Partidos da base de Temer sinalizam apoio à candidatura de Rodrigo Maia ao Planalto

PP, PR e Solidariedade afirmaram que estarão ao lado de Maia na campanha

Por Folhapress

Rio de Janeiro - O presidente da Câmera dos Deputados, Rodrigo Maia, participa da segunda reunião do Observatório Legislativo da Intervenção Federal na Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro (Olerj), em Barra Mansa (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Partidos que formam a base do governo Michel Temer (PMDB) sinalizaram nesta quinta-feira (8) apoio à pré-candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao Palácio do Planalto. Durante convenção do DEM que lançou Maia à disputa de outubro, integrantes de PP, PR e Solidariedade -todos aliados de Temer- fizeram discursos com a mensagem de que têm "esperança" na candidatura do presidente da Câmara e que estarão "a seu lado" enquanto o deputado percorrer o país.
"Nós, do Partido Progressista, temos muita esperança em você, de você empenhar nossas bandeiras. Sei que você vai percorrer esse país e os progressistas estarão ao seu lado", disse o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), diante do líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Dirigente do SD, Paulinho da Força, por sua vez, disse que Maia precisava "unir esses partidos" e "representar o novo nas eleições". Logo depois, foi a vez do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), afirmar que seu partido via "com muita simpatia" a pré-candidatura de Maia, ponderando que é preciso "estreitar relações" antes de definir a posição da sigla para outubro.
O presidente da Câmara duela hoje com Michel Temer para formar um bloco partidário que possa dar sustentação a seus projetos políticos. Temer, que passou a acreditar em uma possível candidatura à reeleição, conta com armas como a liberação de emendas parlamentares e a nomeação para novos ministros após a reforma na Esplanada, prevista para março.
O PP de Ciro Nogueira hoje detém o Ministério da Saúde e negocia com Temer a manutenção da pasta. Ministros que vão concorrer às eleições, como é o caso do titular da Saúde, Ricardo Barros, devem deixar seus cargos até 7 de abril.
O presidente da República tem dito que só vai negociar as novas indicações com as siglas que se comprometerem com o seu projeto eleitoral, seja ele o da reeleição ou de apoio a um candidato governista, como o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
Presidentes de outras siglas da base de Temer, como PSC, PRB e PHS, também compareceram à convenção do DEM, mas foram mais discretos em seus pronunciamentos e evitaram mostrar apoio assertivo à pre-candidatura do deputado.
Aliados veem com certo ceticismo o lançamento de Maia à sucessão de Temer. Avaliam que ele está tentando se cacifar para, mais adiante, indicar um vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
Integrantes do PSDB também compareceram à convenção do DEM. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), por exemplo, discursou e disse não ter "certeza sobre o que acontecerá em outubro", mas insistiu que os tucanos, o DEM "e as forças de centro estarão reunidas para que o Brasil não caia nas mãos de políticas irresponsáveis".
Presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), também compareceu, no momento em que Maia disputa protagonismo com o Planalto. Falou por pouco mais de três minutos, e deixou o evento em seguida. Jucá defendeu a união para a "transição que continua" e defendeu o governo Temer, sem citar o nome do presidente.
"Todos nós temos que estar unidos nesta transição que continua. A eleição de 2018 vai decidir que rumo queremos para o Brasil, se vamos regredir ou continuar avançando", discursou o senador, que disse ainda que é preciso "buscar a maior e melhor construção política para dar seguimento a um rumo que já tomamos agora".
Maia tem dito que não será o candidato do governo e, recentemente, afirmou que, se Temer for candidato, disputará "até o fim" contra o presidente.

'Aceito sim o desafio de ser candidato a presidente da República', diz Maia

O presidente da Câmara dos Deputados reafirmou que o seu desafio será construir uma candidatura "viável" à Presidência da República até junho, quando acontecem as convenções partidárias. "Aceito sim o desafio de ser candidato a presidente da República", disse Maia, que hoje aparece com 1% nas pesquisas de intenção de voto.
Em seu discurso, o presidente da Câmara disse que vai trabalhar para formar alianças com outros partidos e que será um candidato que saberá "conversar com todos", "sem o antagonismo atrasado da direita e da esquerda".
Apresentando-se como uma opção da "nova política", Maia disse que decidiu lançar a pré-candidatura à Presidência depois de receber "apelos de lideranças políticas, empresários, trabalhadores para que lidere um projeto de renovação política".
"Só o voto de cada brasileiro será capaz de virar a página desses anos turbulentos. Só as urnas de outubro serão capazes de inaugurar um novo tempo. A tragédia que se abateu sobre o Brasil, crise econômica, corrupção, tudo isso precisa terminar", afirmou.
Maia propôs um "pacto" para "romper com o que há de velho e atrasado na política brasileira" e elencou como prioridades as áreas da educação, segurança pública e um projeto econômico baseado no equilíbrio fiscal. "Assumo desafio de fazer Brasil crescer de forma consistente e gerar emprego de qualidade. O ajuste fiscal é necessário para diminuir impostos e retomar investimentos públicos", disse.
Ele afirmou também que vai continuar defendendo a reforma da Previdência, pois, segundo ele, o sistema atual "beneficia os ricos". "Precisamos acabar com as distorções que existem no nosso País. Mantenho meu discurso de igualdade de direitos a todos os brasileiros."
O lançamento da pré-candidatura à Presidência de Maia faz parte de um projeto de renovação do DEM. O partido apresentou na convenção uma nova logomarca e um discurso de "centro", deixando para traz a velha roupagem da direita do PFL. "O mundo mudou, o Democratas também", foi o slogan da convenção.
O partido só teve candidato a presidente da República uma vez, em 1989, quando lançou o ex-ministro Aureliano Chaves na disputa.
No início de seu discurso, Maia brincou que a sua timidez muitas vezes era confundida por arrogância. "Um amigo me disse uma vez: 'Continue com o seu jeito meio estranho.' Eu sempre disse que eu tinha um jeito fechado, que às vezes passava por arrogância, mas é timidez."
O "jeitinho" de Maia foi tema de observação de outros nomes do DEM, como o senador Agripino Maia (RN) e o novo presidente da legenda, ACM Neto. "Você tem o seu jeito, que bom, não mude. Porque o Brasil está cansando de produtos de marketing político", afirmou o prefeito de Salvador.