Miguel Reale Júnior pede sua desfiliação do PSDB

Ex-ministro é a primeira baixa da sigla após decisão de apoio a Temer

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Jurista Miguel Reale Júnior se diz cansado de vacilações do partido
O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior pediu a desfiliação do PSDB após o partido decidir ficar no governo do presidente Michel Temer (PMDB). Foi a primeira baixa importante na legenda depois da decisão.
O jurista, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), afirmou que não tem condições de ficar num partido que "relativiza" a questão ética.
"Não me sinto confortável em ficar num partido que permanece no governo Temer mesmo depois de todos os fatos revelados. Não dá para relativizar a questão ética. Participei de momentos importantes do partido. Mas cansei de vacilações. Espero que o muro do PSDB seja bastante grande para que o partido se enterre nele", desabafou o jurista.
Miguel Reale Júnior disse, ainda, avaliar que não é correto o PSDB usar como argumento para permanecer no governo Temer a necessidade de aprovação das reformas. "O partido usa o discurso das reformas como desculpa. O PSDB poderia apoiar as reformas mesmo fora do governo", disse Reale Júnior, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ele também criticou o partido pelo fato de ainda não ter recorrido da decisão do Tribunal Superior Eleitoral que rejeitou cassar a chapa Dilma-Temer. O pedido de cassação da chapa foi apresentado pelo PSDB ainda em 2014. "O PSDB deveria ter recorrido dessa farsa", concluiu Miguel Reale Júnior.
 

Tasso Jereissati não vê movimentação de 'debandada'

O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse não ver uma movimentação de "debandada" do partido depois que a sigla decidiu manter apoio ao governo, em reunião realizada nesta segunda-feira.
"Eu não acredito, não, foi ponderado (saída do partido), e nenhum deputado, durante a reunião, falou em sair do partido", disse o tucano.
O partido se reuniu nesta segunda e decidiu pela permanência na base do presidente Michel Temer enquanto a agenda de reformas tiver prosseguimento. "O partido ficou unido, todos se comprometeram a seguir."
Jereissati disse, contudo, que a executiva do PSDB deve se reunir na semana que vem para definir o calendário de uma convenção. Após o licenciamento do senador Aécio Neves (MG) do comando da sigla, Jereissati assumiu interinamente, mas um novo presidente deve ser eleito em breve. Para que isso ocorra, é preciso que Aécio deixe o cargo. Embora tenha dito que o PSDB não vai sair do governo agora, Jereissati reconheceu que será feito um "monitoramento diário" sobre a situação do governo.
Ao fim da reunião de segunda, o presidente da sigla disse ter sido voto vencido na decisão do PSDB e falou em "constrangimento" pelo fato de permanecer na base de um governo que, segundo ele, teve dinheiro de "corrupção" para se eleger em 2014.