Ricardo Gruner
Os fãs que forem ao Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80) na sexta-feira assistirão a uma banda que não quer se repetir. A atração é o veterano grupo Titãs, que completa 35 anos e traz a Porto Alegre o show
Uma noite no teatro. Com formato inédito, o espetáculo pode ser conferido às 21h - até o fechamento desta edição, havia ingressos por valores a partir de R$ 180,00. A comercialização online ocorre através do site
www.ingressorapido.com.br.
Os Titãs vinham do sucesso de crítica e público Nheengatu (disco de 2014) quando, no ano passado, Paulo Miklos deixou a banda. Agora, da formação clássica, ficaram apenas Branco Mello, Sergio Britto e Tony Bellotto. São os três que capitaneiam os momentos mais curiosos da apresentação deste fim de semana - a qual é separada em segmentos.
Eles destacam um set acústico, em trio, e também tocam, individualmente, algumas canções que estão há tempo fora do repertório da banda. Já em trechos elétricos, a execução de clássicos tem reforço dos outros dois instrumentistas que completam a escalação atual dos Titãs: Beto Lee, guitarrista do grupo desde 2016, e Mario Fabre, que assumiu as baquetas em 2010 como músico de apoio e foi efetivado no cargo no ano passado.
"Há algum tempo, nós andamos fazendo alguns shows em teatros com repertório absolutamente elétrico e percebemos uma certa inadequação", afirma Britto, explicando a ideia de dividir o espetáculo em diferentes momentos. Ao todo, conta, são 27 músicas - talvez 30, dependendo do bis.
A ideia do projeto era promover algo distinto dos shows que os fãs se acostumaram a ver. "Eu canto Enquanto houver sol só no piano", exemplifica o artista, completando: "Tony toca Isso, uma música dele que ele nunca tinha cantado, em uma guitarra semiacústica; e Branco faz Toda cor sozinho ao violão".
No palco, o trio ainda destaca três inéditas: 12 flores amarelas, Me estuprem e A festa. Esse "miolo", como Britto se refere à parte menos convencional do show, inclui uma parte cenográfica com projeções que antecipam a próxima incursão dos Titãs. O plano do grupo é lançar, na segunda metade de 2018, uma ópera rock. Cerca de 25 músicas foram escritas para o projeto, que terá apoio de Hugo Possolo e Marcelo Rubens Paiva na dramaturgia.
"O trabalho de composição nós já fizemos. E a trama está feita, temos um script. Agora precisamos começar a arranjar todas as músicas, definir o roteiro. É uma coisa complexa", comenta Britto. Conforme ele, ainda há dúvidas de como colocar o trabalho no mercado. "O natural seria gravar primeiro, mas talvez nós queiramos mudar isso. Talvez já lançar com um show e filmá-lo... Ainda não definimos a maneira, só que queremos fazer algo diferente". Se Nheengatu pinta um retrato do Brasil, a ópera deve representar uma virada de página - abordando outros assuntos. Quais, entretanto, ainda são segredo.
Neste sentido, Beto Lee e Mario Fabre desempenham um papel importante. Os dois participaram do processo de composição. Segundo Britto, na parte dos arranjos, aos poucos a sonoridade da banda vai mudando de acordo com o material agregado pelos dois integrantes mais novos. "Os dois têm muita experiência e estão sabendo se adequar, entendendo essa medida. Temos uma marca.", expõe o músico. "Por sermos uma banda que tem tantos anos de carreira, é interessante essa renovação, esse frescor. Sempre procuramos isso, mesmo quando a formação era fixa", define.
Enquanto o projeto para 2018 está em fase de estudo e desenvolvimento, os Titãs seguem alternando-se entre o show convencional e Uma noite no teatro. Nos próximos meses, a agenda do grupo inclui até presença no gigantesco Rock in Rio, em setembro, na capital carioca. Os brasileiros se apresentarão no dia 23, curiosamente no mesmo dia do The Who - cujo currículo inclui as óperas rock Tommy (1969) e Quadrophenia (1973).