Dois certos filés de congro

Uma coisa ótima em Porto Alegre no verão é a facilidade em conseguir mesa em restaurantes

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prato do dia foto 1
Uma coisa ótima para quem está em Porto Alegre no verão é a facilidade em conseguir mesa em restaurantes. Até nos superconcorridos almoços dominicais do Iaiá Bistrô, na Zona Sul, se consegue reserva uma hora antes, sem problemas. Não é uma questão de conforto, serviço ou preços - estes são realistas -, mas de cozinha do Iaiá, que é boa mesmo.
O menu oferece possibilidades, raras por aqui, da culinária brasileira: moquecas, vatapá, bobó de camarão, filé de pirarucu. Desta vez, o destaque em nossa mesa foi esse filé de congro da primeira foto, grelhado em crosta de amendoim, castanhas do Pará e de caju, ao molho de tamarindo, sobre purê de mandioquinha - uma delícia, por R$ 78,00, pedimos logo dois.
Mas, com criança em casa, é forçosa uma ou outra escapada ao mar. Após o Carnaval, voltamos a Garopaba, reino de boas peixarias e, claro, ao Bistrô 77, encravado em frente à praia, no Centro. Tem um bonito bufê de entradas e acompanhamentos - falta identificar alguns pratos -, que custa R$ 33,00 e basta para muita gente.
Não para nós: investimos em lindíssimos filés de congro ao creme de espinafre, em porção dupla, por R$ 160,00 - na segunda foto está apenas a metade. Quem pede a la carte ganha direito ao bufê, então recuperei todo o peso perdido em longas partidas de futebol de areia. E fi-lo alegremente, a cada quilo, em ambas as situações.
Vamos ficar por aqui, antes que surja algum novo Jânio em outubro.

três perguntas para Pascal Marty

Ele possui uma invejável história ligada ao vinho, iniciada por sua formação em Bordeaux como engenheiro-agrônomo e enólogo, em 1982. Por 14 anos, foi winemaker da Baron Philippe de Rothschild, depois desenvolveu ousados projetos vitivinícolas pelo mundo, até radicar-se no Chile, onde foi CEO da Almaviva e criador de famosos rótulos. Atualmente, dedica-se a sua própria vinícola - Viña Marty - e mantém algumas poucas e selecionadas consultorias em alguns países. Na quarta-feira, comandou um jantar no Plaza São Rafael e apresentou lançamentos que explicam suas frequentes visitas à serra gaúcha.
1. Que projeto o tem trazido ao Rio Grande do Sul?
Cuido de reposicionar a marca Peterlongo no mundo vinícola, que ela integra há mais de um século. É o tipo de trabalho que demanda tempo, que já desenvolvi para outras casas ao longo de minha trajetória, com gratificantes resultados.
2. A Peterlongo tem forte tradição em espumantes...
E continuará tendo, mas agora aliada ao que estamos fazendo com relação a vinhos finos. Trazemos ao mercado dois novos rótulos, nos quais apostamos - Teroldego e Touriga Nacional -, já tínhamos um bom Sauvignon Blanc e nossos espumantes
3. O que vem depois?
O objetivo maior é chegar a um vinho ícone brasileiro, mas isso ainda vai levar alguns anos.

Mais um veraneio em Porto Alegre - parte 2

Esse ar de cidade pacata que Porto Alegre exibe no verão inevitavelmente me remete a uma Capital que conheci há décadas, quando ainda se almoçava em casa, ou em restaurantes com toalhas alvíssimas às mesas, garçons vestindo summer, maîtres de smoking e menus a la carte.
A lembrança mais antiga: levado por meu pai, guardo vagas recordações do Capri e do Ghilosso, ambos em frente à Praça da Alfândega. Depois conheci os lanches da Pelotense, mais tarde os categorizados restaurantes do Plazinha, do Citi Hotel - aí em uma idade que já me permitia escolher o que iria pedir naqueles cardápios da época, com dúzias de acompanhamentos diferentes para as mesmas preparações de filés, por exemplo.
O Ghilosso pertencia ao seu Aurélio. Anos depois, vim a conhecê-lo, eu ainda universitário e trabalhando como repórter, ele na condição de ecônomo do bar da Redação, sepultado junto às oficinas do jornal e, que trabalhava. Lembro-me de tomar cafezinho ali com o Alfredo Fedrizzi, que descia da rádio, e com tanta gente que conheci no meio.
Bons tempos. Melhor ainda ter 20 anos!