Garrafas retornáveis atraem consumidores

Indústria e produtores de cerveja reinventam métodos para os clientes

Por Carolina Hickmann

Sustentabilidade no envase de cervejas na Beer On Demand. Na foto: Rodrigo Grossini
Em tempos de conscientização sobre sustentabilidade, as embalagens retornáveis conquistam cada vez mais espaço em um mundo que se encaminha para o maior consumo. No segmento das cervejarias, a tendência não é diferente. De acordo com a Nielsen (empresa de pesquisa de consumo), de 2013 a 2015 mais de 850 mil famílias passaram a consumir a bebida no domicílio. O movimento motivou investimentos por parte da indústria, além de criar um novo modelo de negócio.
Com isso, voltaram à cena das cervejarias os growlers, garrafões de vidro que permitem enchimento na pressão. O recipiente permite que chopes artesanais sejam levados para casa e conservem a qualidade original. O CEO do clube de descontos e distribuidora dos vasilhames My Growlers, Rodrigo Fernandes, comenta os três pilares que movem o negócio: democratização de preços, já que o cliente paga somente pelo líquido; estímulo da economia local, pelos chopes vendidos serem regionais; e sustentabilidade; pela reutilização de um casco sem processo de descarte. "É um novo hábito de consumo e fornecimento", avalia Fernandes, que tem 150 clientes no País, dos quais 30 estão no Estado.
Um deles é o bar Beer On Demanda (BOD), localizado na Cidade Baixa. Diferentemente dos outros bares cadastrados, o BOD foi inaugurado tendo como modelo o take away com growlers (pegar para levar, em tradução livre). Nesse sistema, desde sua abertura em setembro, sua média mensal de comercialização é de 2 mil litros de chope. Os growlers são vendidos cheios por R$ 99,00 e R$ 59,00, nas versões de 2 e 1 litro, respectivamente - as recargas custam R$ 30,00 e R$ 49,00. "Quanto maior o volume, menor o preço por litro", explica o empresário Rodrigo Grossini.
O bar vende a bebida em outros recipientes que não os growlers, mas adverte que sem o envase apropriado o produto deve ser consumido no mesmo dia, sob pena de perda de qualidade. "Aqui é a cerveja que tu quer, do tamanho que tu quiser e para levar para casa", comenta o empresário Rodrigo Grossini, lembrando a variedade de tipos de cervejas disponíveis no estabelecimento. O carros chefe, explica Grossini, é a India Pale Ale.

Modelo é mais barato e sustentável

Pesquisa realizada pela cervejaria Ambev mostra que 70% dos entrevistados perceberam que as garrafas retornáveis são a opção mais barata. Além disso, 21% deles consomem esse tipo de vasilhame pelas suas vantagens sustentáveis. A troca de prioridades do público, então, não alterou somente o plano de negócios de bares e cervejarias locais. A companhia de bebidas investiu recentemente R$ 1,5 milhão para facilitar a troca de garrafas retornáveis.
Foram desenvolvidas máquinas de coleta que permitem a troca de garrafas de vidro. O consumidor deposita os cascos vazios e retira um ticket que exime o pagamento do próximo vasilhame. Assim, as cervejas ficam entre 20% e 30% mais baratas. Mais de 900 máquinas de coleta estão espalhadas por supermercados no País. Até o fim do ano, a empresa espera que esse número passe de 1,4 mil. No Rio Grande do Sul, a novidade está presente em 24 supermercados de 10 municípios.