A advogada Maia Lebedeff deixou emprego em escritório para montar o restaurante de culinária regional

Abre em Porto Alegre restaurante que serve bobó de charque


A advogada Maia Lebedeff deixou emprego em escritório para montar o restaurante de culinária regional

Você gosta de bobó de camarão? E se for de charque - a carne seca à moda gaúcha? E se for no restaurante Baru? Baru? Isso, o fruto do baruzeiro, uma árvore típica do cerrado brasileiro. Ficou com vontade? Então, aguenta aí que dia 3 de abril, amanhã, tem um novo negócio de gastronomia regional pintando em Porto Alegre.
Você gosta de bobó de camarão? E se for de charque - a carne seca à moda gaúcha? E se for no restaurante Baru? Baru? Isso, o fruto do baruzeiro, uma árvore típica do cerrado brasileiro. Ficou com vontade? Então, aguenta aí que dia 3 de abril, amanhã, tem um novo negócio de gastronomia regional pintando em Porto Alegre.
Antes de começar a servir as delícias inspiradas em cozinhas como mineira, nordestina, paulista e gaúcha/campeira, o Baru já testa as atratividades com o ambiente e fachada que podem ser conferidos na rua Gonçalo de Carvalho, nº 4, no bairro Floresta, que, entre os porto-alegrenses, pra lá de orgulhosos, é a rua mais bonita do mundo.
O que está dando um toque especial e diferente na região é a fachada do sobrado onde foi instalado o Baru. Os artistas Kelvin Koubik e Marcelo Monteiro, do estúdio Hybrido, grafitaram desenhos sore o fundo azul. Estão ali a baiana, o gaúcho típico vestido de bombacha, lenço vermelho e com cuia de chimarrão e itens que estarão no cardápio do restaurante. "As pessoas passam e tiram fotos", conta Maia Lebedeff, adorando a recepção. "Queria mesmo que essas faces do Brasil viessem a tona", diz Maia.
Outro detalhe importante. Por que Baru? "Antes que me perguntem 'porque não um fruto típico daqui?', explico: os que eu queria já existiam. E queria um nome chiclete, que grudasse", explica a advogada que, por 16 anos atuou com Direito Tributário e de um mês para outro virou dona de restaurante. Ok, não foi bem assim. Mas para as comidinhas começarem a sair das panelas de barro direto para a mesa dos clientes foi preciso que a advogada fosse abduzida. Por dois anos, Maia teve vida dupla.
De dia dava expediente em um escritório especializado na área tributária. E de noite e fins de semana, saiam as regras da legislação tributária de cena, as regras de arrecadação, para entrar viandas, pratos feitos, eventos gastronômicos. E haja resistência!
Maia na verdade é o nome que Tamara Lebedeff decidiu adotar na nova fase - o apelido de casa e entre amigos ganhou personalidade na formação pela escola do Instituto Gastronômico das Américas (IGA). Tudo começou em 2012, foram dois anos de formação, com aulas semanais. "Saía correndo do escritório e ia para as aulas. Era puxado, mas queria isso", conta.
CLAITON DORNELLES /JC

Entre a advocacia e a gastronomia 

Em 2015 e 2017, Maia passou ter vida dupla profissionalmente. Mantinha o emprego, mas complementava sua jornada com eventos que ela fazia em parceria ou sozinha, fez marmitas e refeições para o café de uma amiga. "Tava muito cansativo, aí decidi que ia mesmo para a culinária, para ter meu próprio restaurante. Comecei a juntar grana, vendi meu carro e fui atrás de locais." Maia conseguiu uma "investidora anja", que aportou recursos para conseguir montar o Baru. "Quando achei o sobrado, me apaixonei, vi que seria ali."
Mas antes de partir para o projeto solo, a advogada e agora profissional de gastronomia foi para o Sebrae, fez curso e teve acompanhamento de consultores para montar o plano de negócio do restaurante, desde o tipo de cozinha, mercado da Capital e todo fluxo de gestão - financeira, fornecedores, pessoal e etc. "Ideia inicial era ter uma casa cultural, com exposição e eventos, mas isso foi mudando.Vi o mercado, a concorrência e também viajei para Belo Horizonte para conhecer restaurantes de cozinha regional. E ali descobri que era o que eu queria fazer: ter uma casa com a comida de várias regiões." O restaurante também fugiu do modelito hamburgueria-japonês-italiano da cidade.
CLAITON DORNELLES /JC

Bobó de charque é carro-chefe

O Baru está prontinho, com mobiliário instalado nos dois pisos do sobrado, decorado com paleta de cores cuidadosamente selecionada e ainda papéis de parede com estampas de vestidos característicos de vestidos do regionalismo. "Acho que o ambiente ficou bem aconchegante."
Maia vai usar panela de barro para elaborar os pratos, para dar o gostinho e preservar a rusticidade da casa. O cardápio vai ter bobó de charque, que é o carro-chefe, pela miscigenação - bobó (de camarão) mais a carne defumada da gastronomia gaúcha. E vai ter, entre pratos e ingredientes, arroz de carreteiro, vaca atolada, moqueca baiana, feijão tropeiro, torta capixaba, mocotó, acarajé, dadinho de tapioca, carne seca, jerimum, pequi, bolinho de feijoada... E, sim, o baru, que é a castanha do baruzeiro, estará nos quitutes.
O espaço acomoda 30 pessoas. O serviço será de bufê livre (R$ 24,00) e a quilo (R$ 54,00), com 10 pratos quentes, saladas e sobremesas. A casa vai abrir de segunda-feira a sábado, das 11h30min às 14h, para almoço, e das 16h às 19h, para café com opções de doces típicos. O restaurante abre com três funcionários, mas a proprietária. Maia não descarta testar a abertura nos domingos.