Empreendedores faturam a partir do entusiasmo que algumas pessoas alimentam por personagens de quadrinhos e animação

Paixão por animes movimenta mercado em Porto Alegre


Empreendedores faturam a partir do entusiasmo que algumas pessoas alimentam por personagens de quadrinhos e animação

Animes são desenhos em animação ou quadrinhos de origem japonesa que possuem narrativas construídas em diversos gêneros. Apesar da grande popularidade com o público infanto-juvenil, o estilo de desenho capta, também, fãs adultos, o que movimenta a economia. 
Animes são desenhos em animação ou quadrinhos de origem japonesa que possuem narrativas construídas em diversos gêneros. Apesar da grande popularidade com o público infanto-juvenil, o estilo de desenho capta, também, fãs adultos, o que movimenta a economia. 
Seguidores de longa data do estilo de desenho, os irmãos Rafael Dei Svaldi, 42 anos, e Guilherme Dei Svaldi, 34, são sócios e proprietários da Nerdz, tradicional loja que comercializa jogos de cartas, miniaturas, mangás, pelúcias de personagens, roupas com estampas e, mais recentemente, uma linha de pijamas e meias. O estabelecimento fica na rua Sarmento Leite, nº 627, no Centro Histórico de Porto Alegre, e tem uma filial em Curitiba.
A loja, além de ser um espaço especializado para os apreciadores de animes e cultura nerd, é também um refúgio. Como consumidor da cultura, Rafael garante que um dos diferenciais do espaço é proporcionar a interação entre pessoas com interesses nos mesmos personagens e jogos. "Durante a semana, o pessoal vêm e faz o happy hour aqui", afirma.
LUIZA PRADO/JC
Além disso, Rafael caracteriza o local como extensão das redes sociais. Alguns eventos organizados por frequentadores ocorrem por ali mesmo. "Aqui se formam os grupos de jogos, assim como amizades", diz.
O estabelecimento passou por diversos segmentos antes de virar o que é hoje. Primeiro, foi butique. Depois, locadora de jogos. Até 2015, chamava-se Jambô, quando, por motivos administrativos e de marketing, os sócios decidiram separar as marcas, mantendo Jambô como editora e a Nerdz como varejo.
A explicação do nome Nerdz é sútil. "É o que nós somos", brinca Rafael, citando que o termo já teve tom pejorativo. "Hoje, virou socialmente aceito ser nerd", completa.
LUIZA PRADO/JC
Com a separação das marcas, houve também a reformulação do espaço e da fachada. No total, foram investidos cerca de R$ 100 mil. A Nerdz possui, inclusive, um salão de jogos, ao lado, que comporta 77 pessoas sentadas. "No salão, os produtos são de consumo rápido, como cartas, protetores para cards, peças, além de lanches e bebidas (nada alcoólico)", explica Rafael.
Os jogos de cartas que mais movimentam o consumo são Magic e os animes Yu-Gi-Oh! e Pokémon TCG. O acesso ao Salão de Jogos é gratuito - exceto em eventos que possuem premiação. A Nerdz (www.facebook.com/Nerdz.etc) funciona todos os dias, com variação de horários.

