Embraer negocia venda de cinco KC-390 para Portugal

Novo cargueiro deverá substituir os aviões C-130 Hércules que operam no país europeu a partir do ano que vem

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Avião de transporte de cargas e de tropas está em fase de testes até 2018, quando começam a entregas
O governo de Portugal começou as negociações finais para a compra de cinco jatos cargueiros KC-390, da Embraer, com opção de aquisição para mais um avião. O pacote inclui o fornecimento de um simulador de voo para instrução das tripulações, mais peças, componentes, documentação técnica e treinamento de equipes de suporte em terra. O Conselho de Ministros de Portugal aprovou a resolução que autoriza o encaminhamento do futuro contrato com a empresa brasileira.
O valor da encomenda e os prazos de entrega serão definidos nas próximas semanas, de acordo com o ministro português da Defesa, Azeredo Lopes. As aeronaves vão substituir a frota de seis C-130H Hércules, norte-americanos, operados pela Força Aérea portuguesa em missões de transporte pesado, resgate e socorro.
Os valores da compra não foram revelados, mas são estimados entre 350 milhões e 480 milhões, com financiamento de longo prazo. A operação faz de Portugal o primeiro cliente internacional da Embraer no programa do novo KC-390. A Embraer Defesa e Segurança (EDS) não comentou a operação comercial.
Em Lisboa, os analistas destacaram que a aquisição promoverá um salto de qualidade na aviação militar, mas terá dificuldades para superar as restrições orçamentárias: os recursos destinados à Defesa em 2017 são de 218 milhões. As compras totais de material militar estão limitadas a 250 milhões.
Segundo Lopes, os gastos serão feitos em parcelas, durante vários anos, o que permitirá a compatibilização com o orçamento. O ministro revelou que o governo considera um modelo por meio do qual os custos podem ser rateados entre diversos serviços de administração pública interessados no avião. A Embraer tem instalações industriais nas portuguesas Alverca, e em Évora. Seções inteiras da aeronave sairão dessas fábricas.
Com 35,2 metros de comprimento, duas turbinas, 4.815 quilômetros de alcance e capacidade para até 23 toneladas de carga, o KC-390 é o maior avião já desenvolvido no Brasil. Mais de 50 empresas brasileiras participam do projeto, que conta ainda com a parceria da Argentina, de Portugal e da República Checa.
O compartimento de carga do avião tem 18,54 metros de comprimento, 3,45 metros de largura e 2,95 metros de altura. O espaço é suficiente para acomodar equipamentos de grandes dimensões, além de, no viés militar, blindados, peças de artilharia, lançadores de foguetes e aeronaves leves semimontadas.
O avião também pode transportar até 80 soldados equipados ou 64 paraquedistas em uma configuração de transporte de tropas. O peso máximo para cargas é de 23 toneladas. Como reabastecedor, o KC-390 será capaz de transferir combustível em voo para aviões e helicópteros.
O voo inaugural, em fevereiro de 2015, marcou o início da fase de testes dos dois protótipos, prevista para durar até 2018, quando devem começar as entregas, informou a Embraer. Em maio de 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) assinou o pedido de aquisição de 28 aeronaves.
A FAB receberá sua encomenda ao longo de 12 anos. Com valor total de R$ 7,2 bilhões, o contrato prevê o fornecimento de um pacote de suporte logístico, que inclui peças sobressalentes e manutenção. "O KC-390 será a espinha dorsal da aviação de transporte da Força Aérea Brasileira", disse o comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato.
Na FAB, os cargueiros KC-390 deverão cumprir todas as missões atualmente realizadas pelos norte-americanos C-130 Hércules, como transporte de tropas e de carga, lançamento de paraquedistas, busca e combate a incêndios, remoção de feridos e ações humanitárias.
Para isso, o avião deverá ser capaz de pousar em pistas sem asfalto e operar em ambientes que vão do frio glacial da Antártica até o calor da Amazônia. O uso de turbinas a jato permitirá alcançar uma velocidade de até 870 km/h. O C-130 Hércules alcança até 671 km/h.

Iata põe em dúvida benefícios da privatização de aeroportos

O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Alexandre de Juniac, afirmou recentemente que a privatização das infraestruturas aeroportuárias não gerou os benefícios prometidos em muitos países, entre eles, Brasil, Índia, França e Austrália.
"As concessionárias fazem dinheiro, o governo fica com uma fatia e as companhias aéreas pagam a conta, e geralmente é uma conta cara", afirmou Juniac, durante a 73ª Assembleia-Geral anual da entidade, realizada em Cancún, no México. "Os passageiros e a economia local sofrem com os resultados de custos mais elevados."
Para Juniac, ao privatizar infraestruturas críticas, os governos devem ter uma regulação econômica forte, o que deve contar com a colaboração de autoridades e do mercado. "É a única maneira de balancear a necessidade dos investidores por lucro com as necessidades da comunidade por conectividade mais eficiente em termos de custo."
O diretor da Iata ainda afirmou que a atual infraestrutura aeroportuária em operação no mundo mal consegue lidar com a demanda por passageiros, fazendo com que investimentos para expansão sejam urgentes.
O cenário mais crítico, segundo Juniac, é visto na Europa, onde a atual infraestrutura aeroportuária será capaz de acomodar apenas 88% da demanda esperada para 2035. Ele afirma que outros países do mundo também sofrem com problemas semelhantes, com gargalos sendo verificados na Tailândia, Austrália, Estados Unidos, México e Brasil.
A associação de transportes aéreos revisou para cima suas estimativas de lucro líquido para a indústria neste ano. Agora, a Iata prevê que, em conjunto, as companhias aéreas globais vão lucrar US$ 31,4 bilhões, acima da projeção anterior, que era de US$ 29,8 bilhões. Quanto à receita líquida, a Iata também está mais otimista. A associação estima que as empresas do setor fecharão 2017 com receita total de US$ 743 bilhões.