Economia do Rio Grande do Sul encolheu 4,6% em 2015

Dado oficial, divulgado nesta quinta-feira, mostra que Produto Interno Bruto caiu mais do que o apurado anteriormente

Por Guilherme Daroit

Com maus resultados na indústria e no comércio, que sentiram os impactos da paralisação nos investimentos e da queda na confiança do consumidor por conta da recessão nacional, o Rio Grande do Sul teve um dos piores resultados econômicos em 2015. Em volume, o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho encolheu 4,6% naquele ano, terceiro pior resultado do País (que, como um todo, sofreu uma queda de 3,5% em 2015), e a maior redução desde 1995, quando a economia gaúcha encolheu 5%.
O cálculo definitivo da movimentação da economia estadual em 2015 foi divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). Embora divulguem estimativas iniciais a cada trimestre, há um espaço de cerca de dois anos para a apuração do resultado definitivo. A estimativa inicial do PIB gaúcho para 2015, aliás, havia sido mais otimista, projetando, à época, uma redução de 3,4%.
"Esse foi o momento mais agudo do impacto da recessão nacional no Estado, principalmente no segundo semestre", analisa o coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, Roberto Rocha. Na primeira metade de 2015, comenta o economista, ainda havia um atenuante com a grande safra de grãos. No ano, como um todo, a agropecuária apresentou crescimento de 9,5% - quando analisada apenas a agricultura, o desempenho foi ainda melhor, com uma expansão de 13,9%, o que ajudou a amenizar as perdas nos outros setores.
Estados com mais participação do campo em sua estrutura, inclusive, como Mato Grosso do Sul (-0,3%), Tocantins (-0,4%) e Mato Grosso (-1,9%) tiveram resultados melhores do que a média nacional. "Os mais atingidos foram aqueles onde o setor industrial tem maior importância", comenta Rocha, citando o caso de Amazonas, que caiu 5,4%, e o próprio Rio Grande do Sul. No caso gaúcho, o setor secundário sofreu ainda mais pelo perfil das fábricas, mais voltadas a setores como o metalmecânico e o de transporte, que apresentaram grandes quedas no ano pela paralisação nos investimentos com a crise nacional.
Outras situações de 2015, como o aumento do desemprego e da inflação, puxada pelo reajuste dos preços administrados e pela desvalorização cambial, também trouxeram prejuízo aos serviços. O setor encolheu 3,7% no Estado naquele ano. Quando visto apenas o comércio, entretanto, a queda foi ainda maior, de 9,4%. "É sinal de uma atitude mais defensiva do consumidor, que sabia que poderia perder o emprego, além da queda de renda pela inflação e alta no dólar", explica Rocha, que acrescenta como causa ainda a restrição no crédito.
Em termos nominais, o PIB gaúcho chegou a R$ 382 bilhões em 2015, o que, por incrível que pareça, aumentou a participação do Estado no PIB brasileiro, de 6,2%, em 2014, para 6,4%, mantendo a quarta posição entre as unidades federativas
O PIB do Brasil em 2015 foi de R$ 5,996 trilhões. São Paulo somou R$ 1,940 trilhão, seguido por Rio de Janeiro (R$ 659 bilhões) e Minas Gerais (R$ 519 bilhões). Os três estados com menor atividade econômica foram Roraima (R$ 10,354 bilhões), Acre (R$ 13,622 bilhões) e Amapá (R$ 13,861 bilhões).
"Em volume, o Rio Grande do Sul caiu mais do que o País, mas nossos preços aumentaram mais, compensando a queda", explica Rocha. Tanto os preços agrícolas quanto a própria desvalorização cambial, que aumentam o valor para os exportadores do campo e mesmo de setores da indústria, ajudaram nesse sentido.
Em valores per capita, o Estado atingiu R$ 33.960,36, valor 15,8% maior do que o PIB por pessoa brasileiro, que ficou em R$ 29.326,33. O Estado ficou em quinto lugar nesse critério, atrás de DF, São Paulo, Rio e Santa Catarina, ganhando uma posição em relação a 2014.
 

PIB recuou em todos os estados em 2015 pela primeira vez, revela IBGE

Todos os estados brasileiros registraram queda no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 ante 2014, segundo os dados das Contas Regionais, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a primeira vez que todas as unidades da federação registraram queda no PIB em um mesmo ano desde o início da série histórica das Contas Regionais, iniciada em 2002.
O PIB de São Paulo, que respondeu por 32,4% do total do País, recuou 4,1%, acima da média nacional de 3,5%, conforme o dado definitivo. Em 2014, São Paulo respondeu por fatia um pouco maior (32,4%) do PIB total, mas, desde o início da série histórica, a perda é de 2,5 ponto percentual. Em 2002, São Paulo respondia por 34,9% do PIB brasileiro.
Outros estados com grande peso no PIB também foram destaque de queda. O PIB de Minas Gerais recuou 4,3% em 2015 ante 2014. O PIB do Rio de Janeiro encolheu menos do que a média nacional, com recuo de 2,8%. Juntos, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná responderam por 64,7% do PIB nacional.
O pior desempenho regional ficou com o Amapá, que viu seu PIB tombar 5,5% em 2015. O melhor desempenho ficou com o Mato Grosso do Sul, cujo PIB encolheu apenas 0,3%. Logo em seguida veio Roraima, com perda também de 0,3%.