Lute como um personagem

Imagine aprender a fazer golpes de heróis de desenhos animados. Essa é a proposta da South Wrestling Union (SWU), grupo de luta livre que realiza shows em ringues, eventos multitemáticos e em feiras de anime em Porto Alegre.
O negócio, criado em 2012, é administrado por Ismael Goulart, 26 anos, Eduardo Goulart, 23, Mateus Martinbianco, 27, André Machado dos Santos, 27, e Mário Medeiros, 32. A empreitada veio após a experiência dos meninos na equipe Titãs do Ringue, formada pelos antigos lutadores de Telecatch conhecidos entre 1960 e 1980. Com participação em seminários e estudos, eles desenvolveram ainda mais a prática de forma profissional.
As referências usadas vêm de lutadores dos Estados Unidos, México e Japão. "Um estilo mais desenvolvido em questão de acrobacias, golpes pesados", descreve Ismael.
Com investimento de R$ 6 mil, eles compraram um ringue de boxe usado e o reformularam. "Investimos dinheiro para adaptá-lo", conta Ismael.
MARIANA CARLESSO/JC
A SWU realiza eventos próprios, com apoio de patrocinadores. "A maioria dos lutadores gosta do estilo japonês, com o uso de golpes marciais", avalia. Esse fator faz com que a performance se torne atração diferenciada em festivais de cultura japonesa.
Para se ter uma ideia do que envolve, um espetáculo move uma equipe de 30 pessoas, de técnicos a narradores.
Para as aulas, conhecimento prévio de artes marciais é bem-vindo, mas, Ismael garante, leigos podem participar. O estilo é democrático. "Qualquer pessoa, de qualquer porte físico, pode vir", garante o instrutor.
Na apresentação cênica das lutas, todos golpes são verdadeiros, porém ensaiados, com apelo teatral de construção dos personagens. "O público precisa estar próximo, comprar a história", justifica.
Os treinos são realizados na academia Bio Fit, na rua Siqueira Campos, nº 944, no Centro. O investimento é de R$ 50,00 mensais, com direito a dois treinos semanais, nas quartas-feiras, das 19h30min às 21h30min, e aos sábados, das 10h às 14h.

Eventos como forma de reunir os fãs e gerar negócios em cadeia

Imersão no universo dos animes e da cultura coreana é o que Rafael Brum Estran, 26 anos, formado em Marketing e idealizador do Anime Buzz, acredita que atraia o público. O evento semestral é realizado pela Ninja Produtora, empresa de entretenimento.
Rafael conta que, na adolescência, frequentava esse tipo de atividade com amigos. "Assistíamos a animes e jogávamos muito videogame, até que um dia percebemos que era um mercado carente de experiências imersivas satisfatórias e resolvemos começar nosso evento de fã para fã", conta.
Assim, em 2010, foi lançada a primeira edição do evento, na cidade de Canoas. Com o passar do tempo e aumento das proporções, foram realizadas edições na Capital.
FREDY VIEIRA/JC
Desde 2017, ele organiza o evento sozinho. Antes, contava com um sócio.
Além do Anime Buzz, que, segundo o empreendedor, é o principal meio de lucro e difusão da marca, foram realizados o Animeme, voltado a cultura Meme, e concursos de K-POP, estilo de música pop coreana. Neste ano, ocorre a 5º edição do Evento K-Buzz, unindo a cultura pop coreana e anime.
A monetização deste tipo de evento é feita por meio de venda de ingressos, patrocínios e apoiadores. Para expor na feira, as empresas precisam estar regularizadas e passam por avaliação.
"Se (a empresa) já foi parceira de outras edições, fica mais fácil para fechar. Caso seja a primeira vez, tentamos buscar referências de outros eventos que já participaram", esclarece o empreendedor.
O público médio do evento é de 10 mil pessoas por dia e, em agosto, acontece o maior evento, junto ao Festival do Japão do Rio Grande do Sul, com uma média de 50 mil pessoas nos dois dias.
Desde 2012, a entrada é isenta mediante doação de 1kg de alimento não-perecível. "O público estava num momento de reclamações com eventos da região devido a valores abusivos, isso fortaleceu e muito a proximidade com o Anime Buzz", considera.
A 13ª edição do Anime Buzz acontece no próximo fim de semana, nos dias 17 e 18 de março, das 10h às 19h, no Sesc da avenida Protásio Alves, nº 6.220, no Alto Petrópolis, na Capital. Estão programadas a participação de mais de 20 lojas comerciais; concursos de cosplay; arena de games; arena de card-games; shows e grupos de danças; salas temáticas; artist alley; espaço aberto com locais para fotografias; gincanas; e food trucks.
Caravanas movem pessoas de diversas cidades do interior do Estado, como Camaquã, Caxias do Sul, Feliz e São Sebastião do Caí. Os valores de transporte variam entre R$ 35,00 e R$ 100,00, dependendo do ponto de origem.
Mais informações através do site www.animebuzz.com.br.
JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
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FREDY VIEIRA/JC