonseca Garcia, adianta que a meta é acompanhar o que está sendo apresentado hoje no mundo no setor tecnológico e analisar o que pode ser aproveitado de experiência para a empresa porto-alegrense.
Já a Doled, incubada na Universidade Regional do Noroeste do Estado (Unijuí), busca conhecimento de mercado. Operando no segmento de iluminação, o sócio-proprietário da companhia João Fernando Weber revela que está no plano de negócios começar a exportar alguns produtos e que a feira serve para colher mais informações. O sócio-diretor da DLR Automação, de Caxias do Sul, Rodrigo Dalongaro enfatiza que a feira tem foco na Indústria 4.0, a quarta revolução industrial, e que a ideia é melhorar a produtividade e a qualidade da empresa.