Irrigação sofre entraves no Estado

Excesso de burocracia na instalação de pivôs e para uso de recursos hídricos e problemas com fornecimento de energia rural são limitadores do avanço

Por Thiago Copetti

Rio Grande do Sul tem apenas 75 mil hectares de lavouras sob irrigação
Boas precipitações sobre a lavoura nos últimos três anos, excesso de burocracia na instalação de pivôs e para uso de recursos hídricos e problemas com fornecimento de energia rural são limitadores do avanço dos negócios com irrigação. Presidente do Clube de Irrigação da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), João Augusto Telles elenca esses três fatores como itens que freiam os investimentos no segmento, atualmente. "O ritmo é de espera e os custos da próxima safra serão altos. No momento, não vejo nenhum fator que deva estimular significativamente o setor", admite Telles.

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Manejo do solo irrigado garante maior produtividade

O avanço tecnológico em áreas de irrigação com emprego de estações agrometeorológicas e sensores de temperatura climática, aliado ao correto manejo do solo e armazenamento de água, vêm garantindo produtividade no campo acima de 30% em relação a áreas de plantios convencionais. O segmento que atua na automação irrigada atingiu crescimento médio anual de 15%.
O Estado disponibiliza tecnologia de ponta e assistência técnica aos produtores para manejo de culturas. Além da inovação em técnicas de gotejamento, localizada ou por aspersão, engenheiros agrônomos estão obtendo alto desempenho em lavouras irrigadas a partir da rotação de culturas. A eficiência no manejo do solo com redução de erosão hídrica e capacidade de infiltração de água nos solos agrícolas degradados estabelece um padrão de rentabilidade no campo. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater-RS Edemar Valdir Streck, que coordena o projeto de Manejo de Recursos Naturais dentro do Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água, o manejo do solo garante lucratividade em até 30% com custos de energia e melhor produtividade na lavoura.
Mas a prática tem que estar ajustada ao armazenamento de água, sobretudo em áreas de cultivo e próximo a mananciais (superficiais ou subterrâneos) para se obter ganhos de fertilidade. "Para ter resultados positivos, seria a partir de uma escala de quatro e cinco anos, com um mínimo de cobertura de solo aumentando a diversidade de culturas", explica Streck.
A aprovação da Lei Estadual de Irrigação nº 14.328 de 2013 estabeleceu parâmetros, objetivos, diretrizes e instrumentos para a expansão da agricultura irrigada e trouxe a possibilidade do uso e reúso múltiplo da água, de maneira permanente, visando à conservação e a potencialização da produção. Para o secretário da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, Fabrício Vieira Juntolli, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é preciso um alinhamento mais próximo das políticas empregadas neste segmento. "Precisamos fortalecer as políticas e centralizar as decisões em uma só direção", afirma.