Alunos incentivam preservação

Prêmio Jovem Cientista foi entregue pela Assembleia Legislativa em junho

Por Samuel Lima

Sulzbach, Luyhana e Maria Eduarda (na foto com o deputado Edegar Pretto) obtiveram as primeiras colocações
De madeira e resina largamente utilizadas na indústria, a espécie de pinheiro Pinus elliottii também é considerada uma espécie invasora no País, pelas características de fácil dispersão e crescimento desenfreado que comprometem a biodiversidade. A simples presença dela provoca contaminação biológica, secando lençóis freáticos e alterando a composição físico-química da água - que tem por consequência a redução da fertilidade do solo. Além disso, as substâncias que escorrem desse tipo de pinheiro impedem o crescimento de culturas agrícolas e plantas nativas. "É uma grande praga!", afirma a estudante Maria Eduarda de Almeida, 18 anos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado (IFRS).
Natural de Maquiné, município do Litoral Norte gaúcho e inserido no contexto da Mata Atlântica, Maria Eduarda é, desde criança, apaixonada pela preservação ambiental e natureza. Foi isso que a inspirou a criar, no ano passado, um projeto de investigação dentro do instituto que resolvesse o problema da contaminação ambiental do Pinus elliottii, desenvolvendo um extrato aquoso com folhas de aroeira-vermelha que inibe a germinação das sementes do pinheiro.
O custo de produção é de R$ 1,80 por litro, quantidade esta capaz de inibir o crescimento de 5 mil sementes. O trabalho rendeu a ela o primeiro lugar na Mostratec 2016, feira de ciência e tecnologia realizada anualmente pela Fundação Liberato, em Novo Hamburgo, e também o Prêmio Jovem Cientista 2017, entregue pela Assembleia Legislativa do Estado desde 2009, ao lado de outros dois jovens com ideias inovadoras e talento para as colocar em prática.
Um deles é Arthur Henrique Sulzbach, 17 anos, estudante do Colégio Santo Antônio, em Estrela. O quarto dele virou um laboratório em 2011, quando estava no 6º ano do Ensino Fundamental. Apaixonado pelo estudo de briófitas na escola, começou a raspar os muros próximos, tirar os musgos e criar em casa. "Era uma coisa bem experimental mesmo, o quarto cheirava a água sanitária", conta o estudante. Aos poucos, conheceu melhor a área de micropropagação de plantas, técnica usada em laboratórios de universidades e centros de pesquisa, e a produção caseira de mudas in vitro aumentou exponencialmente. Hoje, ele cultiva de 20 a 25 mil mudas em um espaço protegido de 15 metros quadrados no pátio.
Todo o trabalho não foi em vão. Recentemente, Sulzbach teve o insight de acelerar o processo de recuperação de áreas ambientais degradadas pela ação humana por meio da introdução estratégica de uma espécie de orquídea, a Cattleya intermedia, muito usada para fins ornamentais. O objetivo é reduzir em até 40% o tempo que uma área leva para atingir o equilíbrio do ecossistema, por conta das interações que a orquídea promove com fauna e flora da região. "Ela atrai abelhas, por exemplo, fornecendo o néctar, e esta faz a polinização. A abelha atrai um predador, um passarinho por exemplo, que atrai um gavião, e a cadeia vai seguindo", explica o aluno.
Sulzbach começa a colocar em prática a proposta em uma área de meio hectare no município, de posse da família, que teve a mata nativa derrubada há 150 anos pelo pentavô para introdução de pastagem para pecuária e que está há cerca de 18 anos em recuperação ambiental. "Estou analisando agora qual a melhor maneira de implantar as mudas, para formular um protocolo. O projeto vai desde a produção até a implantação", conta ele, que ficou na segunda colocação no Jovem Cientista. Desde o ano passado, o jovem recebe mentoria em um programa da ONG Cientista Beta. "A pesquisa abre horizontes", diz.

Prêmio Jovem Cientista 2017

1º Lugar: Maria Eduarda Santos de Almeida
Projeto: BioPatriam: preservação da biodiversidade através de planta nativa brasileira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Osório (RS)
2º Lugar: Arthur Henrique Sulzbach
Projeto: Aceleração do processo de recuperação de áreas antropicamente degradadas com plantas da espécie Cattleya intermedia
Colégio Santo Antônio – Estrela (RS)
3º Lugar: Luyhana Costa Gessi
Projeto: Tampão metálico ajustável para poço de visita em vias públicas
Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha – Novo Hamburgo (RS)

Projeto de estudante dá solução para desníveis em vias públicas

Luyhana Gessi, 20 anos, estudante da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo, inspirou-se em um recorrente problema urbano para criar um projeto que já chamou a atenção de prefeituras gaúchas. Um dia, enquanto dirigia pelas ruas cidade, viu um motociclista passar distraído por um desnível na rua, por conta de um poço de visita (bueiro), e se desequilibrar, quase causando um acidente. Aproveitou então o conhecimento do curso de mecânica para criar um tampão com altura ajustável, que resolveria rapidamente o problema. O mecanismo tem como base um sistema de parafusos e porcas e foi desenvolvido e testado em software.
Além de trazer riscos a motoristas e pedestres com o desnível em relação à rua, o modelo convencional também demanda longos períodos para ajuste, além de estar sujeito a furtos de material elétrico, vandalismo, descarte incorreto de lixo dentro do poço e o furto da própria tampa - o que é evitado com a tampa ajustável pela presença de trava de segurança. Luyhana conta que várias pessoas ficaram interessadas pelo projeto na Mostratec, onde conquistou o primeiro lugar em Engenharia Mecânica. "Me formo no final do ano, e projeto é uma coisa que está dentro de mim. Quero fazer um curso que facilite o desenvolvimento", conta a estudante, que cogita patentear a ideia e a vender a empresas.