Dia dos Pais deverá ter um tíquete médio menor

CDL avalia que desembolso com presentes será de R$ 125,00

Por Carolina Hickmann

Na Via Veneto, movimento está mais fraco, afirma Rodrigo Teixeira
A marca do Dia dos Pais, que acontece no próximo domingo, para o varejo gaúcho, será a mesma das últimas datas comemorativas: a crise. De acordo com levantamento da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) em conjunto com o Sindilojas, o tíquete médio por presente para a data, neste ano, será de R$ 125,00, ou seja, 8,3% menor na comparação com 2016. O montante movimentado deve girar em torno dos R$ 24 milhões na economia da Capital e Região Metropolitana.
Na avaliação do presidente da CDL, Alcides Debus, o valor é considerável graças à maior relevância da data junto às famílias. "Vivemos uma nova cultura, os pais, mesmo que separados, ficam mais próximos dos seus filhos", avalia. O levantamento aponta que pais da Geração Y querem ampliar seus vínculos familiares, o que acarreta em um maior número de famílias trocando presentes.
Mesmo assim, o dirigente lembra que a confiança do consumidor ainda está sendo afetada pela instabilidade política, mas lembra que a data é bastante significativa por abrir o calendário de eventos que movimentam o comércio no segundo semestre. Da mesma maneira pensa o presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Vilson Noer, ao afirmar que o segundo semestre comporta, grosso modo, outras três datas relevantes: o Dia das Crianças, a BlackFriday e o Natal.
Os lojistas, por outro lado, ainda não sentiram a movimentação da data e mostram-se apreensivos. "No mesmo período do ano passado, a loja tinha arrecadado R$ 90 mil; este ano, temos apenas R$ 59 mil", lamenta o subgerente da Via Veneto do shopping Praia de Belas, Rodrigo Teixeira. A pesquisa da CDL revela que, como de costume, 57,2% vão se preocupar com o presente nesta semana, a última antes da data.
Os clientes da loja Spirito Santo, também do Praia de Belas, agiam da mesma maneira. A procura pelos produtos tradicionalmente vendidos pela loja, da linha "tal pai, tal filho", eram procurados apenas timidamente.
A surpresa ficou por conta da procura por brinquedos vintage, produzidos pela marca Estrela, como Banco Imobiliário e Detetive em suas versões originais. Só a Del Turista do shopping zerou os seus estoques de boneco Falcon e tem encomenda de 13 bonecos para a data.

Para Fecomércio-RS, pior da crise econômica já foi superado

O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, acredita que o pior da instabilidade financeira já foi superado. "Já não há mais expectativa de demissão por parte dos trabalhadores", comemora. Em sua avaliação, o País está "caminhando de lado", o que permite a projeção de crescimento real de 1,5% no mês de agosto graças ao Dia dos Pais, mas impede que esse número seja mais significativo.
O levantamento da entidade leva em consideração a taxa de desocupação no Estado (9,10%), crescimento da massa real de salários (3,10%), intenção de consumo das famílias (75,1 pontos), nível de comprometimento da renda com dívidas (19%), taxa de juros à pessoa física ao ano (63,80%), inadimplência de pessoa física (5,93%) e inflação em 12 meses (2,82%).
De qualquer maneira, Bohn projeta que somente a estabilidade política pode devolver ao varejo os bons ventos que antecederam a crise econômica. Para o presidente, até mesmo a manobra realizada para cumprir a meta fiscal, que elevou o preço dos combustíveis, não foi benéfica para a festividade. "A derrapada que o governo deu, com relação do aumento do PIS/Cofins, não ajudou o momento", afirma, ao lembrar que valores gastos com combustíveis podem diminuir a quantia desempenhada com a data.