Analistas apontam fim da recessão na indústria

De janeiro a setembro, apenas dois meses teve variação negativa no indicador

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Setor automotivo aproveitou a valorização do dólar em razão da crise para vender na América Latina
A produção industrial brasileira teve alta pelo quinto mês consecutivo. Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira, mostrou que, em setembro, a produção da indústria teve alta de 2,6% em relação a igual período do ano passado. Após início de ano errático, com altas seguidas de quedas até abril, a indústria passou a uma trajetória de altas seguidas. Na comparação de setembro com agosto, a alta foi de 0,2%. Em nove meses deste ano, apenas dois meses apresentaram variação negativa na comparação com o mês imediatamente anterior.
Também em setembro, o País registrou marcas significativas que levaram analistas a falar em fim da recessão na indústria. A alta da produção no acumulado em 12 meses foi de 0,4%, o que encerrou ciclo de 39 meses de quedas consecutivas. A última alta nessa base acumulada havia sido em maio de 2014. Apesar da melhora, o País está longe de recuperar as perdas nos últimos três anos. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) só sentiu os efeitos da crise em 2015 e 2016, a indústria já vinha em queda desde 2014.
O nível da produção atual, de acordo com o IBGE, está equivalente de 2008. Para efeito de comparação, a indústria teve quedas de 3%, 8,3%, 6,4% em 2014, 2015 e 2016, respectivamente. Nos nove primeiros meses deste ano, a alta é de 1,6%. A previsão da LCA Consultores é de alta de 2% neste ano. "Digamos que descemos 10 degraus nos últimos três anos e estamos subindo um. É uma melhora, que tecnicamente tira a indústria da recessão, mas não recupera perdas", disse Everton Carneiro, analista da RC.
De acordo com o economista Rodrigo Nishida, da LCA, a indústria entrou nos últimos cinco meses em "trajetória mais firme de recuperação". Ele também advoga a tese de que a recessão no setor está no retrovisor. Nishida explica que a melhora da indústria, muito concentrada no início do ano em setores voltados para as exportações, começa a dar sinais mais forte de recuperação no mercado interno.
É o caso da indústria automotiva, que aproveitou a valorização do dólar em razão da crise para vender carretas, caminhões e veículos principalmente a mercados na América Latina no início do ano. Agora, as vendas diretas no Brasil estão se recuperando, ainda que lentamente. Na comparação de setembro com igual período do ano passado, a produção de automóveis teve alta de 26,4%, o que impulsionou a produção de bens de consumo duráveis (alta de 16,2%).
Os bens de capital também tiveram alta, de 5,7%. O grupamento é considerado um termômetro dos investimentos por ser composto por máquinas destinadas à produção. Na outra ponta, a construção civil continua a amargar perdas (-0,3%). "É uma recuperação lenta e gradual", afirmou André Macedo, técnico da Coordenação da Indústria do IBGE.

Balança comercial bate recorde para meses de outubro com US$ 5,2 bi

A balança comercial brasileira teve superávit de US$ 5,2 bilhões em outubro, o que representa um recorde para o mês desde o início da série histórica do governo, em 1989. O resultado representa também o nono recorde mensal consecutivo. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). De janeiro a outubro, o saldo entre exportações e importações tem superávit de US$ 58,5 bilhões. Trata-se do maior superávit da série histórica, tanto para os 10 primeiros meses do ano quanto para anos fechados.
Ao todo, as exportações no mês de outubro totalizaram US$ 18,9 bilhões, com valor médio de US$ 989,9 milhões. Já as importações somaram US$ 13,7 bilhões, com média diária de US$ 651,2 milhões. As exportações representam o quatro maior valor para meses de outubro, e as importações ocupam o oitavo maior resultado para o mês.
De acordo com o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações da Secex, Herlon Brandão, a expectativa de superávit para ano foi ampliada de aproximadamente US$ 60 bilhões para cerca de US$ 65 bilhões a US$ 70 bilhões. "Isso se justifica pelo desempenho das exportações. Temos US$ 30 bilhões a mais, com desempenho positivo de vários produtos, como a soja, minério de ferro, produtos siderúrgicos, tanto de volume, como de preços das exportações."
De acordo com o Mdic, o destaque da balança comercial no mês de outubro ficou por conta com exportação de minério de ferro, com crescimento de 59,9%; produtos semimanufaturados de ferro e aço (89%); máquinas e aparelhos para terraplanagem (127,5%); produtos laminados para ferro e aço (132,4%), e farelo de soja (45,4%).
As maiores reduções foram na venda de aviões (-US$ 57,3%), café cru em grão (-US$ 18,1%), tubos flexíveis de ferro ou aço (-US$ 30,5%), óleos combustíveis (-US$ 41,6%) e couros e peles (-US$ 11,9%). Já nas importações, o destaque foram os bens de capital, que tiveram alta pelo terceiro mês consecutivo.
 

Estudos de concessão de aeroportos são autorizados

Oito consórcios foram autorizados, nesta quarta-feira, a iniciarem estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental nos 13 aeroportos qualificados, em agosto passado, pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), para serem concedidos à iniciativa privada. De acordo com o edital, os estudos dos consórcios selecionados terão os valores ressarcidos pelos futuros vencedores dos leilões de concessão. O estudo de viabilidade selecionado do bloco de aeroportos do Nordeste terá o valor máximo de ressarcimento de R$ 30,7 milhões e incluem os terminais do Recife (PE), de Maceió (AL), Aracaju (SE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa e Campina Grande (PB).
Para o bloco de Mato Grosso, composto pelos aeroportos de Cuiabá, Rondonópolis, Alta Floresta, Sinop e Barra do Garças, o limite para ressarcimento do estudo técnico será de R$ 22,8 milhões. Para os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ), o valor é de R$ 11,5 milhões. Os 13 aeroportos poderão ser concedidos à iniciativa privada individualmente ou em bloco, decisão que será tomada de acordo com o resultado dos estudos apresentados.
Os grupos autorizados terão prazo de 120 dias para a elaboração e conclusão dos estudos ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação, que servirão para subsidiar a modelagem das concessões dos aeroportos.