País teria de investir R$ 292 bilhões para melhorar rodovias

Melhoria exige recursos equivalentes a 13,6 vezes o atual orçamento do Ministério dos Transportes, diz a CCR

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Muitas obras sofrem atrasos ou são paralisadas por escassez de dinheiro no orçamento do ministério
O Brasil precisa de um investimento de R$ 292,54 bilhões para melhorar as condições das estradas e consequentemente reduzir custos na hora de escoar e transportar produtos. A estimativa foi apresentada, na semana passada, pela concessionária CCR RodoNorte, no 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, em Curitiba.
Segundo a concessionária, seriam necessários R$ 57,08 bilhões para recuperação das rodovias, R$ 137,13 bilhões para duplicações, e R$ 98,33 bilhões para retomada da expansão da malha brasileira. O valor total equivale a 13,6 vezes o orçamento do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, de R$ 21,5 bilhões para este ano, de acordo com dados do sistema de Transparência Orçamentária da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A CCR Rodonorte é responsável, no Paraná, por 487 quilômetros de estradas que formam o corredor de escoamento de alguns dos principais polos de produção agrícola e industrial do estado. O sistema abrange a BR-277 e a BR-376, que ligam Curitiba a Ponta Grossa e às principais cidades no Norte do estado; e a PR-151, entre Ponta Grossa e Jaguariaíva.
"Temos esses gargalos todos estudados. O Ministério dos Transportes têm soluções definidas. O que falta é dinheiro", afirmou o diretor-presidente CCR Rodonorte, José Alberto Moita. "Precisamos de espaço para investir em infraestrutura. Com certeza, o futuro desse País depende da agregação de valor nesses modais", acrescentou.
As rodovias são o principal meio de transporte e escoamento de produtos brasileiros. Somente no escoamento da produção brasileira de grãos, em média, são responsáveis por 61% do transporte, o restante fica a cargo de ferrovias, com 21%, e hidrovias, com 18%. Consideradas separadamente as principais rotas de escoamento, na região Norte, as rodovias respondem por 66% do transporte; no Sudeste, por 55%; e no Sul, por 72%.
Mesmo assim, o País ocupa a 111ª posição no ranking de qualidade das rodovias, divulgado no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial. Segundo a pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em 2016, a maior parte das estradas brasileiras recebeu a classificação como regular (34,6%), ruim (17,3%) ou péssima (6,3%). Apenas 30,2% são classificadas como boas e 11,6% como ótimas.
A maior parte dos investimentos em rodovias vem do setor público, que, em 2016, investiu R$ 8,609 bilhões, em 53.943 quilômetros, o que corresponde a 56,1% do total da malha rodoviária. Já o setor privado investiu R$ 6,745 bilhões em 19.031 quilômetros. Levando em conta o valor e a quilometragem construída, o setor privado pagou pouco mais do que o dobro do setor público por cada quilômetro.
Em paralelo à melhoria das rodovias, é preciso também melhorar as ferrovias, segundo o diretor Regulatório e Institucional da Rumo (empresa que administra 12 mil quilômetros de malha ferroviária no RS, SC, PR, SP, MT e MS), Guilherme Penin. Para inverter a importância das ferrovias em relação às rodovias - para que as ferrovias sejam responsáveis por 70% dos transportes, e as rodovias, por 30% -, seria necessário passar do atual crescimento de 1,5 milhão de toneladas transportadas por ano para 7,5 milhões de toneladas.
Entre outros benefícios, o transporte ferroviário permitiria um incremento de R$ 1 bilhão, de acordo com os cálculos da Rumo, relativos à redução da emissão de gases poluentes. Além disso, seria possível uma economia de R$ 11,4 bilhões gastos em outros modos de transporte de carga.

Governo libera R$ 128,5 milhões para a pavimentação da BR-163/PA

O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação anunciou a liberação de R$ 128,5 milhões para a pavimentação de 65 quilômetros da rodovia BR-163/PA, uma das principais vias de escoamento de milho e soja da região Centro-Oeste do País.
A previsão é de que a pavimentação do trecho entre as cidades paraenses de Novo Progresso e Igarapé do Lauro seja finalizada até dezembro de 2018. A obra será executada pelo Exército e deve começar no mês de setembro.
Segundo o ministério, após a conclusão deste trecho, ainda faltará pavimentar 115 quilômetros dos 955 quilômetros da rodovia entre Santarém (PA) e a divisa com o Mato Grosso. Trinta e cinco quilômetros ficam entre Vila Planalto e o Entrocamento BR-230, onde um consórcio de empresas contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já iniciou os trabalhos de asfaltamento. Os outros 80 quilômetros ficam próximos a Miritituba (PA) e só devem ser concluídos depois de 2018.
A BR-163 é uma das principais vias de ligação entre o Centro-Oeste e alguns dos terminais portuários do chamado Arco Norte, como Santarém e Miritituba, no Pará. O asfaltamento da rodovia federal até Santarém está previsto desde maio de 2007, quando foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1, com previsão de conclusão para 2010.
O mau estado de conservação da BR-163 e de outras rodovias que compõem o sistema Arco Norte, como a BR-158 e a BR-364, vem atrasando investimentos em infraestrutura que poderiam favorecer o escoamento da produção agrícola e ajudar a desafogar o fluxo de veículos pesados rumo aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). No primeiro trimestre deste ano, o tráfego de caminhões foi interrompido devido aos atoleiros formados pelas fortes chuvas que atingiram a região Norte.
O ministro dos Transportes, Portos e Aviação (MT), Maurício Quintella, garantiu, na semana passada, que o governo federal mobilizará todos os esforços necessários para garantir que o escoamento da safra de 2017/2018 aconteça sem problemas.
"Em fevereiro passado, nós garantimos ao País que a BR-163/PA estaria em condições muito melhores a partir do escoamento da safra 2017/2018. Não foram só palavras. As obras que já estamos fazendo na região e a transferência desses recursos para o Exército tornam essas palavras concretas", afirmou Quintella.