Financiamentos de carros registram alta neste ano

Otimismo no mercado deve ser visto com cautela, dizem especialistas

Por Tatiana Prunes

Na Panambra, representante da Volkswagen, 61% das vendas em junho foram feitas por meio de crédito
De acordo com dados levantados pela B3 - empresa resultante da fusão entre BM&FBovespa e Cetip - a venda de veículos através de financiamento, entre novos e usados, avançou 7,4% no primeiro semestre do ano, sobre o mesmo intervalo de 2016, encerrando com a comercialização de 2.425.796 unidades, entre carros leves, motos e pesados. É o segundo crescimento nesse tipo de comparação - em maio, a alta foi de 10,1%, a primeira desde fevereiro de 2014.
Os veículos usados lideram a modalidade de compra financiada. O volume de vendas cresceu 14,6% de janeiro a junho deste ano.
Em junho, houve crescimento de 6,9% nas vendas total a crédito em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já em relação a maio de 2017, foi registrada queda de 5,8%.
Fontes do mercado apontam uma série de fatores como responsáveis pela confiança que levou tantos consumidores a contraírem uma dívida adquirindo um carro através de financiamento, e que inflaram os números de vendas nesta categoria nos últimos meses. Entre os fatores estão a liberação do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), os sinais de melhora na economia, a queda nos juros e uma "esperada estabilização política". De qualquer forma, a recomendação de especialistas da área é que os consumidores tenham prudência, porque o momento ainda é de cautela.
Ainda que se considere que os bancos e financeiras criem, de alguma maneira, obstáculos para o acesso ao crédito, a Panambra, revenda da Volkswagen, registrou 61% do total dos veículos comercializados em junho por acesso ao crédito. Dessa forma, os financiamentos na concessionária tiveram aumento de 7% sobre o mesmo mês de 2016.
"Hoje, a análise para liberar um financiamento é bem complexa, envolve histórico, experiência, capacidade de endividamento, ou seja, todos os recursos para se chegar no score do cliente", comenta a gerente de vendas da Panambra, Magda Carvalho.
De acordo com a executiva, as taxas flutuam entre 0% e 2,4% ao mês, dependendo da entrada e do prazo. A necessidade crescente de mobilidade, no entanto, incentiva as compras, muitas vezes para negócios como Uber e Cabify. O aumento das vendas no segundo semestre dependenderá da estratégia de cada concessionária.
"Acreditamos na confiança do consumidor e em uma flexibilidade por parte do sistema financeiro que, apesar de conviverem com a inadimplência, venham a proporcionar atrativos e perspectivas a médio e longo prazo para o nosso público", afirma Magda.
 

Concessionária dribla oscilação do mercado com programa de fidelização

O resultado do aumento das vendas através de financiamento, na CarHouse, está mais ligado ao programa Ciclo Toyota do que ao comportamento do mercado. Esse programa é um financiamento direto ao consumidor, feito pelo Banco Toyota, que estimula a fidelização do cliente.
"Não observamos um aumento de forma tão expressiva. Temos um programa somente para o carro zero, que é o Ciclo Toyota. O efeito de crescimento da comercialização sob a configuração de financiamento bancário tem relação estreita com o programa, que, naturalmente, faz os negócios acontecerem, pois apresenta muitas vantagens", afirma o gerente-geral da CarHouse, Ricardo Rocco.
Do total de emplacamentos da CarHouse, os financiados representam 40%, e, desse montante, 20% são realizados por conta do Ciclo Toyota. A modalidade é flexível na escolha do prazo, e esse é o grande motivador do financiamento dos carros do grupo.
Quanto às expectativas para os próximos seis meses é que se mantenha o que historicamente acontece. "Sazonalmente, o segundo semestre é sempre melhor para o mercado de automóveis, apresentando uma grande procura, e, para a Toyota, esperamos que não seja diferente", aponta Rocco.

Revenda da Fiat comemora aumento de resultados

Na San Marino, houve crescimento nas vendas sob a forma de financiamento nos meses de maio e junho, se comparado com abril deste ano. "A comercialização só não está melhor pela recusa dos bancos em financiar a aquisição de veículos", lamenta o gerente de vendas de novos e seminovos da concessionária da Fiat, Nélio Azeredo dos Santos.
Conforme o gerente da San Marino, a quantidade de contratos bancários na empresa não aumentou, mas houve um crescimento de 10% no faturamento, gerado por financiamentos de maior valor. "Os bancos fazem uma análise muito minuciosa e rigorosa da vida pregressa do cliente. Se a pessoa já esteve na Serasa ou tenha efetuado pagamentos de dívidas com atraso, já gera um empecilho, e o banco não libera", reforça Santos.